Nayara Pereira
Tido como promissor para 2016, o mercado para os pecuaristas que investem na exportação foi um dos destaques durante mais um Encontro Regional de Pecuária de Corte, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) em parceria com os respectivos Sindicatos Rurais (SRs). Na noite desta quarta-feira (16) foi a vez dos produtores da cidade de Jussara receberem o médico veterinário, especialista em mercado do boi gordo e analista de mercado, Rodrigo Albuquerque.
Responsável pela palestra “Cenário Econômico e Perspectivas para a Pecuária de Corte” e pela afirmação que deixou alguns pecuaristas esperançosos em meio à crise econômica e política que assola o país, Rodrigo foi enfático ao afirmar que “2016 será um bom momento para a exportação”. Mas segundo o analista tudo dependerá da cotação do dólar. “O funcionamento do mercado é simples. O consumidor pressiona o consumo, valorizando o mercado de carne no mundo todo. Com isso, preços internacionais ficam em alta, como vem ocorrendo, num ambiente inflacionário”, ressaltou.
De acordo com o analista, o Brasil terá este ano 123 países como destino da carne bovina, mas terá venda concentrada em sete países, sendo os Estados Unidos como carro chefe da carne brasileira. “Acredito que o mercado terá boas perspectivas para a exportação, principalmente porque tanto pecuaristas quanto os frigoríficos buscaram mais versatilidade para a carne bovina”.
Mas nem só de exportação vive o setor. O analista apresentou e destacou que o ano também será de eficiência e imprevisibilidade. Para isso, a palavra de ordem é investir em tecnologia e produtividade tanto para suprir o mercado internacional quanto nacional. “Os preços atrativos e as perspectivas de mercado pressionam por investimentos no setor que resultarão em aporte tecnológico. Com todas as pressões por qualidade e eficiência, a opção para atender a oferta é tecnológica, haja vista que a área para a produção agropecuária deverá aumentar no futuro, mas num ritmo bem inferior do que o observado em anos anteriores, incorporando o uso do sistema Integração-Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) ou Integração-Lavoura-Pecuária (ILP)”, apontou Rodrigo Albuquerque.
Informações para dentro da porteira
Relativamente representativa na pecuária de corte goiana – onde contabiliza-se 361 milhões de cabeças de gado, Jussara acumula um percentual atrativo para o mercado da pecuária. E em busca de ampliar os números do município, o produtor José Passos, saiu do evento satisfeito. “Achei a abordagem do palestrante muito interessante. Rodrigo trouxe dados atualizados, o que não encontramos na maioria dos eventos da área. A apresentação de experiências pessoais dele também contribuíram muito, pois traz os dados para nossa realidade. A divisão e uma abordagem exclusiva para a fase do setor foi diferenciada”.
Assim como nas outras seis cidades por onde o evento passou, o objetivo da Faeg foi discutir maneiras de se produzir mais carne em uma área cada vez menor. Além disso, desafios como o aumento da produtividade, a melhoria na gestão da propriedade e a intensificação de investimentos na profissionalização da equipe, foram debatidos durante a noite em Jussara.
O presidente do SR de Jussara, Orion Caetano, também esteve no evento e fez questão de destacar a importância da iniciativa. “Além de mostrar a representatividade do município, o evento é um meio de fortalecer o produtor e, consequentemente, a classe. No Brasil o produtor é penalizado por tudo. Precisamos de defensores e entidades que defendam quem produz”. Ele aponta a falta de informações na área técnica como a principal lacuna da atividade. “Precisamos procurar melhoras no setor por meio da tecnologia. Temos que quebrar esse paradigma que existe de que o novo não é bom e usar as novidades ao nosso favor”, destacou o presidente.