Murillo Soares
Segundo dados extra-oficiais do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), aproximadamente 5% dos produtores rurais fazem a contabilidade de suas propriedades. “Não é apenas declarar o Imposto de Renda. Vai bem além disso”, sublinhou o superintendente da entidade, Eurípedes Bassamurfo. Para ajudar na redução deste número, desde 2014 a paraestatal se uniu ao Conselho Regional de Contabilidade (CRC-GO) – e outras siglas de destaque – criando os Seminários de Contabilidade Rural. Em reunião no Conselho, na última terça-feira (23), as entidades planejaram atividades ainda maiores para 2016.
A grande novidade, de acordo com Bassamurfo, é uma cartilha endereçada diretamente aos produtores rurais. “É algo simples, que trará informações sobre contabilidade rural, de forma clara e objetiva”, explicou, já adiantando que alguns tópicos importantes estarão – de forma resumida – presentes. Um exemplo é a Instrução Normativa (IN) nº 31, que estabelece procedimentos de arrecadação e fiscalização das contribuintes incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores. Também haverá informações sobre INSS, aposentadoria, e-social, ICMS e, principalmente, Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR). “É muito mais do que só o Imposto de Renda”, reiterou Eurípedes.
“Com essa parceria, todos nós ganhamos”, destacou o presidente do CRC e contador Edson Bento dos Santos. “Esta é uma área que pode se expandir muito”, continuou. “O nosso primeiro passo é levar informação de qualidade aos produtores rurais”, disse. Segundo Einstein Paniago, vice-presidente de Registro do Conselho, as duas entidades aproveitarão seus interesses comuns. “Temos interesse em capacitação e qualificação continuada dos contabilistas, voltados para a contabilidade rural, e o Senar tem o interesse de levar informações para os produtores. Todos ganham”, afirmou.
Complicações
Como observou Bassamurfo, o Imposto de Renda é só a ponta de um grande iceberg e abaixo do nível do mar, há, talvez, 95% do número de produtores rurais goianos – que é uma quantia bastante expressiva. “Na Contabilidade, deve-se levar em consideração toda a parte de tributação da propriedade rural. Deve-se ter um livro próprio para contabilizar tudo que entra e sai da fazenda”, afirmou. “Alguns deles nem têm seu custo real de produção”, continuou.
O superintendente do Senar Goiás lembra que profissionais liberais, assim como devem fazer os produtores rurais, repassam uma relação de todos os CPFs que atenderam durante o ano. “Quando você se consulta com um odontólogo, por exemplo, e te entrega um recibo, ele deve declarar isso à Receita Federal. Caso você declare e ele, não impostos são gerados e a contabilidade dele fica como inadequada para o governo federal”, explicou.
A mesma coisa, comentou ele, deve ser para o produtor rural. “Deve-se emitir notas fiscais de tudo, e todas as compras e vendas devem estar interligadas. Ao vender um animal, deve-se ter, também, o controle de quanto se pagou por ele. O mesmo com colheita, insumos, maquinário e os demais itens da propriedade”, afirmou.