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Sanidade do rebanho garantida pela vacinação

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Último registro de febre aftosa em solo goiano foi em 1995. Cobertura vacinal de quase 100% de bovinos e bubalinos contra a doença contribui para Goiás avançar na busca pelo status de livre de aftosa sem vacinação. Enfermidades como brucelose e raiva também contam com vacinas para frear casos. O prazo para imunização da segunda etapa vai até 11 de dezembro

Há 26 anos, propriedades rurais goianas não registram casos de uma doença descrita como altamente contagiosa e que rapidamente pode ser espalhada, provocando prejuízos imediatos e de longo prazo: a febre aftosa. No Brasil foi registrada, oficialmente, pela primeira vez em 1895, na região do Triângulo Mineiro, e, por último, em 2006, em Mato Grosso do Sul. A vacinação é estratégia apontada como fundamental para o fim da circulação do vírus pelo rebanho brasileiro, o que contribui para o plano do País alcançar, até 2026, o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Outras doenças que ocasionam prejuízos para bovinos, pecuaristas e população, como raiva e brucelose, também podem ser barradas com o auxílio das vacinas.

Em Goiás, nas últimas campanhas contra aftosa, o índice vacinal passou de 99%, percentual que o gerente de sanidade animal da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), o médico veterinário Antônio do Amaral Leal, diz esperar ser alcançar na segunda etapa da vacinação deste ano. Realizada de 1º a 30 de novembro, a etapa é direcionada para bovinos e bubalinos com até 24 meses, grupo com estimadas 12 milhões de cabeças.

Leal informa que em toda etapa é obrigatório atingir, no mínimo, 90% de cobertura vacinal, algo que o Estado tem superado, ficando próximo aos 100% durante os períodos de campanha. Ele destaca que a vacinação contra aftosa é compulsória para todos os municípios goianos, seguindo os critérios de idade em cada fase. Após vacinar o rebanho, o pecuarista deve realizar a declaração na Agência.

Na atual campanha, o prazo para declarar a vacinação vai até o dia 7 de dezembro. Para produtores com mais de 75 cabeças, a declaração deverá ser feita pelo sistema da Agrodefesa, o Sidago, de forma on-line. O gerente da Agrodefesa alerta que o pecuarista que não declarar, mesmo tendo vacinado, é autuado em R$ 300 por propriedade e, no caso de não vacinação, a multa é de R$ 7 por cabeça não imunizada. Além disso, ele explica que a Agência fiscaliza a propriedade de quem não declarou ou não vacinou o rebanho. No último caso, além da multa, é realizada a vacinação assistida, em data agendada e com acompanhamento de fiscais da Agência. No mesmo período de vacinação contra aftosa, produtores de 121 municípios goianos classificados como de alto risco para raiva também precisam vacinar contra essa doença bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e equídeos. Na primeira etapa, a recomendação alcança animais de todas as idades, e na segunda, o alvo são os de até 12 meses.

Status

Goiás é detentor do 2º maior rebanho de bovinos do Brasil, com 23,6 milhões de cabeças, segundo dados referentes a 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação, o Estado goiano integra o bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE PNEFA), que tem como objetivo principal criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres de febre aftosa sem vacinação, conforme informação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Antônio Leal, da Agrodefesa, explica que, além de Goiás, estão no bloco IV o Distrito Federal, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Tocantins, Sergipe, São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Essas unidades da federação, juntas, buscam alcançar o status livre de aftosa sem vacinação, a partir de 2023. Antes, a expectativa era que chegassem nessa fase em novembro de 2021, prazo que teria sido adiado em razão da pandemia. A proposta do PNEFA é que, até 2026, todo o Brasil possa alcançar o status de livre da aftosa sem vacinação, algo que hoje se restringe ao Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia e alguns municípios do Mato Grosso e da Amazônia. O gerente de sanidade animal da Agrodefesa pondera que Goiás não tem como alcançar isoladamente o novo status, pois há certa interdependência, principalmente comercial.

O Sistema Faeg Senar participa de comitê que acompanha e trabalha para viabilizar esse processo de transição. Segundo o analista de Mercado Pecuário do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Marcelo Penha, o Sistema tem levado informações sobre esse planejamento nos encontros e treinamentos que realiza. “Temos conseguido evoluir no que o Mapa solicita para Agrodefesa”. Ele informa que uma das demandas pendentes é o processo seletivo para aumentar fiscais da Agrodefesa. Segundo Antônio Leal, o concurso foi mapeado como necessidade no Programa de Compliance Público da Agrodefesa.

