Michelle Rabelo
Sthefania Victória, 12 anos, parece ter uma intimidade grande com o cavalo, mas segundo a mãe da menina nem sempre foi assim. Há cerca de dois anos a garota vai ao centro de equoterapia que fica no Viveiro Pancoti, em Hidrolândia. De lá para cá, seu segundo nome se transformou na melhor maneira de definir sua participação no Programa Equoterapia: uma vitória. Por falta de oxigenação no cérebro, ela não fala e não anda. O tratamento com ajuda de cavalos foi um dos muitos caminhos que a mãe da pequena procurou para ajudar a filha.
O centro integrou a lista de cidades que técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Mato Grosso do Sul visitam entre hoje e quinta-feira (4). O grupo veio à Goiás com o objetivo de ver os resultados práticos do programa de Equoterapia. O programa é de autoria do Senar goiano e tem sido referência quando o assunto é o tratamento de pessoas com necessidades especiais ou que tenham sofrido traumas como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Juntamente com Sthefania, várias outras crianças são tratadas em Hidrolândia e segundo a Coordenadora da Associação Down de Goiás (Asdown), Ana Maria Ferreira Motta – foi ela quem recebeu a comitiva nesta quarta-feira (3) – muito ainda precisa ser feito para ajudar os pacientes no que diz respeito ao tratamento e à inclusão social.
Representando o Senar de Mato Grosso do Sul, a zootecnista, Samara Niyaki, a analista pedagógica, Jussara Pedroso, e o médico veterinário, Horácio Tinoco. Para Jussara, o que mais chamou atenção foi a quebra da ideia de que precisa-se de muito dinheiro para montar um centro de equoterapia. “Pude perceber aqui que não é preciso uma grande estrutura para dar o pontapé inicial. O trabalho pode ser desenvolvido em um ambiente simples”, destacou.
Jussara aponta o recurso humano como o ponto mais complicado. “Encontrar profissionais capacitados para trabalhar é o mais difícil, visto que vamos ter que contratar psicopedagogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros”. A opinião da analista pedagógica não é compartilhada pela zootecnista, Samara Niyaki, que aponta o recurso financeiro como o grande entrave.
Exemplo de superação
Quando o grupo chegou ao local, a grande surpresa foi Igor Pancoti. Ele é portador de Síndrome de Down, tem afinidade com cavalos desde criança e foi com a ajuda dos animais que se tornou instrutor do centro de Equoterapia.
Ao conhecer a equoterapia, sua mãe, Mara Sueli Pancoti, viu na prática uma forma de melhorar a socialização do filho, além de suas habilidades motoras e suas técnicas de equitação. A mãe, então, montou o centro de equoterapia na área onde já funcionava um viveiro da família para atender Igor. Depois do aprendizado, Igor se tornou instrutor do centro e auxilia na reabilitação de outros jovens e crianças.