A produção de soja em Goiás cresceu 308% nos últimos 20 anos, uma média de 10,7% ao ano. É o que mostra a publicação Análise da área, produção e produtividade da soja no Brasil em duas décadas (1997-2016), divulgada pela Embrapa. Neste período, a produção goiana da oleaginosa passou de 2,5 milhões para 10,2 milhões de toneladas. O desempenho tem relação direta com o aumento da produtividade e da área cultivada no Estado.
O levantamento, feito com base em dados da Embrapa, IBGE e Conab. apresenta a evolução da produção, área e produtividade da soja, em uma perspectiva histórica. A soja vem sendo cultivada há mais de duas décadas em 15 Estados brasileiros. Portanto, em várias condições de ambiente: desde regiões frias, com altitudes superiores a 1,2 mil metros, até regiões quentes, com baixas altitudes e latitudes, além da diversidade de solos. Essas variações refletem a oscilação por Estado, o que resulta em diferentes potenciais regionais para produção da oleaginosa.
O chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Alexandre Cattelan, lembra que, a cada ano, o potencial de rendimento das lavouras têm crescido, graças a fatores como emprego de novos maquiná-rios, melhores insumos, manejo adequado e novas variedades de sementes obtidas através de pesquisas feitas pela própria Embrapa e empresas privadas. "A cada ano, temos cultivares com maior potencial produtivo no Brasil". destaca.
Apesar disso, ele alerta que ainda é necessário avançar muito neste potencial. Quando se faz uso de todas tecnologias e recursos disponíveis, em condições ideais de solo e clima, o rendimento pode chegar a nove toneladas por hectare, enquanto a média brasileira hoje está em um terço disso: três toneladas por hectare. "Mas, para que todo esse potencial se expresse, além de tecnologia, o clima também é importante", ressalta.
O crescimento médio da produção brasileira foi de 13,4% justamente por conta dessas diferenças regionais num país de dimensões continentais. Goiás, por exemplo, já enfrentou muitos problemas com veranicos. Está entre os maiores produtores do Pais, mas não figura entre os que tiveram o maior crescimento. Enquanto o rendimento médio aumentou 32,7 quilos por ano no Brasil, a expansão em Goiás foi de 23,4 quilos.
Cattelan explica que o aumento da demanda mundial pelo grão impulsionou as exportações e a produção. Somente a China compra 70% da soja brasileira A evolução dos preços, apesar dos valores atuais não estarem tão bons, também contribuiu para incentivar a produção. "Se não tiver preço, ninguém investe", ressalta. Isso porque a produção exige constante investimento em maquinário, insumos, fertilizantes e boas sementes.
Demanda mundial pela oleaginosa ajudou a impulsionar a produção
Produtor de soja desde o ano 2000, Luciano Afonso Ferreira já elevou a produtividade de suas lavouras em 40%. A produção, que começou com 15 mil sacas, já foi multiplicada por seis, e a área plantada já é sete vezes a inicial, chegando a 1,5 mil hectares. Toda produção é vendida para a Caramuru. Ele conta que o avanço foi obtido com investimento em tecnologias, sementes, defensivos e equipamentos. "São dezenas de itens que precisam estar em consonância um com o outro". Para o analista técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Cristiano Palavro, o aumento da produção foi resultado da maior necessidade do mercado brasileiro e mundial elo produto, que é uma das principais fontes de proteína humana e animal. Por isso, o grão passou a ser muito demandado, principalmente na China, onde a produção é de apenas 12 milhões de toneladas para um consumo perto de 100 milhões de toneladas. A produção foi se adaptando às condições climáticas, solo e temperatura, através do melhoramento genético. "Ainda temos condições de avançar em produtividade porque o melhoramento não para". Apesar das variações de preço, o mercado da soja também tem boa liquidez, pois sempre conta com compradores garantidos.
Fonte: Lúcia Monteiro do Jornal O Popular
Foto: Larissa Melo