Penha informa que o status livre de aftosa sem vacinação é algo muito bem visto em alguns mercados, como Coreia do Sul, Canadá e Japão. “Além de ser um mercado importante, é uma forma também de falar para o restante do mundo que o Brasil conseguiu o maior status de sanidade para carne”, pontua.

Vacinação é necessária para assegurar transição segura

Analista de Mercado Pecuário do Ifag, Marcelo Penha ressalta a importância de o produtor seguir com a vacinação contra aftosa em maio e novembro, enquanto a obrigatoriedade continuar. “É um chamamento nosso em cada campanha para que o produtor fique do nosso lado para conseguirmos sair [da obrigatoriedade da vacina], no final de 2023, com todos os animais com anticorpos”, cita.

O produtor rural Deusimar Bento Alves, da Fazenda Barro Amarelo, em Bela Vista de Goiás, informa que gosta de fazer a vacinação contra aftosa nos animais da propriedade já no início da campanha e levando em consideração as recomendações de boas práticas, como a manutenção da vacina no gelo e higienização da seringa de aplicação e das agulhas a cada troca. Com atuação na pecuária leiteira, Alves diz que possui um rebanho de, aproximadamente, 70 cabeças adultas, sendo 46 destas hoje em lactação, e outras 40 com idade até dois anos, que receberão a vacina contra aftosa na atual etapa. Desse grupo, as com idade entre 0 a 12 meses, também serão imunizadas neste mês contra raiva, já que o município onde fica a propriedade é um dos que têm obrigatoriedade de também realizar essa vacinação. Além disso, o pecuarista informa que realiza a vacinação contra brucelose das bezerras entre 3 e 8 meses, que também é obrigatória.

Alves, que é a atendido pela Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Goiás desde maio deste ano, avalia que a retirada prevista da obrigatoriedade da vacina contra aftosa “por um lado” é boa, considerando que a prática acaba sendo um “estresse para o gado”, porém, teme a viabilidade. “Acho que deveria manter, seria mais seguro”, diz.

Na avaliação do professor da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás (EVZ/UFG), o médico veterinário Álvaro Ferreira Júnior, uma das “grandes preocupações” é com as fronteiras terrestres. Um exemplo que cita é a Venezuela. “Parece ser uma incógnita o que está acontecendo lá”, diz. O professor pontua que um surto da doença em qualquer lugar no Brasil afetaria em grandes proporções as exportações brasileiras de carne e cita que hoje, com a vacinação obrigatória, “o produtor que não adere a campanha, não vacina, está pondo em risco as cadeias produtivas de leite e carne bovina do Brasil”.

Por outro lado, Ferreira Júnior afirma que o pecuarista que está fazendo o manejo sanitário correto tem que ser ‘exaltado’. “O esclarecimento é importante porque o produtor faz por obrigação e ele está contribuindo para saúde pública. Se conscientizar sobre o bem que ele faz em saúde pública quando vacina, acho que o produtor ficaria orgulhoso”, diz.

O professor acrescenta que o controle da aftosa é multisetorial e envolve entidades públicas, privadas, produtores, “a maioria bem engajado”. “O programa só caminhou bem porque tem essas parcerias”, destaca. “Para minoria, precisamos reforçar para vacinar o animal, ter cuidado com a seringa, agulha, com a vacina, porque é um ganho muito além do município e do Estado que ele está”, complementa.

Penha, do Ifag, ressalta a importância da sincronia entre órgãos de defesa e produtores rurais para em eventual necessidade ser feito o manejo da doença. Segundo ele, como tem um longo tempo sem registro localmente, uma das funções do Senar Goiás é explicar as características da aftosa aos produtores. Esse trabalho é realizado por meio de materiais informativos que são levados via treinamentos, assistência técnica e mídias digitais para, caso ocorra suspeita da doença, o produtor comunique a Agrodefesa e a agência possa conferir e, se confirmar, fazer contenção do foco.

