Márcio Sena é pecuarista e membro da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg.
A primeira lembrança que vem à mente quando se fala em pecuária é de um boi, mas temos, sob este mesmo guarda-chuva, grandes, médios e pequenos animais. Porém, neste espaço, vamos focar exatamente no mais lembrado: o boi e sua companheira: a vaca!
Devemos muito aos bovinos, pois eles fazem parte das nossas tradições e do nosso dia a dia, tanto para quem os cria, como para aqueles que gostam de um churrasco ou apreciam um bife com arroz e feijão, ou, tomam seu café com leite todo dia cedo.
Em tempos de alimentos hightech, produzidos em laboratório ou em fazendas urbanas, ou mesmo de “carnes”, leite e ovos vegetais, ninguém pode negar a contribuição e a evolução do setor pecuário no nosso País.
Os índices zootécnicos, tanto do leite como da carne, no mínimo dobraram nos últimos 30 anos, saindo de 3/ 4 @/ ha/ ano, para algo em torno de 6@/ ha/ ano, para a carne, e de 900 a 1.000 l/ vaca/ ano para 1.800/ vaca/ ano no leite.
Segundo dados da ABIEC (2018), a produção de carne bovina multiplicou por 1,78 em 13 anos (dados de 1994 a 2007), o que equivale a uma taxa de crescimento de mais de 6% aa.
Dados da Embrapa dão conta que em 2015 o Brasil detinha o maior rebanho comercial do mundo, 209 milhões de cabeças, o segundo maior consumo (38,6 Kg/ hab/ ano), sendo o segundo maior exportador (1,9 milhões de toneladas) de carne bovina, tendo abatido mais de 39 milhões de cabeças.
Por sua vez, a produção de leite quadruplicou em quatro décadas, segundo o Anuário do Leite da Embrapa, recém publicado, o que, feitas as contas, equivale a um aumento de 7,5% aa.
Na pecuária de corte já está comprovado o potencial produtivo de mais de 60@/ ha/ ano, e no leite produtividades reais de mais 10.000 l/ vaca. O desafio, principalmente para os produtores, é torná-lo realidade de forma economicamente sustentável. De qualquer modo, a própria amplitude dos resultados demonstra oportunidades e grandes desafios. O principal deles seria definir o melhor sistema de produção dentre os muitos praticados.
Além disso, hoje fala-se em agricultura 4.0, pecuária de precisão, uso de drones, dentre outras novas tecnologias, todas importantes, principalmente quando se chega à conclusão de que, cada vez mais, um grupo seleto de produtores está produzindo parcela significativa da produção, justamente os que adotam mais tecnologias, mas não necessariamente, os que usam mais insumos.
Ao que tudo indica, os produtores devem adotar mais tecnologia não para levarem vantagens, mas para não saírem do mercado.