Murillo Soares
Na última sexta-feira (12), a Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) promoveram uma grande “roda de conversa” sobre um dos principais programas das entidades: a Equoterapia. O objetivo do encontro foi apresentar a iniciativa, fazendo um panorama e colocando em pauta dados do ano passado, favorecendo assim uma troca de experiências.
“Cada um contou a sua história, quais foram seus obstáculos e como fizeram para superá-los”, destacou Pollyana Ferreira, coordenadora do programa. Estavam presentes, prioritariamente, representantes de Sindicados Rurais (SRs) que têm o programa em suas atividades ou estão encaminhados para começar o trabalho.
José Mário Schreiner, presidente da Faeg, ressaltou que iniciativas como esta facilitam o processo para que a Equoterapia se firme nos municípios. “Ando por todo o estado e vejo os gargalos para que este trabalho comece a operar com firmeza nas cidades”, disse. Ele sublinhou ainda que Goiás tem a única Federação Brasil que implanta este programa e que toda a equipe sabe a importância dele. “Nossa luta não é apenas sindical; é social. Vemos pessoas que realmente precisam deste trabalho e, por eles e mais tantos outros, nos esforçamos para que ele seja cada vez maior”, concluiu.
Segundo Pollyana, a Equoterapia tem um centro ativo em 25 municípios e outros 10 com o processo em andamento. “Na maioria das vezes, falta pouca coisa para que o programa comece a atuar, como estrutura física ou algum profissional para completar a equipe de atendimento”, afirmou. “Ao todo, hoje, temos 714 praticantes em Goiás”, disse. Além disso, há ainda um número de aproximadamente 13 municípios que tem interesse em implantar o programa.
Parcerias
“O Sistema Faeg e o Senar Goiás entra com incentivo e capacitação no programa”, explicou Flávio Henrique, chefe do Departamento Técnico do Senar Goiás. Trabalha-se diretamente com os SRs, dando apoio técnico. “Fornecemos uma equipe multidisciplinar, que consiste em psicólogos, fisioterapeutas, equitadores, pedagogos, fonoaudiólogos e diversos profissionais que são necessários para o funcionamento dos centros de Equoterapia”, apontou. O Senar também se certifica de que tudo está de acordo com os padrões da Associação Nacional de Equoterapia (Ande Brasil).
De acordo com Pollyana, esta sigla detém os direitos do nome “Equoterapia” e sua prática. Sendo assim, tudo deve ser de acordo com seus padrões. “Tudo que dá certo em nossos centros, temos de reportar à Ande. E tudo que dá errado também, para que eles possam analisar e apontar um caminho que dê certo”, explicou ela aos representantes presentes. Os profissionais da equipe multidisciplinar, completou ela, devem passar um curso da Associação e seguir a metodologia passada rigorosamente. “A padronização existe para que todos os centros sejam referência”, frisou.
Para que o trabalho comece, de fato, há muito mais do que apenas uma equipe. Geralmente, os Sindicatos Rurais buscam apoio em parceiros públicos e/ou privados, tais como Secretarias, Universidades, lojas agropecuárias, empresários locais, cooperativas ou instituições de ensino especializado. A maior dificuldade, como ficou claro na reunião, é o recrutamento de parceiros, aliado à captação de recursos. Embora muitos recorram à prefeitura, nem sempre é suficiente ou uma parceria estável.
É o caso do Sindicato Rural de Itumbiara. A diretora do programa no município, Nelcy Palhares, explicou aos demais que, para a sobrevivência do trabalho, em meio a dificuldades econômicas do SR, criou uma associação com o apoio de grandes empresas da cidade. Além disso, faz-se, anualmente, uma festa chamada “Primavera do Bem”. “O povo sabe que vai lá para gastar! Vendemos ingressos e leiloamos pertences de celebridades, como violão e camisa autografada”, contou. Pertences estes que Nelcy pega diretamente com essas pessoas famosas. “Se eu sei que tem alguém famoso em uma feira, ou evento parecido, corro atrás e tento explicar o meu propósito”, disse.
Buscando exemplo
Carlos Tadeu, presidente do SR de Santa Rita do Araguaia, acompanhado da psicóloga Tânia Salgueiro, estavam como ouvintes para ver as dificuldades dos outros municípios e aprender a como superar as que virão. O programa deve começar a funcionar por lá no mês de abril, mas isso depois de um ano de conversa, aproximadamente, segundo Carlos. “Estamos precisando de alguns detalhes na adaptação física”, contou ele. Assim como a maioria dos presentes, também teve problemas com captação de recursos – algo que ainda persiste.
Tânia explicou que todos os que atuarão no programa em Santa Rita – com exceção de um fisioterapeuta – serão voluntários. Mas ainda faltam os demais gastos, contornados com leilões e uma pizzada no Sindicato Rural. Além disso, haverá um baile beneficente para angariar fundos. “Será a comemoração de um ano de negociação para trazer a Equoterapia para o nosso município”, destacou Salgueiro. “A criatividade de cada SR é o que faz a diferença nessas horas”, concluiu Carlos.
De lá para cá
Segundo Pollyana Ferreira desde o início do programa, em 2011, até agora, houve um crescimento de instrutores para atender os centros, que também aumentam a cada ano. Além disso, há uma recorrente atualização da metodologia usada, fornecida pela Ande Brasil e seguida de rigorosamente. “Estamos investindo muito em palestras com as famílias dos praticantes, sobretudo quando são crianças. A ideia é melhorar o relacionamento entre todos, equitarista, pais e filhos, para que o tratamento seja completo”, explicou.
“O Sistema Faeg e o Senar Goiás também tem trabalhado fortemente em uma melhor articulação com os supervisores regionais, para maior divulgação do trabalho no estado e também para melhorar a eficiência da comunicação entre os SRs, os praticantes e o Sistema”, continuou. Ela destacou também a contratação de uma assessora técnica especializada, Fernanda Almeida, que, segundo Pollyana, tem sido um forte elo entre as partes e tem melhorado cada vez mais a excelência da Equoterapia.