Michelle Rabelo
Como ser mais assertivo na capacitação rural? Aumentar o alcance da qualificação, facilitar o aprendizado dos participantes e inserir no cronograma cursos de graduação e pós-graduação? Estas e outras questões estiveram na pauta do Encontro de Instrutores do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás. Como vem acontecendo há vários anos, cerca de 200 instrutores se reuniram para analisar o trabalho de capacitação feito junto aos produtores rurais goianos. O encontro ocorreu de quinta (24) a sábado (26) no Hotel Mestre D’armas, situado no município de Padre Bernardo.
A intenção foi reunir sugestões de melhorias nos cursos e nos atendimentos oferecidos pelo Sistema. Além de trocar experiências, enxergar novas possibilidades e conhecer mais de perto a realidade do Senar Central, que tem unido forças com unidades de todo o Brasil para pensar o futuro da formação rural. Hoje, a estrutura nacional conta com 4.500 instrutores, 2.550 Sindicatos Rurais (SR), 1 milhão de alunos capacitados anualmente – 70% nos cursos de Formação Profissional Rural (FPR) - e muito trabalho.
Para isso, instrutores apresentaram as dificuldades encontradas no dia a dia e discutiram, em conjunto, soluções para as demandas, além de participarem de atividades motivacionais. Durante os três dias eles tiveram a oportunidade de trocar experiências e assistir a palestras como a do secretário executivo do Senar Central, Daniel Carrara, que falou, no sábado (26), sobre o cenário do Senar previsto para 2020.
Na ocasião também foi debatido um novo modelo de aprendizagem rural, que aborda os aspectos sociais do homem do campo como a estrutura familiar, os hábitos que por vezes prejudicam o aprendizado, as dificuldades de colocar em prática o que é repassado pelos instrutores, entre outros.
O problema da mão de obra
O assessor técnico da Faeg, Carlos Antônio Toledo, falou sobre a importância de um instrutor proativo com espírito de equipe e do papel deste instrutor na hora de incentivar o produtor a buscar qualificação.
O maior problema do setor rural hoje é a falta de mão de obra. Falta gente para empurrar o agronegócio para frente”, disse Daniel Carrara durante sua apresentação. Ele emendou apresentando dados que mostram o curso de bovinocultura de leite como o mais demandado no Brasil e a área como a mais carente de trabalhadores. “É um paradoxo. O pessoal se qualifica, mas não quer trabalhar na área”.
Carrara também abordou a questão da diminuição da sucessão familiar, o que impacta diretamente na carência de mão de obra no campo. Para ele, uma expansão no público-alvo (que pode passar a incluir trabalhadores rurais desempregados, por exemplo), melhoria na qualidade de vida e aumento das expectativas do jovem do campo, e investimento em uma capacitação continuada são possíveis soluções. “O caminho é investir em quatro bases: formação inicial continuada, educação profissional técnica de nível médio, educação profissional de nível superior e pós-graduação”, defende Daniel.
Investimento
O instrutor de bovinocultura, suinocultura e inseminação artificial, Osquel Alberto Padeilla, defende também um investimento em cursos para os instrutores, o que “refletiria diretamente na qualidade do serviço oferecido”. Ele é educador do Pronatec, que hoje capacita 70 mil jovens, e diz que o programa ganhou credibilidade junto à sociedade pela necessidade dos jovens.
Carrara apresentou aos instrutores o projeto do Centro de Excelência em Educação Profissional Rural do Senar Central, que já está a todo vapor com verba para construção já liberada e processo de licitação em andamento. O projeto é composto por cursos presenciais e à distância. Uma das turmas – a de bovinocultura – será aberta no município de Bale Vista de Goiás.