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Agronegócio deve puxar retomada

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Recuperação no Estado será mais rápida nos setores essenciais, que ou não sentiram a crise ou a vivenciaram em menor impacto, como produção de alimentos e medicamentos

As consequências da crise econômica causada pelo novo coronavírus ainda são dimensionadas. Apesar das incógnitas, há aposta de que os setores essenciais é que devem liderar a recuperação, com destaque para o agronegócio, produção de alimentos, medicamentos, telecomunicação e e-commerce. É o que aponta estudo da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás (SIC).

Esse destaque ocorre porque essas áreas sentiram menos a crise, ou nem entraram em dificuldade. O agronegócio, por exemplo, é responsável por grande parte da produção de riquezas no Estado - teve crescimento de 4,1% em 2019. "Acreditamos que vão crescer no Estado e são importantes para a economia", reforça o subsecretário de Atração de Investimentos e Negócios da SIC, Adonídio Neto Vieira Júnior, ao citar a rápida recuperação que pode ocorrer em alguns segmentos.

"Concordo que o agro deve impulsionar a retomada, porque vamos ter uma safra recorde de grãos e de todos os setores afetados foi o que não parou, até para manter o abastecimento da população", pontua o diretor executivo do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Edson Novaes. Ele lembra que há áreas mais privilegiadas, como produção de soja, milho e carne, pela exportação, alta do dólar e retomada das compras da China.

"Das exportações, o agronegócio representou 84% em Goiás em abril." Porém, também há aqueles afetados pelo fechamento dos comércios e restaurantes no setor, como produtores de hortifruti, de leite e queijo e piscicultores. "Para esses demora, mas recuperam mais rápido do que outros setores da economia. Outra coisa importante é que a pandemia traz novo mecanismo de comercialização, que são as vendas on-line e é preciso ficar de olho no que o mercado demanda", aconselha.

Tecnologia

O início do isolamento social, com a proibição de feiras, significou perda de até R$ 10 mil para o agricultor familiar de produtos orgânicos Cláudio de Castro, de 57 anos. Mas o pós-pandemia pode trazer aumento no faturamento, que já recupera ao acompanhar as mudanças do consumo. Isso porque, para conseguir vender, ele passou a ofertar o serviço de delivery e desenvolveu um site para vendas. Duas tendências reforçadas na pandemia, junto com a procura por alimentação mais saudável.

Somente no grupo de WhatsApp criado para vender produtos da Ecovila Mãe Terra, ele diz que praticamente triplicou os contatos em um mês. Isso com o boca a boca, sem investir em divulgação. Teve dificuldades nos primeiros dois meses, mas não parou de trabalhar, reduziu produção e se adaptou para mirar outro horizonte. "Não tenho dúvida de que o delivery veio para ficar e, retornando as feiras, vamos ter necessidade de produzir mais do que antes."

De outro lado, quem já dispunha um ambiente on-line para ligar pequenos produtores aos clientes percebeu que a crise trouxe até crescimento. Esse é o caso do sócio-proprietário da Love Orgânicos, Geraldo Rodrigues da Silva Junior. A empresa lançou aplicativo de e-commerce recentemente e reúne produção de pelo menos 40 parceiros. "Aumentou nosso número de entregas, quase que dobrou nosso faturamento. Esse é um mercado que só cresce devido a alta divulgação. Hoje, não tem bobo mais. Todo mundo que quer ter alimentação saudável, tem acesso a informação, busca produto de qualidade, que não faça impacto na natureza e não traga risco para a saúde", defende.

A adaptação vivenciada no campo por produtores de orgânicos também deve ser necessária em outras cadeias para uma retomada no Estado. O governo estadual e o setor produtivo estudam ações para conseguir reestruturar a economia, o que inclui linhas de crédito, programas de incentivos fiscais, como ProGoiás, e oferta de cursos gratuitos.

"A economia vai retomar o crescimento na forma de 'V' e não de 'U'. Vai bater em um ponto lá embaixo e vai subir. Até lá, as empresas em dificuldade têm de, primeiro, buscar inovações", reforça o subsecretário de Assuntos Metropolitanos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação (Sedi), Everton Correia.

Segundo o subsecretário da SIC, Adonídio Neto Vieira Júnior, as atividades essenciais permitem um cenário mais positivo localmente em comparação ao que ocorre em outras regiões do País. Apesar disso, sabe-se que para outros setores as dificuldades são maiores e uma retomada é prevista somente a partir do próximo trimestre, nas melhores perspectivas.

Indústrias estão atentas às mudanças no consumo

A indústria ligada à alimentação, construção civil e mineração têm boas perspectivas para retomada no pós-pandemia. É o que indica o acompanhamento da conjuntura econômica feito pelo Estado de Goiás. Mas, assim como o comércio, a indústria sabe que esse momento também vai exigir adaptação nas estratégias devido às mudanças no consumo no mundo.