O gerente de sanidade animal da Agrodefesa, Antônio Leal, ressalta que o produtor vai ser o principal ator quando essa vacinação for suspensa. “Pois se detectar suspeita deve comunicar para ser verificado e descartar”, frisa. Ele afirma também que a declaração do rebanho existente deverá continuar a ser feita para manter o status sanitário, bem como o investimento na defesa de cada Estado “para esse avanço com segurança”.

Ante ao trabalho que vem sendo realizado e as mais de duas décadas sem registro de aftosa em Goiás, Penha diz que há segurança para a transição.Ele pondera que, antigamente, se acontecesse um foco da doença, o Brasil inteiro sofria. “Agora com a divisão em blocos, o impacto é menor”, avalia. O analista do Ifag acrescenta que Goiás ainda conta com um fundo de reserva hoje na ordem de R$ 290 milhões, via Fundo para o Desenvolvimento da Pecuária em Goiás (Fundepec). Segundo ele, esse recurso poderia ser usado para o produtor não ficar no prejuízo se houvesse um caso detectado da doença que levasse ao abate sanitário de animais da propriedade.

Controle da brucelose e tuberculose

Em Goiás, enquanto a febre aftosa é apontada como em fase de erradicação, a brucelose e a tuberculose ainda são endêmicas, segundo informa o gerente de sanidade animal da Agrodefesa, Antônio Leal. Ele informa que a prevalência da tuberculose bovina em propriedades rurais no Estado é estimada em abaixo de 3% e da brucelose, em torno de 18%.

De acordo com Leal, propriedades que têm foco dessas doenças ficam impedidos de exportar para área Eurasiática. Outros reflexos são: falhas e perdas reprodutivas, como aborto, produção inadequada de carne e leite e ainda há possibilidade de transmissão para o ser humano. A transmissão para pessoas pode ocorrer por meio de leite, queijo, manteiga e demais produtos sem pasteurização feitos a base do leite de vaca contaminada. O animal com tuberculose é eliminado e não destinado a consumo. Já o com brucelose também é abatido e pode ter a carcaça parcialmente aproveitada.

O professor da EVZ/UFG Álvaro Ferreira Júnior informa que ainda não há vacina eficaz para tuberculose bovina, por isso não são regulamentadas para uso. A medida para evitar focos, segundo Leal, da Agrodefesa, é o controle de entrada e saída de animais da propriedade por meio de exames que apontem negativo para a doença.

No caso da brucelose, além dos exames negativos na aquisição, Leal informa que a vacinação é obrigatória em fêmeas bovinas e bubalinas com idade entre 3 a 8 meses. Ele explica que é uma “vacina viva”, controlada pelo serviço de defesa oficial. Para sua aquisição é necessário receituário médico veterinário. Outra exigência é da declaração de vacinação em até 30 dias após emissão da nota de compra do imunizante. Além disso, a vacinação deve ser feita por médico veterinário cadastrado na Agrodefesa ou equipe da propriedade sob responsabilidade de médico veterinário cadastrado.

O professor da EVZ/UFG aponta que a vacina contra brucelose tem não só impacto econômico, mas também na saúde pública. “Quando tem ao menos 80% de rebanho de fêmeas vacinadas, a probabilidade de a bactéria encontrar uma fêmea vacinada e a resposta imunológica dessa fêmea eliminar a bactéria é muito grande”, aponta. No Brasil, ele diz que a quantidade total de casos de animais brucélicos é quase dez vez maior do que os com tuberculose.

Em Goiás, ele pontua que para cada doença em bovinos há perspectivas diferentes. “Para tuberculose estamos quase no momento de poder fazer o saneamento da propriedade”, diz. O professor avalia, porém, não ser necessário fazer o saneamento das duas doenças ao mesmo tempo. “Pode fazer o saneamento da tuberculose e o controle da brucelose com a vacina. A vacina é muito importante para diminuir número de novos casos e ao longo do tempo ir diminuindo a prevalência dela no Estado”, aponta.

