De longe, não dá para imaginar o que acontece em dois dos quatro galpões que ficam ao lado do Sindicato Rural de Anápolis. Mas assim que o visitante se aproxima do lugar escuta as risadas de quem encontrou na equoterapia a esperança de melhora. Os locais, muito bem cuidados, foram o último ponto de visita da comitiva de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Mato Grosso do Sul, que veio à Goiás com o objetivo de ver os resultados práticos do programa de Equoterapia.
O programa é de autoria do Senar goiano e tem sido referência quando o assunto é o tratamento de pessoas com necessidades especiais ou que tenham sofrido traumas como o Acidente Vascular Cerebral (AVC).
No caso de Anápolis, onde o Sindicato Rural iniciou as atividades do programa em 2013, a lista de beneficiados subiu de 12 para 20, entre crianças, adultos e idosos. Com estes pacientes, trabalham um fisioterapeuta e dois psicólogos. Os animais foram doados e são os xodós das crianças que fazem tratamento no local.
É o caso da pequena Júlia Moreira, 6 anos, que é portadora de Síndrome de Down. Por indicação médica, ela frequenta o centro de equoterapia desde 2013 e segundo a mãe, Joyce Moreira, muita coisa mudou de lá para cá. “Ela não falava quase nada, não tinha equilíbrio e quase nenhum desenvolvimento no que diz respeito à coordenação motora. Mas isso é coisa do passado”, comemora.
Joyce conta ainda que Júlia tinha muito medo do animal e relutava em fazer o tratamento. “Ela fez um trabalho longo com psicólogo e aos poucos foi se acostumando. Hoje ela chora na hora de descer do cavalo. Não quer ir embora”, explica.
Comitiva
Vindos do Senar MS, a zootecnista, Samara Niyaki, a analista pedagógica, Jussara Pedroso, e o médico veterinário, Horácio Tinoco,elogiaram muito o que viram nas terras goianas. Também integrando a comitiva, o ex-presidente do Sindicato Rural (SR) de Jardins (MG), Paulo Bozoli, conta que durante uma visita à Goiânia em 2013 conheceu o programa Equoterapia e se apaixonou. “Eu me encantei com o caráter do trabalho e com a possibilidade de contribuir com as pessoas que precisam e que não tem acesso”.
Para Bozoli, a grande surpresa ao revisitar a capital goiana e ter um novo contato com a equoterapia, foram os resultados práticos e os depoimentos das mães que apontam melhoras significativas e rápidas. “O baixo custo também me deixou animado. Quero ir embora e começar a implantar o programa de imediato em Jardins”, pontua.
O médico veterinário, Horácio Tinoco também foi só elogios ao trabalho feito pelo Senar Goiás. “A maneira como o projeto é tocado pelos profissionais, pelos Sindicatos Rurais e pelo próprio Senar Goiás me surpreenderam”.
O médico destacou ainda os cuidados e o contato afetivo do paciente com o animal. Ele afirma que características como o cheiro, a docilidade e calor do cavalo acalmam o praticante. “Pude notar que há uma preocupação com o cavalo. Eles comem em piquetes separados, tomam banho, são escovados, têm acompanhamentos nutricional e sanitário, entre outros pontos muito importantes para o bem estar do animal”.
Horácio explicou que o Senar MS ainda não tem um projeto escrito, mas que o aumento da demanda por tratamento de equoterapia junto aos Sindicatos Rurais (SRs) fez com que a entidade buscasse mais informações vindo à capital goiana. “O objetivo é que até 2015 nossas instalações estejam prontas. Vamos escrever o projeto, buscar parcerias, conseguir um local e contratar os profissionais”.
Superando limites
Miguel Augusto Alves, 5 anos, teve paralisia cerebral e desde então luta por melhoras diariamente. Ele e a mãe frequentam o centro de equoterapia há cerca de 1 ano e o garoto evoluiu consideravelmente de lá para cá. “Ele já fica em pé, fala algumas palavras e consegue se expressar muito melhor”, conta a mãe, Eunice Alves.