Ana Guaranys, de Pontezinha
Linguiça calabresa, salaminho italiano, torresmo a pururuca e lombo defumado são alguns dos pratos muito apreciados da culinária brasileira, mas que não precisam mais ser comprados no supermercado. Pelo menos pelos participantes do curso de transformação artesanal de carne suína, moradores da comunidade Pontezinha, em Santo Antônio do Descoberto, que aconteceu de 14 a 16 de julho. O curso, ministrado pelo instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), Ângelo Magalhães, foi uma parceria entre a entidade e o Programa de Educação Ambiental (PEA) da Corumbá Concessões. O objetivo foi capacitar a população para trabalhar com produção caseira de insumos para consumo familiar.
Para Ângelo Magalhães, o primeiro fator que agrega valor à qualidade e preço do produto são os cuidados com a higiene do local e das pessoas que vão manusear a carne, que devem se preocupar com equipamentos necessários, como botas de plástico, aventais, luvas e tocas, além dos cuidados para embalar e acondicionar os alimentos. É preciso, ainda, saber sobre as condições sanitárias do animal, reconhecendo, por exemplo, quando ele está infestado por tênia solium (solitária). Nesse caso, explicou, não adianta retirar a parte contaminada, mas descartar toda a carne.
Considerando a grande demanda por subprodutos defumados, que têm valor e demandas maiores no mercado que as peças convencionais, com a produção artesanal da carne suína, o pequeno produtor pode triplicar o valor investido no animal. O instrutor ressaltou que o processo de defumação de carne suína é artesanal e sem química. Como para comercializar os produtos em supermercados é exigido o certificado de inspeção municipal, estadual ou federal, o que pode ser mais complicado para pequenos produtores, como os moradores de Pontezinha, o instrutor recomendou que os participantes do curso se organizassem em cooperativas para conseguirem maior lucro. “Nessa condição, eles farão um investimento maior, poderão elaborar um projeto e receber subsídio do governo”, disse Magalhães.
Para a dona de casa Raquel Pereira Braga, o curso veio atender a um desejo antigo. “É a terceira vez que participo de curso de produção de alimentos e gostei de aprender tudo, da linguiça ao bacon. Vou colocar os ensinamentos em prática primeiro na alimentação da família e depois vou ver como faço para vender”, disse. Ilma Francisca Pereira foi outra aluna satisfeita: “Eu achei tudo gratificante, a começar pela prática do abate, que antes do curso fazíamos de forma errada. Aprendi as novas técnicas e vou replicar em casa, principalmente a produção de linguiça defumada frescal (que tem o jiló como tempero diferencial), que foi o que mais gostei”.
Entre os alunos, participaram três pessoas de Alexânia. Alberto José Marques, presidente do Sindicato Rural (SR) de Alexânia, avaliou positivamente a atividade. “O curso proporcionou à comunidade aprendizado sobre o processamento da carne suína, com higiene e tecnologia, agregando mais valor à renda familiar”.