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Produção leiteira e o papel da biotecnologia de reprodução

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Douglas Freitas

O segundo dia do Encontro dos Técnicos Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio realizado nesta terça-feira (12), no Augustu’s Hotel, trouxe aos técnicos presentes uma gama de temas e assuntos referentes à reprodução animal e sua influência na questão da produção leiteira. Afinal, se não há reprodução, consequentemente não há lactação e, dessa forma, o produtor não tem a matéria-prima de seu trabalho: o leite. Por meio da palestra Biotecnologias Aplicadas a Reprodução, o médico veterinário e proprietário da Embriotec Reprodução Animal, Alexandre Sardinha, tratou, dentro do contexto da reprodução animal, de questões como técnicas de inseminação artificial, Transferência de Embrião (TE), Fecundação In Vitro (FIV) e outros.

Abrindo a tarde de palestra, o coordenador do Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio, Marcos Henrique Teixeira, agradeceu a participação de todos os técnicos e ressaltou a importância da capacitação como ferramenta de evolução do conhecimento sobre as tecnologias que podem e devem ser aplicadas no campo. Alexandre, da Embriotec, começou relatando um pouco de sua experiência no ramo e sobre os desafios que enfrentou a cada momento em que uma nova tecnologia surgia e por parte dele, inicialmente, sempre havia certa restrição em se adaptar ao novo.

“Quantas fêmeas um animal bom deixa durante a vida?”, foi com essa pergunta que Alexandre instigou os mais de 20 técnicos presentes a pensar sobre o conhecimento que se deve ter sobre os animais, as formas de tratamento e as técnicas utilizadas, em si, sobre a propriedade. O objetivo? Mostrar a importância do prévio preparo em relação ao manejo de reprodução da vaca, uma vez que, a mistura de raças de forma errada, ou até mesmo desordenada, pode gerar variações do animal não identificáveis e, portanto, ocasionar perdas em relação à produção e lucratividade.

Para Alexandre Sardinha, a satisfação resume sua participação no Encontro dos Técnicos, uma vez que possui a possibilidade de poder trazer suas experiências e novidades, além de conhecer novos técnicos de áreas diversas e suas vivências no campo. Sobre a aceitação da biotecnologia, ele destaca a falta de conhecimento como principal fator que atrapalha o produtor nesse processo. “É muito comum escutarmos de um produtor rural que a biotecnologia é algo distante de sua realidade, pois para ele o serviço custa muito caro e isso, em sua maioria, é uma fantasia. Desmitificar a biotecnologia ajuda a quebrar uma barreira de falta de conhecimento que existe entre o próprio técnico e os produtores; muitos deles não sabem o potencial que a biotecnologia oferece, principalmente, em relação a viabilidade econômica”, explica.

Temáticas

Abordando as temáticas em torno das raças Girolando, Holandês e Gir Leiteiro, Alexandre Sardinha e os técnicos do Senar Goiás discutiram questões referentes à Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), uma técnica capaz de possibilitar a inseminação de um grande lote de animais em um único dia, além de não haver a necessidade observação do cio, a técnica, em si, reduz intervalos entre partos e há maior eficiência na cria. As vantagens e desvantagens do uso do sêmen sexado, a técnica que possibilita o produtor escolher o sexo dos animais antes mesmo da aplicação da inseminação artificial, da TE ou FIV, também esteve entre as discussões. Para o palestrante essa técnica é boa, porém, ainda precisa ser mais estudada para melhorar o uso.

Sardinha ressaltou, ainda, a importância de se pensar sobre o local e o ambiente onde está o animal que irá passar por algum processo de reprodução, uma vez que, alterações no clima e más condições sanitárias causam estresse no animal e, consequentemente, atrapalha na transferência de embriões. Tudo isso porque o corpo não trabalha sozinho ou em partes, sendo assim, há interferência direta do sistema nervoso sobre o sistema reprodutor, afinal, ambos estão ligados entre si. Além das temáticas de IATF, sêmen sexado e ambientação do animal, houve esclarecimentos referentes as ondas foliculares das vacas que, basicamente, referem-se ao processo de crescimento e regressão dos folículos, microscópicas estruturas no ovário que contém o óvulo.

Patrícia Teixeira, técnica do Senar Goiás em Bela Vista, avalia como engrandecedor esse tipo de evento que traz a capacitação, pois eles, como técnicos, precisam sempre estar atualizados para que possam levar o que há de mais novo para aqueles que utilizam as técnicas: os produtores. “Todas essas tecnologias apresentadas durante a palestra são de vital importância para a melhora do campo em vários aspectos. Não somente levá-las ao produtor, o trabalho real é de conseguir utilizá-las no momento adequado e não deixar que usem de forma errada, para que depois a reputação das tecnologias não seja prejudicada. Afinal, podem haver perdas em vários sentidos e aspectos da propriedade”, acrescenta.

Cenário
Segundo Alexandre há muita aceitação da biotecnologia em todo o país e os índices vem crescendo gradativamente. Para se ter uma ideia, em toda a América do Sul o número de embriões transferidos por meio da FIV saltou de mais de 195 mil, em 2007, para cerca de 340 mil, em 2012. No que se refere a TE, em 2007 foram registrados 66.908 embriões transferidos e já em 2012 o valor estava em torno de 78 mil embriões.

“Quando tratamos da inseminação artificial, por exemplo, o crescimento tem sido muito grande, pois é uma técnica mais simples e com um custo de investimento menor. É muito bom esse trabalho do Senar Goiás, pois estamos focando mais nos pequenos produtores, numa agricultura mais familiar, e é essa turma que precisa de apoio em relação ao uso da genética. Agora, estamos tentando desmitificar a TE e a FIV, pois o custo é caro, mas é viável para a grande parte dos produtores”, explica Alexandre.

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