Com um trabalho majoritariamente familiar, os fornecedores de cana-de-açúcar da Austrália enfrentam gargalos como escassez de água em algumas regiões e falta de mão de obra. Por outro lado, a infraestrutura de irrigação e transporte são pontos fortes observados na Austrália. Apesar de o setor produtivo na Austrália ser focado em produção de açúcar, o processo de produção da matéria-prima (cana-de-açúcar) é bem semelhante ao encontrado no Brasil.
Na Austrália não há legislação trabalhista que regule a atividade rural e um trabalhador recebe em torno de AUD 30,00 por hora de trabalho incluindo os encargos sociais, valor equivalente a R$ 63,30. Com uma grande produção de carvão mineral, entretanto, a competição com o setor agrícola é desleal, já que o carvão oferece maiores salários.
No quesito transporte, trilhos com vagões se espalham pelos campos de produção em meio às lavouras a espera do carregamento de cana colhida a ser transportado à usina. São mais de 4 mil km de malha ferroviária que cortam as principais regiões produtivas de cana no país. A malha, mesmo que antiga, atende bem aos produtores e atualmente, não são mais construídas linhas férreas em função do alto custo de implantação da mesma. Os investimentos nas ferrovias nas propriedades são da própria usina, que também pertencem aos produtores.
A busca pelo aumento da produtividade é o principal foco dos pequenos produtores, isso inclusive é fator de sobrevivência em meio a um cenário de aumento de custos. Tem se procurado potencializar a irrigação, o uso de insumos e realizar prática de rotação de culturas. Em se falando em rotação, a soja é uma das culturas mais usadas, porém, não tem muito valor na Austrália no que diz respeito à exportação, assim toda a planta é incorporada ao solo, inclusive os grãos. Terceirização de serviços nos tratos culturais da lavoura são realizados nos vizinhos, assim incrementando a renda.
Meio ambiente
Nas questões concernentes ao meio ambiente, notamos uma grande disparidade comparadas ao Brasil. Não há exigência de reservas ambientais na propriedade, porém, as existentes precisam de permissão para serem trabalhadas. As áreas montanhosas são todas bem preservadas e são, inclusive, parques de proteção do Estado.
Os solos nas principais regiões produtores variam muito em aspectos de textura e fertilidade, mas em geral são fracos e precisam de matéria orgânica e insumos. Os resíduos das usinas são largamente usados como torta de filtro, cinzas de caldeira e vinhaça.
Tecnologia
As propriedades pequenas são bem familiares e com uso moderado de tecnologia. Já os grandes empreendimentos fazem uso pesado de aparatos tecnológicos para aumentar os índices de produtividade. Uma propriedade visitada foi a de David Cox, um produtor com mais de 2600 ha. No local é feito o uso de máquinas adaptadas exclusivamente ao sistema produtivo da fazenda.
O sistema de controle de tráfego foi uma das tecnologias vistas em campo e com ganhos reais de produtividade comparado aos sistemas tradicionais de produção de cana na região. O controle de tráfego de máquinas em todas as operações do processo produtivo, incluindo a colheita, tem contribuído, por exemplo, para diminuição da compactação do solo e assim melhorando a produtividade de toda fazenda.
Potencial
Sem dúvida o Brasil está em fase de grande avanço na produção de cana-de-açúcar, mas pelo que se viu na Austrália, temos um potencial enorme de crescimento. Além disso, precisamos buscar novas tecnologias que nos consolidaram cada vez mais como o principal produtor e gerador de tecnologias do setor sucroenergético em todo mundo.
Na Austrália, a busca por novas tecnologias veio pela necessidade de serem mais eficientes e a superar os gargalos. Já no Brasil, considerando a grande extensão de terras e menos problemas que na Austrália, a situação se encontra um tanto cômoda. É por esse motivo que a mudança de comportamento é urgente assim como a necessidade de sermos cada vez mais eficientes para continuarmos sendo competitivos.