Certificação

Segundo o professor, o número de propriedades certificadas como livres de brucelose e tuberculose no Brasil ainda é pequeno. “Em Goiás não tem nenhuma, o processo é minucioso e trabalhoso. Na Fazenda Escola da UFG estamos nos preparando para isso”, diz. Ferreira Júnior informa que esse trabalho na fazenda de leite da unidade, hoje com 120 animais, foi iniciado neste ano e a expectativa é concluírem no segundo semestre de 2022. “Nosso intuito não é comercial, mas que seja um local para o produtor poder visitar, ver como foi feito, e avaliar se pode ser interessante para ele, porque ninguém é obrigado a fazer. Mas estamos nos propondo a ser um ponto de referência para o produtor goiano”, explica. Em nível de mercado, ele avalia que pode ser interessante para que os produtos possam atravessar fronteiras para além do município de produção. “O queijo da região da Canastra, para ser feito daquele modelo, é com leite cru, e toda fazenda que adere, para ter o selo de origem, tem que certificar para livre de brucelose e tuberculose”, exemplifica.

O professor informa que entre as etapas para alcançar a certificação estão: identificar todo o rebanho com brinco, se possível, permanente; vacinar regularmente contra brucelose, marcando o animal vacinado; conferência do quantitativo total de cabeças e das vacinadas por fiscal da Agrodefesa. Depois vem a fase de ajuste, novas visitas dos fiscais, avaliação final da agência, entre outros procedimentos, que incluem testagem de todos os animais acima de 24 meses para brucelose e os acima de seis semanas para tuberculose. Se todos estiverem negativos é feito o registro na Agrodefesa e, seis meses depois, repetem o processo acompanhados por fiscais da Agência. Se novamente os resultados forem negativos na totalidade, ganham o certificado, que vale por 12 meses. Para manutenção, a cada 12 meses terão que refazer o procedimento. O processo de certificação é acompanhado por veterinário do setor privado habilitado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Vacina contra carrapato

No Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o pesquisador Daniel Sobreira Rodrigues, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), uma pesquisa pretende criar uma vacina contra carrapatos bovinos. Coordenado pelo professor Rodolfo Giunchetti, o estudo do doutorando Diogo Fonseca Soares Pereira já encontrou duas formulações que alcançaram eficiência consideradas positivas, de 75% no primeiro teste. “Agora estamos tentando melhorar o desempenho dessas formulações”, diz Giunchetti. Ele conta que em experiência anterior de vacina contra carrapatos para cães, que ajudou o avanço nessa para bovinos, chegaram em cerca de três formulações com 98% de eficácia, sendo uma com até 100%. “Se tiver dinheiro para financiar pesquisa não tem problema que não se resolva”, observa.

Segundo ele, o gargalo é investimento em pesquisa. “Quem mais financia pesquisa no País é o CNPQ [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e o orçamento do CNPQ já vem sofrendo cortes nos últimos anos, estava na casa de R$ 650 milhões, e o último corte que foi feito reduziu o orçamento para R$ 50 milhões. Então não vai dar para pagar nem os bolsistas, imagina para comprar reagente e outros itens”, pontua.

O projeto de desenvolvimento da vacina contra carrapato em bovinos que Giunchetti coordena tem hoje cerca de dez pesquisadores envolvidos e conta com a colaboração do professor da UFMG Ricardo Nascimento Araújo, que coordena pesquisa semelhante voltada para equinos.

A pesquisa conduzida por Giunchetti e equipe está em desenvolvimento há, aproximadamente, dois anos e, segundo o professor, já há algumas empresas, indústrias veterinárias, que têm interesse nesse produto. Ele explica que hoje existe no mercado a GAVAC, que veio de Cuba, onde funciona bem, porém, como a cepa de carrapato é diferente da que se tem aqui no Brasil, e a eficácia é de 50% ou menos, não houve muita aceitação dessa vacina no mercado.

A vacina que desenvolvem na UFMG é feita de uma proteína do carrapato. Essa proteína é usada junto a um adjuvante que ajuda o sistema imunológico a reconhecê-la melhor e ativar a defesa do organismo, que começa a produzir anticorpos contra o carrapato. “E no momento que o carrapato se alimentar do sangue vai consumir anticorpos contra ele. Vimos que parte morre pouco tempo depois da alimentação e as fêmeas que sobrevivem geram menos descendentes”, cita. Segundo o pesquisador, se houver recursos disponíveis, estimam conseguir concluir a vacina e transferir a tecnologia para qualquer empresa a colocar no mercado em aproximadamente dois anos.

Comunicação Sistema Faeg/Senar


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