Catherine Moraes
Com data já definida para o próximo mês de maio, a Comissão de Irrigação da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu, na última semana, para discutir a programação do evento e a necessidade de tratar do tema em um momento de escassez de água no país. Entre os aspectos a serem discutidos estão: a diferença entre consumo e utilização da água e a proposta de um plano diretor da irrigação para Goiás.
“Na irrigação o percentual que a planta absorve é ínfimo perto da porção que infiltra no solo realimentando os lençóis freáticos e as nascentes. Já nas cidades, os estabelecimentos urbanos utilizam água limpa, devolvendo aos rios água de baixíssima qualidade. Nem todas as pessoas sabem como funciona o ciclo da água e quando ouvem que a irrigação utiliza 72% da água do país, não entendem a diferença entre utilização e consumo”, pontua Jordana Sara, consultora técnica do Senar Goiás para a área de Meio Ambiente.
Presidente da Comissão, Eduardo Veras afirma que, neste momento de crise hídrica, o objetivo é comum: utilizar de forma correta esse precioso recurso, atendendo todas as necessidades de uso da população aliada à preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente.
“A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estima que vamos chegar a 9,3 bilhões de habitantes até 2050, e para atender este acelerado crescimento na demanda, a produção mundial deverá aumentar 70%, sendo o Brasil responsável por 40% desse total. É um assunto que merece ser tratado com cuidado”, completou o presidente da Comissão.
Irrigação e preço dos alimentos
Hoje, a agropecuária irrigada contribui fortemente na manutenção de preços acessíveis dos alimentos, pois permite a disponibilização deles durante todo o ano, evitando os picos de inflação. É por meio da irrigação que alimentos como o feijão conseguem ser plantados e colhidos até três vezes ao ano.
O setor agropecuário mundial produz cerca de 5,5 bilhões de toneladas de alimentos, sendo que um quinto de toda a área produtiva utiliza algum sistema de irrigação. Esses 20% de área irrigada no mundo são responsáveis por 50% da produção mundial de alimentos. No Brasil ela chega a 8% do total e já é responsável por mais de 25% da produção de alimento no país.
Tipos de irrigação
Goiás possui uma das maiores áreas irrigadas do país, sendo o pivô central o sistema mais utilizado. Os pivôs apresentam eficiência média de 85%, chegando a 95% com manejo correto. Outro método que vem crescendo é o gotejo, que apresenta eficiência média de 95%, mas que não é indicado para qualquer cultura. Dessa forma percebemos que os equipamentos são eficientes, quando comparados, por exemplo, ao sistema de abastecimento público, que fechou 2014 com perdas de 37%.
Vazão autorizada para captação
A vazão de água autorizada para captação na irrigação ou qualquer outro uso não é a vazão total do rio, e sim a vazão que pode ser outorgada, mediante autorização das autoridades responsáveis pela gestão da água e feita com base em estudos hídricos e ambientais. Essa gestão é responsável, para em caso de escassez, fazer cumprir a Lei 9.433/97, e priorizar o uso desse bem para o abastecimento público e a dessedentação animal.