Após encerrarmos a Safra 2016/17 com um dos melhores resultados produtivos já obtidos no Brasil e em Goiás, com registro da maior produtividade média dos últimos tempos, é chegado novamente o período de implementação da nova safra de grãos, e como sempre tudo começa carregado de riscos aos produtores rurais. Com a forte irregularidade do início do período chuvoso, as preocupações acerca do clima já se espalham pelo campo e colocam em alerta o segmento, que já começa o novo ciclo com expectativas de margens mais apertadas.
Goiás segue como um dos principais destaques na produção de grãos nacional, ocupando atualmente a quarta posição no ranking de maiores estados produtores. As projeções atuais mostram que o estado poderá chegar neste ano a 5,3 milhões de hectares cultivados, somando safra e safrinha, o que representa um crescimento de cerca de 1% em relação ao ano anterior. Porém, mesmo com uma área superior, a produção dificilmente deverá alcançar os mesmos patamares da safra passada, já que as produtividades devem ficar menores neste ciclo.
A safra de verão, que tem seu plantio concentrado nos meses de outubro e novembro, é basicamente ocupada pela soja, cultura que deve chegar a mais de 3,35 milhões de hectares cultivados em Goiás, alta de 2% em relação ao ano passado. Este crescimento é esperado principalmente pela ampliação da integração lavoura-pecuária, agregando áreas de pastagens na produção agrícola e também pela expectativa de queda na área plantada de milho verão, que com rentabilidade esperada inferior a soja, deve perder espaço para a oleaginosa.
As chuvas chegaram com pequena intensidade dentro do mês de outubro em todo o estado, período onde não foi plantada nem 10% de nossa área total de verão. A situação preocupa principalmente pelo estreitamento da janela ideal de cultivo do milho safrinha, plantado logo após a colheita da soja no início do próximo ano. Isso intensifica as expectativas de uma safra mais moderada em termos de produtividades médias, principalmente em relação ao último ano.
No lado da rentabilidade a tendência também é desfavorável aos produtores, já que mesmo com uma redução média de 7% nos custos totais de produção da soja, as margens estão mais deprimidas em função da queda substancial nos preços médios da soja em relação ao ano passado. Este cenário fez com que a comercialização antecipada da soja esteja mais lenta neste ano do que vinha sendo observado nas últimas safras, com menos de 20% do volume a ser produzido já com vendas travadas até o momento.
Porém o mercado está em aberto, e influenciado pela demanda bastante consistente nos mercados interno e externo, é possível ainda apresentar boas oportunidades de comercialização a melhores preços tanto na soja como no milho, o que certamente para os produtores de grãos poderá representar boas oportunidades de buscar melhores negócios.
O certo é que os efeitos da combinação do fator climático sempre bastante imprevisível, com um agronegócio altamente integrado ao mercado financeiro, sujeito a todos os efeitos dos cenários políticos e econômicos no Brasil e mundo afora, tornam a atividade agrícola cada dia mais complexa e cheia de riscos. O cenário inicial não é dos mais atrativos, mas a nova safra já começou. Que possa trazer bons resultados ao homem do campo e consequentemente a toda nossa sociedade.