O Centro de Pesquisa da Monsanto, em Chesterfield Village, no estado de Missouri, foi a primeira parada do grupo de produtores rurais goianos que compõem missão técnica de grãos aos Estados Unidos, organizada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás).
A empresa possui, atualmente, 12 mil pesquisadores, atuando nas áreas de químicos, sementes e biotecnologia e está expandindo sua estrutura física para abrigar mais seis mil pesquisadores. A visita teve como foco a apresentação dos métodos e inovações no melhoramento genético de cultivares de soja e milho, e também no desenvolvimento de novas biotecnologias.
Segundo Mark Holland, pesquisador-chefe que integrou a equipe da Monsanto e guia do grupo, em anos anteriores, toda cultivar a ser lançada no mercado, precisava ser analisada em campo desde o princípio, portanto era necessário plantar e desenvolver a cultivar até ela demostrar a característica desejada para, assim, tomar a decisão de prosseguir o melhoramento ou descartar a linhagem.
Atualmente, um equipamento denominado Chipper faz a análise molecular da cultivar e emite relatório que diz se a linhagem apresentará ou não a característica desejada. Este processo trouxe uma maior velocidade na seleção de genótipos de interesse.
Após a explicação sobre o Chipper, foi apresentado um equipamento de sequenciamento de DNA. Holland explicou que em 2005, quando Steve Jobs, criador da empresa Apple, foi diagnosticado com câncer, ele encomendou o sequenciamento de seu próprio DNA buscando uma cura para sua doença. Este procedimento durou cerca de seis meses, com um custo aproximado de US$ 200 mil.
Com a máquina apresentada nesta segunda etapa da visita, os pesquisadores da Monsanto conseguem realizar o mesmo sequenciamento em apenas duas horas, com um custo de US$ 2 mil. Isto evidencia a velocidade da evolução genética molecular. Em menos de uma década houve uma revolução nas tecnologias utilizadas nesta área, o que tem gerado um grande avanço também para a agricultura moderna.
Outro equipamento apresentado pelo pesquisador foi uma máquina capaz de esculpir e cortar em qualquer formato todo tipo de material. “Esse equipamento é capaz de esculpir qualquer desenho projetado pelo computador, podendo cortar com total precisão desde os metais mais duros até as mais frágeis e maleáveis espumas”, disse Holland.
Após falar sobre o melhoramento genético convencional, Holland também explicou o método de colocação de genes em uma planta por meio de um processo chamado Transformação. Este método é realizado com a utilização de uma bactéria natural do solo, conhecido como Agrobactéria (Agrobactérium tumefaciens). Esta bactéria tem a capacidade de inserir o seu próprio DNA dentro do ser no qual ela coloniza.
Desta forma, os pesquisadores da Monsanto são capazes de inserir genes de outros seres vivos no DNA de plantas como a soja e o milho, por exemplo, podendo transferir características agronomicamente favoráveis às plantas, como nos casos da Soja RR e do Milho BT, amplamente conhecidos pelos produtores brasileiros. A Monsanto, apesar de apresentar concorrentes neste ramo, ainda figura como a principal empresa capaz de utilizar este método no melhoramento genético de plantas.
O grupo de produtores goianos em missão técnica também pode conhecer as chamadas Câmaras de Crescimento, onde são avaliados os resultados após a translocação dos genes. “Aqui é possível observar se tivemos sucesso na inserção genética e se a planta realmente apresentou as características desejadas”, ressaltou Holland.
Dentro destas câmaras, utilizando métodos de controle de luminosidade, temperatura e pressão é possível criar o ambiente de qualquer região produtora do mundo, colocando as cultivares melhoradas sob as caraterísticas de solo e clima da região onde serão utilizadas. Outro local apresentado aos produtores brasileiros foram as casas de vegetação, ou estufas, que se localizam nos andares superiores do edifício e são a última etapa por onde passam as variedades antes dos testes em lavouras a campo.
O centro de pesquisa da Monsanto em Chesterfield possui mais 135 diferentes câmaras de crescimento e diversas casas de vegetação que, somente com energia elétrica, geram um custo de US$ 25 mil por dia. Para o pesquisador, desde o início do melhoramento genético até levar o produto ao mercado, são necessários cerca de 8 a 12 anos de pesquisa e um gasto aproximadamente US$ 120 milhões.
O grupo formado por 29 produtores rurais, empresários e técnicos agora segue para Champaign onde visitará o laboratório de pesquisa de soja da Universidade de Illinois e passará por áreas de produção de soja. A Missão Técnica de Grãos aos Estados Unidos segue até o próximo dia 02 de setembro.
Foto: Cleiber Di Ribeiro