O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Blairo Maggi, e a Diretoria-Executiva da Embrapa participaram na última quinta-feira (24), da colheita da primeira safra de grão-de-bico produzida, ainda em fase experimental, na região Centro-Oeste, fruto de experimentos feitos em parceria com produtores rurais de Cristalina (GO). A safra consolida uma resposta brasileira para a demanda asiática por pulses (leguminosas ricas em proteínas, como lentilhas, grão-de-bico, ervilhas, feijões secos etc) feita no ano passado.
“Nós, brasileiros, temos uma oportunidade, mais uma vez pela mão da Embrapa, com gente daqui, desta fazenda, de investir, investigar e fazer”, disse o ministro durante o dia de campo realizado na Fazenda Alvorada. Ele explicou que a meta é transformar o Brasil em um dos grandes provedores mundiais de pulses, mas que ainda são necessários resultados finais da pesquisa, que está na fase final de desenvolvimento de variedades adaptadas às condições nacionais.
Mauricio Lopes, presidente da Embrapa, salientou a forma rápida como a Embrapa Hortaliças se organizou para atender à demanda sinalizada pelo Ministro a partir das comitivas oficiais feitas em 2016 junto aos países asiáticos. "Temos aqui hoje um resultado concreto deste esforço, que faz parte da nova agenda estratégica que a Empresa está abraçando, com conexão mais forte com demandas do setor produtivo e busca de oportunidades para diversificar e agregar valor e alternativas de renda para nossos produtores", afirmou.
Parceria com UPL
Outra frente de pesquisa liderada pela Embrapa sobre grão-de-bico está sendo desenvolvida em oito estados brasileiros, por meio de parceria com a empresa indiana United Phosphorus Limited (UPL). Os experimentos atingem Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, com objetivo de avaliar o potencial produtivo de quatro cultivares (duas indianas e duas nacionais) em três diferentes épocas de plantio (abril, maio e junho).
Como o ciclo do grão-de-bico gira em torno de quatro meses, as primeiras colheitas iniciam-se agora, entre o final de agosto e o início de setembro, e a expectativa é selecionar as cultivares com melhor adaptação às condições ambientais brasileiras.
“A parceria vai render ganhos para ambos os países porque, com base na definição das cultivares mais produtivas e adaptadas, será possível fomentar a produção nacional, minimizar a importação e, principalmente, exportar para a Índia e para outros países asiáticos onde é grande o consumo”, afirmou o pesquisador Warley Nascimento, chefe-geral da Embrapa Hortaliças (Brasília, DF).
Colheita
A primeira colheita da safra de grão-de-bico é resultado da visita de Maggi à Índia no final de 2016, quando o país mostrou interesse em importar do Brasil as chamadas pulses. Na ocasião, a UPL anunciou investimento US$ 100 milhões, por meio da parceria com a Embrapa, no desenvolvimento e produção de grãos no Brasil para exportar ao mercado indiano. De acordo com a Embrapa, a demanda da Índia por esses produtos cresce de forma expressiva. A projeção é que possa chegar a 30 milhões de toneladas por ano até 2030.
Atualmente, o Brasil depende de importações para suprir o consumo anual de oito mil toneladas, mas pesquisas recentes da Embrapa visam tornar o país autossuficiente e com potencial para exportação. Período seco, clima favorável e médias altitudes tornam algumas regiões brasileiras aptas para o cultivo de grão-de-bico, leguminosa rica em proteína que é originária do Oriente Médio.
Além de ser o segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia se destaca por grande parte da população, cerca de um terço, ser vegetariana. Essa é uma das razões de o grão-de-bico ser uma das principais fontes de proteínas consumidas no país. De acordo com o Banco de Dados de Estatísticas do Comércio Internacional das Nações Unidas (UN Comtrade), somente em 2016, a Índia importou 873 mil toneladas de grão-de-bico, o que equivale a US$ 688 milhões em volume de negócio.
Consumo no Brasil
Em 2016, o Brasil importou cerca de oito mil toneladas de grão-de-bico, principalmente do México e da Argentina, quantia correspondente a menos de 1% das importações indianas. “Hoje, temos material genético e tecnologia de produção para alcançar a autossuficiência e vislumbrar exportação para os principais mercados consumidores da leguminosa”, disse Nascimento, destacando que a cultura tem apresentando ótimo desempenho no período do inverno, em áreas irrigadas e mecanizadas.
Texto: Assessoria de Comunicação do Mapa
Foto: Robinson Cipriano