A Missão Técnica aos Estados Unidos da América (EUA) realiza mais uma visita às fazendas americanas, agora em Peoria, Illinois. Diferente da primeira fazenda onde o proprietário era cooperado da Pioneer na produção e comercialização de sementes, a segunda fazenda produz exclusivamente grãos, com lavouras de milho e soja em rotação e também uma pequena produção de alfafa para a alimentação da criação de cavalos. A propriedade de 800 hectares é conduzida e administrada pelo seu proprietário, Mike Kelley, com o auxílio dos filhos e pelo menos dois funcionários temporários.
Mike recebeu os produtores brasileiros em seu barracão de máquinas, onde após apresentar-se explicou como funciona o sistema de produção adotado por ele e respondeu aos questionamentos. Ele informou que cultiva soja e milho na proporção de 50/50, realizando sempre a rotação entre estas culturas, visando diminuir os problemas fitossanitários e trazer incremento de produtividade. Os 800 hectares de lavoura são plantados num período curto, de no máximo 12 dias, utilizando-se de apenas uma plantadeira. Os plantios de milho se iniciam no mês de abril e de soja no mês de maio. Este ano, por problemas de excesso de chuva, o plantio ficou atrasado em torno de um mês, o que preocupa Mike em relação ao frio que se aproxima com a chegada do outono.
Uma das diferenças observada pelos produtores brasileiros é o fato de que 98% dos proprietários das fazendas americanas vivem na própria propriedade e atuam diretamente no manejo das lavouras, operando as máquinas e fazendo as vistorias de campo. Mike é pai de três filhos, que estão na universidade e nos feriados e finais de semana retornam à fazenda para colaborar no manejo. Além deles Mike costuma contratar dois ou três funcionários temporários, nos períodos de colheita, principalmente. Ele armazena de 25% a 50% da produção na fazenda e o restante na cooperativa.
Na região de Peoria, assim como na fazenda de Mike, o solo necessita ser drenado para manter uma umidade ideal de cultivo. Isso se deve pelo fato do lençol freático na região ser muito superficial, alagando o solo facilmente em épocas de alta umidade. Este fator também contribui para a manutenção da umidade do solo por maior tempo em épocas de seca, como nas últimas duas safras norte-americanas.
Questionado pelos produtores brasileiros sobre o preço das terras naquela região, Mike informou que o valor da terra na região é de dez a quinze mil dólares por acre (20 a 30 mil dólares por hectare). Ele arrenda outras áreas para o plantio, numa distância máxima de 25 milhas entre as fazendas, por um custo de US$ 400 a US$ 450 por acre ou dividindo os lucros com o arrendatário.
Em sua propriedade, Mike perdeu muita produtividade no ano passado, em razão da forte seca, mas em função dos bons preços das commodities na safra passada diz estar em situação financeira confortável. Mike também utiliza seguro agrícola, gastando em média 35 dólares por hectare por uma garantia de 85% da média de produção dos últimos 10 anos.
Nesta safra, no início do plantio ele acreditava que sua produtividade seria entorno de 200 bushel por acre (190 sacas/ha) e hoje deve ser de 170 bushel por acre (160 sacas/ha) para o milho. Na safra do ano passado a produtividade no milho não passou de 60 bushel por acre (53 sacos/ha) em sua propriedade devido à falta de chuva.
A janela de plantio para o milho é de 15 de abril a primeiro de maio, e para a soja de 20 de abril a 15 de maio. Comentou que sua semeadora possui 16 linhas e é utilizada tanto no milho como na soja e que já chegou a semear 320 acres (141 hectares) em um único dia. Sua média tem sido 200 a 250 acres/dia (88 a 100 hectares/dia).
Questionado sobre os preços das máquinas, Mike disse que uma colhedeira como a dele, uma John Deere STS 9770 custa em torno de 260 mil dólares, e que ele costuma comprar à vista, mas que muitos produtores financiam suas colhedeiras em três a cinco anos.
Mike é membro da Farm Bureau, entidade de representação política como a FAEG e a CNA, e tem trabalhado junto às cooperativas da região e isto tem trazido tecnologias de produção de forma mais rápida. Segundo ele, a entidade de representação está presente lutando por uma legislação que ajude o produtor e evite surpresas, como a aprovação de leis que vão contra a categoria.
Produtor rural, estudante de agronomia e integrante da missão do município de Goiatuba, Thiago Henrique, observava atentamente as lavouras da propriedade. “O solo é diferente, possui um teor de matéria orgânica excelente. A plantas tem raiz com distribuição perfeita e sistema subvascular altamente distribuído. Mesmo que não chova, a produção não será tão baixa porque a planta está excelente”, comentou.