Murillo Soares
Nesta segunda-feira (18), Jataí deu a largada na sétima edição dos Seminários de Comercialização de Grãos organizados pela Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e os Sindicatos Rurais (SR). Produtores e autoridades locais se reuniram no Salão de Eventos da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município. Segundo Vitor Geraldo Gaiardo, vice-presidente do SR, este é o momento adequado para se analisar o mercado, já que muita mercadoria ainda não foi comercializada. “No Brasil, é fácil produzir, mas comercializar é outra história”, sublinhou.
Reni Franco, vice prefeito de Jataí e secretário municipal da Agricultura, ressaltou que, principalmente no sudoeste goiano, a Agropecuária é alavanca chave na economia. “É o que nos está segurando na crise”, disse. Ainda destacou que os produtores têm alta produtividade e tecnologia, mas faltam informações de mercado. “Todos sairemos daqui mais seguros e mais decididos”, finalizou.
O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, complementou a ideia dos convidados. Segundo ele, de 2014 para 2015, a agropecuária passou de 43% de toda a exportação para 48%. “Nós geramos superávit na balança comercial, mas não somos uma ilha”, alertou. “Hoje somos uma única laranja boa dentre várias ruins, que são os outros braços da economia do Brasil”, afirmou. Ele chamou a atenção para a importância de eventos como estes seminários, pois leva aos produtores informações que os levarão a colher uma boa safra. “O sucesso do produtor reflete na sociedade como um todo”, completou.
Mercado e suas porcentagens
Este ano, os Seminários de Comercialização de Grãos terão como palestrante Pedro Dejneka, consultor de Agrobusiness que atua na Bolsa de Chicago, nos Estados Unidos. Durante sua fala, Pedro tratou de vários assuntos pertinentes a quem produz e vende grãos, a maioria deles ligados ao mercado internacional. Um dos assuntos mais comentados foi a alta do dólar que, segundo os produtores, leva a prejuízos e custos mais altos. Dejneka rebateu, mostrando que, para o Brasil, um país de exportação, o dólar em alta é uma vantagem. “Vocês estão tendo mais custo, porém vendendo a preços mais altos. Isso deve ser considerado como algo positivo”, disse.
Ele ainda acalmou os produtores, rebatendo incertezas quanto a clima, demanda e produtividade. “Clima é importante, mas não é tão importante quanto era em outrora”, afirmou. Para Dejneka, a tecnologia mudou e tem ajudado bastante o produtor a driblar problemas climáticos. Sendo assim, mostrou dados e previsões – segundo ele, baseadas em fatos, “não em bola de cristal” – de boas safras em um cenário não favorável, em termos de clima.
“Caso o clima seja favorável, poderemos chegar a 60 milhões de toneladas de milho”, bradou. E, caso não seja, cerca de 40 milhões, que, para ele, é um ótimo número. Ainda sobre este grão, Pedro é categórico: “o Brasil está incrível com o milho”. No entanto, ele aconselhou os produtores a ter cautela. “Esta alta é fogo de palha, então saiba aproveitar o momento”, disse.
O consultor também alertou os palestrantes a um possível problema que está bem próximo: a Argentina. Segundo ele, lá é onde está o milho mais competitivo da América do Sul. “Nossos ‘hermanos’ vão competir diretamente conosco; vão plantar mais e vender mais”, afirmou.
Receptividade
Para Sérgio Ribas, produtor de Jataí, a palestra trouxe informações pertinentes, sobretudo para ele, que produz cana-de-açúcar, soja e milho. O agropecuarista disse que foi uma oportunidade excelente, que chama a atenção de todos que precisam deste tipo de informação.
“Foi tudo muito proveitoso. Para mim, especialmente, a parte de demanda. Pedro se mostrou um estudioso atualizado, com conhecimento precioso”, afirmou. O presidente do Sindicato Rural do município, Ricardo Assis Peres, também esteve presente. “Eventos desta grandeza sempre são bem vindos em Jataí. Eles esclarecem para o produtor rural dúvidas quanto à comercialização, que, infelizmente, é a parte que mais dificulta a vida dele”, disse.
Ricardo acredita que o produtor rural faz muito bem o seu papel porteira adentro, mas tem muita dificuldade em exportar seu produtor. “O Brasil não perde em nada para os outros países em questão de tecnologia e plantio. Mas a comercialização é mais complexa”, sublinha. Segundo ele, seu conselho para os agropecuaristas é sempre ouvir analistas e tirar um “raio-x” do seu próprio negócio, como aconteceu na palestra.
Cristiano Palavro, consultor técnico da Faeg, fez um balanço positivo do primeiro dia de seminário. “Os produtores se mostraram interessados no que o nosso palestrante tinha a dizer, mesmo que, em alguns pontos, suas falas não fossem tão positivas. Ele foi realista”, afirmou. “Ele não apenas jogou informações, mas fez os ouvintes pensarem”, finalizou.
Mineiros
O município de Mineiros não estava na rota oficial do Seminário de Comercialização de Grãos. Entretanto, José Mário Schreiner e a equipe da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás decidiu levar à cidade um bate-papo sobre o assunto. O encontro aconteceu nesta quarta-feira (19), pela manhã, no Sindicato Rural do município. “Fiquei feliz em ver todas as cadeiras ocupadas no local da palestra” afirmou Schreiner. “Não podemos medir esforços para levar informação e auxiliar o homem do campo”, completou.
Pedro Dejneka conversou com os produtores presentes e expôs os fatos, sendo pautado, prioritariamente, pelas perguntas dos ouvintes. Afonso de Oliveira, vice presidente de Sindicato de Mineiros acredita que foi importante o seminário passar também pelo município, já que produz muito e tem peso na safra goiana. “Pedro nos esclareceu muitos pontos acerca da economia brasileira e mundial”, ressaltou. “Abriu os olhos dos produtores para que todos fiquem mais esclarecidos”, finalizou.
Afonso também é produtor de soja e milho. Falando enquanto um, afirmou que o cenário é preocupante. “Uma conversa como esta, nos faz repensar, se organizar, diminuir custos e ficar mais afinados com o mercado para futuros plantios”, concluiu.
Programação:
Edéia e região
Data: 20/01/2016 (Quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: Sede da Câmara Municipal, Av. Brasília, N° 374, Centro, Edéia
Goiatuba e região
Data: 21/01/2016 (Quinta-feira)
Horário: 19h30
Local: Sede do Sindicato Rural, Rua Corumbá N° 615, Centro, Goiatuba
Piracanjuba e região
Data: 25/01/2016 (Segunda-feira)
Horário: 19h30
Local: Av. Drº Amin José Daher, Qd. 38A, Lt. 1, Setor Norte - Piracanjuba (Próximo ao Parque de Exposição, no salão da OAB)
Padre Bernardo e região
Data: 26/01/2016 (Terça-feira)
Horário: 19h30
Local: Associação dos Produtores Rurais de Padre Bernardo e Mimoso, Centro de Eventos Rumenos Starks. Fazenda Boa Esperança – Zona Rural, Padre Bernardo
Formosa e região
Data: 27/01/2016 (Quarta-feira)
Horário: 19h30
Local: Espaço La Brise, via 15, nº 282/283, Setor Sul, Formosa - Goiás