As indústrias mais preparadas para o momento, como reforça o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, são as que não pararam, ligadas às produções essenciais. "Isso faz com que tenhamos algumas que continuarão no embalo, como as que passaram a produzir produtos ligados ao combate ao coronavírus, que, como dengue e malária, veio para ficar."

Ele completa, no entanto, que há recomendação da entidade para mudança de hábitos que deve afetar todos os negócios. "As indústrias precisam tomar cuidado ou o produto delas fica fora. Na alimentação, por exemplo, o pessoal diz que precisa ser mais saudável, e é um processo que vinha acontecendo de reduzir sódio, açúcar", cita.

Mabel destaca o papel da venda on-line e do delivery, que ganhou mais força e amplia a área das tecnologias e a redução da necessidade de deslocamento, o que reflete diretamente na indústria automotiva.

A mineração tem cenário favorável, especialmente por conta da alta do dólar, mas o presidente da Fieg defende que é preciso criar "uma nova onda" e ter leilão de áreas disponíveis e legislação mais simplificada para atração de empresas.

"Acreditamos que Goiás tem condições de triplicar o tamanho dele na mineração, que não é o pequeno", pontua, ao lembrar que a construção civil também vai junto.

"A retomada passa pela construção civil, é a alavanca. A grande pergunta é quando isso vai acontecer", diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Goiás (Sinduscon), Eduardo Bilemjian Filho. Lembrando que o setor público é um indutor, ele ressalta que as obras públicas já estavam mais lentas pela situação da economia antes da crise do coronavírus, enquanto o setor privado vinha de um otimismo que foi atropelado e, por isso, os lançamentos e novos projetos foram adiados.

Mesmo com esse cenário, o subsecretário de Atração de Investimentos e Negócios da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás (SIC), Adonídio Neto Vieira Júnior, afirma que o Estado tem forte atratividade até para a vinda de novas empresas. Uma das justificativas é a força dos setores essenciais, que não pararam.

Nesta segunda-feira (25), por exemplo, está prevista a assinatura de protocolos de intenções com cerca de 20 empresas, para R$ 1,1 bilhão de investimentos e promessa de geração de 11 mil empregos diretos e indiretos, conforme o subsecretário.

Comércio deve ganhar força no fim do ano, prevê estudo da SIC

Com mais de dois meses de portas fechadas, o comércio só deve retomar a sua força no fim do ano no Estado. Isso é o que prevê estudo de acompanhamento realizado pela Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás (SIC). A partir do mês de agosto, é esperada o início dessa recuperação pós-pandemia, segundo o subsecretário de Atração de Investimentos e Negócios, Adonídio Neto Vieira. Isso se o comércio reabrir e a situação da pandemia tiver de fato um controle. O que vale para o setor de vestuário, móveis e eletrodomésticos. Porque os setores automotivo e de combustíveis devem demorar mais, pela forte queda na circulação de pessoas.

Já turismo e viagens são os mais impactados e só devem vir a reagir no ano que vem a patamares semelhantes ao que se tinham antes da crise causada pela pandemia de coronavírus. Sobre a estimativa, o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiochi, avalia que não tem uma área do comércio, com exceção dos essenciais - o que inclui supermercados - que possa se sobressair. "É uma retomada de pós-guerra, mesmo sendo contra um vírus, mas é uma guerra.

As empresas terão dificuldade para se reposicionar e muitas não conseguirão voltar." Marcelo defende que cada dia a mais fechado é um dia a menos de faturamento e um dia a mais de despesa. "Sem dúvida de que a grande maioria das micro e pequenas empresas, que são 90% dos negócios, vão precisar de apoio financeiro para voltar." Situação ainda mais séria é a do turismo. "Tudo indica que será um dos últimos setores. E é toda uma cadeia que não sobrevive só do movimento local, mas de pessoas que vêm de várias cidades e que dependem da malha aérea e de outros serviços que envolvem uma volta gradual."

Segundo o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, há intenção de regulamentar o aluguel por temporada, que é oferecido por plataformas como Airbnb, para tornar a competição no mercado mais equilibrada. Isso porque ele acredita que é preciso cobrar uma taxa mínima, pois há hotéis em dificuldades em Goiás. Ele lembra que ajudou a implementar lei semelhante em Caldas Novas, mas que não foi regulamentada. "Vamos retomar o assunto, porque no pós-crise é preciso ajudar a hotelaria", defende.

Reportagem: O Popular

Imagem: Divulgação

Comunicação Sistema Faeg/Senar


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