Quem já conhece a fundo o artesanato goiano – e toda história que ele carrega em suas cores, trançados, formas e combinações – não se espanta quando se depara com uma iniciativa que pretende divulgar a arte feita com as mãos e com o coração. “A causa é mais que justa. E mais: é a oportunidade ideal para discutirmos ainda a qualidade e o design dos produtos e o fortalecimento da marca. Coisas práticas que fazem toda a diferença no momento da venda”, pontua a coordenadora dos cursos de artesanato, saúde e demais programas do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás, Fátima Araújo.
A iniciativa de discutir o artesanato goiano partiu da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e agora conta com apoio de vários segmentos culturais. Por meio de um convênio com o Ministério da Cultura, o governo estadual criou o Goiás Criativo, cuja sede fica no Centro Cultural Octo Marques, setor central da capital. Dentro do projeto surgiu o Conexões Criativas, que com a tutoria educacional de Margareth Ribeiro, reuniu um grupo de artesãos e representantes do setor para discutir formas de alavancar o artesanato goiano.
Fátima, que participou de todas as reuniões, esteve no último encontro para falar sobre os cursos oferecidos pelo Senar Goiás na área de artesanatos e dos desafios e possibilidades econômicas da profissão. No local, o grupo debate ainda a realidade atual do artesanato no Brasil, o potencial, a cadeia produtiva e os gargalos do setor. O objetivo é, a partir de dados de pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), debater a necessidade de organização do artesanato em Goiás e da conscientização do artesão sobre sua posição como empresário.
Para Fátima, um outro ponto que precisa ser levado em consideração é a qualidade e o design do produto. “Temos artesãos artistas, mas a grande massa está preocupada com a padronização dos produtos para a venda. O artesão muitas vezes não cria e por isso precisamos pensar na maneira pela qual as instituições trabalham as conexões criativas”.
Durante os encontros definiu-se ainda a criação de uma agenda de parcerias e ações, junto à Associação Brasileira das Indústrias Hoteleiras em Goiás para uma possível manifestação temática do artesanato goiano e a criação de um site para apresentação dos trabalhos.
A importância dos encontros foi destacada diante dos dados que representam o artesanato goiano. Ao todo, são 8,5 milhões de artesãos, sendo que 87% são mulheres, que geram R$ 30 bilhões por ano, representando 2,8% do PIB nacional.