Os EUA sempre foram importantes parceiros no comércio internacional de produtos do agronegócio brasileiro, sendo o 3º principal destino das nossas exportações (atrás de China e União Europeia).
Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), em 2019, o país respondeu por 7,4% de todo valor obtido com as vendas dos produtos do agronegócio brasileiro, gerando um superávit comercial de US$ 5,82 bilhões.
Dentre os principais produtos adquiridos pelos EUA do Brasil em 2019, o destaque fica por conta dos Produtos Florestais (US$ 2,78 bilhões), Café (US$ 1 bilhão), Complexo Sucroenergético (US$ 797 milhões) e Sucos (US$ 413 milhões). Estes três países perfizeram 70% da pauta de exportação do Brasil com os EUA.
Dentre os produtos florestais se destacam a celulose e a madeira, no complexo sucroenergético o principal produto é o etanol e os sucos o principal é o de laranja.
Em relação ao comportamento das relações comerciais entre EUA e Brasil frente aos produtos do agronegócio, nos últimos anos, de 2013 a 2016, último mandado do Presidente Barack Obama, houve um recuo de 11% no valor obtido com nossas exportações para os americanos.
Porém, com a eleição de Donald Trump, observamos uma recuperação, com um crescimento de 14% de 2017 a 2019. Vale salientar ainda que, em 2019, as exportações brasileiras alcançaram o maior valor dos últimos 10 anos.
Diante disso, o primeiro ponto a ser observar nas relações bilaterais entre Brasil e EUA, no contexto do agronegócio, com o novo presidente, é a manutenção do crescimento das nossas exportações.
Neste contexto, os últimos posicionamentos de Biden preocupam o setor.
Caso se confirme as falas feitas pelo democrata, por meio declarações fortes frente a floresta amazônica, podemos esperar um retrocesso nas relações comerciais Brasil-EUA: "Parem de destruir a floresta e, se não fizer isso, você terá consequências econômicas significativas”.
Outro ponto, diz respeito aos EUA como concorrente no mercado chinês, principalmente em relação a soja.
Considerando o último ano do Governo Obama, 2016, a China havia adquirido 45% de todas suas importações de soja do Brasil e 44% dos EUA, no ano anterior, 2015, este percentual foi de 51% e 35%.
Com sua política de maior protecionismo comercial e seu imbróglio comercial com a China, o Governo Trump perdeu espaço frente ao fornecimento de soja aos chineses a partir de 2017. Em 2018, de toda soja adquirida pela China, 81% tinha como origem o Brasil e apenas 10% os EUA.
Os democratas sempre tiveram uma boa relação com a China, assim é esperado que Joe Biden retorne uma política de “boa vizinhança” com os chineses. Em se confirmando esta expectativa, é preocupante uma redução nas exportações brasileiras de soja à China nos próximos anos.
Diante disso tudo, será necessário um forte trabalho da diplomacia brasileira nos próximos anos, principalmente no contexto de apresentar dados e informações consistentes ao novo Governo Americano em relação a preservação da Amazônia.
Além disso, espera-se dos americanos um posicionamento mais cientifico e menos ideológico sobre este tema.
Cumprindo estes dois pontos, podemos ter esperança da continuidade do avanço das exportações brasileiras aos EUA.
Em relação a China, cabe ao governo brasileiro aprimorar as relações comerciais com Pequim, visando a manutenção de nossa participação como o principal fornecedor de soja.
Mais do que isso, temos espaço para crescer em outros produtos, como carne bovina e milho.
Assim, o desafio é grande para as relações internacionais brasileiras. Os EUA é um importante parceiro comercial brasileiro e um forte aliado nas diferentes discussões internacionais, por isso cabe ao Governo Brasileiro manter esta boa relação e, principalmente, evitar retrocessos comerciais.
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