Em entrevista ao programa Chega pra Cá, o coordenador do Instituto de Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, elencou o plantio do milho safrinha como um dos principais responsáveis pelo crescimento
Em entrevista ao programa Chega pra Cá, do POPULAR, o engenheiro agrônomo e coordenador do Instituto de Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, elencou o plantio do milho safrinha, após a colheita da soja, como um dos principais responsáveis pelo crescimento na produção de grãos no Estado.
O recorde de 30 milhões de toneladas na safra de grãos 2021/2022 deve superar o Rio Grande do Sul e colocar o Estado como o terceiro maior produtor do Brasil. "O produtor percebeu, e a tecnologia avançou pra isso, que ele poderia colher a soja e plantar o milho. Ele poderia usar a mesma área pra fazer isso. A gente começou a crescer tanto na produção de soja, mas principalmente na produção de milho, na mesma área de soja", explicou Machado.
Outro fator apontado pelo engenheiro para explicar o crescimento é a produção agrícola por pecuaristas da região da Vale do São Patrício e região Norte de Goiás. "O pecuarista tem aproveitado mais a sua área na criação de gado e tem destinado algumas áreas sobressalentes para a produção agrícola. Então isso faz com que Goiás cresça também nessas áreas, chegando nessa casa de 30 milhões de toneladas", disse, considerando que as regiões Sul e Sudoeste do Estado são pioneiras na produção de grãos.
Segundo boletim da Conab sobre a previsão da safra de grãos para este ano no Brasil, o Mato Grosso se mantém em primeiro lugar com 83 milhões de toneladas, seguido pelo Paraná, com 34 milhões, Goiás, com 30, Rio Grande do Sul, com 25 milhões de toneladas e, em quinto lugar, Mato Grosso do Sul, com 20. Entre esses cinco primeiros, os gaúchos são os únicos que registram queda na produção em relação à safra anterior.
De acordo com Leonardo Machado, de toda a produção de grãos em Goiás na safra atual, 16 milhões de toneladas são de soja e 12, de milho. "Esse grande destaque o milho, principalmente do milho safrinha, proporcionou esse avanço", disse Leonardo. Além da soja e do milho, arroz, feijão e trigo são as principais commodities que compõem a produção de grãos no País. O engenheiro agrônomo também ressaltou a técnica de irrigação nas safras do feijão como fator de expansão da produção.
Impacto na economia
O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio tende a impactar outros setores da economia, como indústria, serviço e comércio. Segundo o coordenador do Ifag, 40% do PIB da agropecuária é representado pelo setor de serviços.
"Quando você aumenta a produção em 10 milhões, não é só a produção de grãos. Você precisa de mais armazéns, você precisa ter mais caminhoneiros, você precisa ter mais indústrias fornecendo máquinas, sementes, fertilizantes", afirma.
Mudanças climáticas
O coordenador do Ifag afirma que o setor precisa observar as questões climáticas com preocupação. "O setor é uma indústria a céu aberto, dependemos de condições climáticas", afirmou. Ele também pontuou a estiagem na região Leste de Goiás durante a última safra, que prejudicou a produção do milho safrinha na região. O Sul do País também enfrenta estiagem na safra atual, um dos principais motivos para queda na produção.
No entanto, Machado diz que os produtores não conseguem fazer uma avaliação climática de longo prazo e que se concentram em avaliar o clima a cada ano. Ele cita a influência dos eventos climáticos El Niño e La Niña, e da importância da umidade da Amazônia na regulação das chuvas em Goiás.
Taxação da exportação
A Lei Complementar nª 87, de 1996, chamada de Lei Kandir, estabelece a isenção da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na exportação de produtos primários, como os grãos. Com o advento da lei, governadores passaram a alegar perda de arrecadação.
A Lei Complementar 176, de 30 de dezembro de 2020, institui as transferências obrigatórias da União para os estados e municípios, com o objetivo de compensar as perdas de arrecadação advindas da Lei Kandir. Leonardo Machado considera que a cobrança de imposto sobre a exportação de grãos penaliza o produtor.
Fonte: O Popular