Murillo Soares
Na última quinta-feira (3), membros da diretoria da Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniram no auditório da entidade com presidentes e representantes dos Sindicatos Rurais (SR) durante Assembleia Geral. Estavam em pauta ações que a Federação realizou durante 2015 e avaliações de temas que vem tirando o sono dos produtores. Outros assuntos também entraram na ata, como o calendário de eventos de 2016, projetos da entidade, reforma do Estatuto da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e gargalos em geral por parte dos produtores.
O presidente da Faeg, José Mário Schreiner, começou citando o Seguro Rural, um assunto polêmico e que, segundo ele, extremamente necessário. “Hoje temos apenas R$ 400 milhões para isso, sendo que precisaríamos de mais ou menos R$ 1,5 bilhões”, ponderou. Falou-se também sobre o Programa de Investimentos em Logística (PIL), do Governo Federal, a criação de uma Subcomissão de Trigo, Fundepec, Programa Leite Saudável, Grupos de Assistência Técnica e um corte no orçamento de todo o Sistema S brasileiro.
Uma reforma no Estatuto da CNA também foi discutida. José Mário apontou que um dos maiores problemas é que as eleições da Confederação, muitas vezes, se chocam com as eleições brasileiras. “Não deve haver interferências partidárias no processo. Por isso, propomos mudar as eleições da CNA para o período de 4 anos, ao invés de 3”, destacou. “Também não queremos que o presidente da instituição seja o presidente da comissão eleitoral. Temos de dar transparência e segurança às eleições”, completou.
Outro tópico importante foi a sugestão de um Fundo da Soja. Segundo Bartolomeu Braz Pereira, o primeiro vice-presidente institucional, 60% das áreas agricultáveis de Goiás são ocupadas por soja, por isso vê-se importância em criar um projeto como este. “Com o fundo investiremos em estudos, pesquisa, capacitação e extensão rural para dar continuidade e fundamento à profissão”.
José Mário também deu destaque especial à situação das rodovias de Goiás, à energia elétrica, à segurança pública – sobretudo roubo de gado – e à invasão de áreas que vem acontecendo no nordeste do estado. “Estamos aqui para buscar resultados, não fazer barulho. Muitos dizem que não bradamos na imprensa, mas gritar em frente a uma câmera não traz resultados”, concluiu.
Com a palavra: os produtores
Após a exposição da mesa diretiva, deu-se a palavra aos produtores e representantes dos Sindicatos Rurais, que tiveram algumas divergências de opinião. Alécio Maróstica, presidente do SR de Cristalina, criticou o Seguro Rural, observando que este já existe há 10 anos, porém, segundo ele, passou todo este tempo “na UTI”. “Quem sustenta este país é a Agricultura. Não tem possibilidade de a própria Agricultura pagar para se sustentar”, garantiu.
Ricardo Assis Peres, presidente do SR de Jataí, pontuou sobre as questões de segurança pública e energia e contou que, ainda nesta semana, sete ônibus, dois caminhões e um orelhão foram incendiados em seu município. “Somos impotentes neste sentido”, observou. “Temos que enviar ofícios para todos os órgãos responsáveis pela segurança, para que possamos dormir com a consciência limpa e sem medo”, sugeriu.
José Mário respondeu que a Faeg tem começado este trabalho. Outros presidentes tocaram em outros pontos da segurança pública, como assalto em propriedades rurais e roubo de gado. “Há quem alugue casas na cidade apenas para dormir, devido ao medo que sentem à noite em suas fazendas”, pontuou Olavo Passos, presidente do SR de Padre Bernardo.
Cirino Vicente, de Niquelândia, tocou no ponto da capacitação. “Há pessoas que fazem 15 cursos do Senar, mas acabam não exercendo nenhuma dessas atividades. Isso gera perda de tempo e dinheiro”, sublinhou. Muitos outros presidentes também contaram casos similares e se propuseram a pensar em uma solução. Falou-se também sobre vendas casadas em bancos, falta de parceiras nos municípios e as dificuldades de se manter programas como Equoterapia, que são caros e carecem de apoio em várias cidades.
Homenagem
Antes da reunião começar, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, fez uma homenagem póstuma a dois membros que marcaram a história da Federação e foram perdas irreparáveis: Oscar Lopes, que era vice-presidente do Sindicato Rural de Niquelândia; e Theldo Emrich, que foi presidente do SR de Goiânia, ajudando, inclusive, em sua construção e estruturação. “Deixamos aqui nosso sentimento de gratidão a tudo que representaram para todos nós”, concluiu. Foram entregues placas aos familiares presentes, simbolizando o respeito pelas atividades realizadas para a Faeg.
Na mesa diretiva estavam presentes: José Mário Schreiner, presidente da Faeg; Leonardo Ribeiro, primeiro vice-presidente; Eurípedes Bassamurfo, primeiro vice-presidente administrativo; Nelcy Palhares, segunda vice-presidente administrativo; Bartolomeu Braz Pereira, primeiro vice-presidente institucional; Wanderley Rodrigues Siqueira, segundo vice-presidente institucional; e Rômulo Pereira da Costa, titular do Conselho Fiscal.