Nayara Pereira
Cada vez mais, pragas e insetos representam uma constante ameaça para os citricultores em Goiás. Devido a esse fator, especialistas, produtores e profissionais ligados à área, se reuniram nesta quinta-feira (8), durante o 13° Seminário de Citricultura, para discutirem os gargalos, desafios e alternativas que envolvem o controle eficaz e o manejo de ácaros nas produções. O evento, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), faz parte do 1° Encontro Goiano de Fruticultura, que objetivou colocar em discussão, o desenvolvimento da fruticultura no estado por meio de conhecimento, tecnologia e extensão.
Na visão do presidente da Comissão de Fruticultura da Faeg, Wagner de Barros, no que diz respeito às pragas que constantemente causam perdas econômicas, os prejuízos ambientais também são muito grandes, principalmente em virtude do uso de inseticidas, que também fazem parte do processo. Para ele, o fato representa um desafio, o que torna urgente a busca por métodos de monitoramento durante o processo de plantação.
“Mesmo com alguns desafios, Goiás felizmente sai na frente em relação a outros estados. Não estamos sujeitos a determinadas pragas que afetam diretamente nossas plantações, mas precisamos continuar firmes e empenhados para que nossos cítricos se sobressaiam em relação as fortes pragas que afetam, São Paulo e Minas Gerais, por exemplo”, destacou Wagner. A intenção é trabalhar com técnicas para diminuir cada vez mais a utilização de pulverizações nos pomares e nas plantações.
Para o presidente, os produtores precisam trabalhar com alternativas que visam a rentabilidade dos frutos e cheguem na mesa do consumidor com qualidade. “O fruto tem que estar em condições satisfatórias advindas de um trato fitossanitário adequado. Se o fruto não apresentar a forma adequada ele vai ser rejeitado pelo consumidor, por isso é preciso trabalhar com técnicas e alternativas que traz resultado promissores”.
Manejo e controle
De acordo com o presidente da Associação Goiana dos Citricultores (Agocitros), Almir Bastos, as pragas mais presentes na citricultura em Goiás, são Ácaros, Pinta Preta e Mosca Negra, que causam cerca 80% de queda nos frutos. “Mesmo assim nosso estado não tem problemas sérios com essas pragas em relação a outros estados, que sofrem com pragas mais fortes como o Cancro Cítrico – doença que manifesta nos frutos e causam lesões em folhas, frutos e ramos”, explicou.
Para evitarem que doenças como essas ataquem as plantações no estado, Almir destaca o papel da associação através de palestras, visitas a campo e orientações aos produtores sobre a importância de se prevenirem. “São alternativas que estão fazendo a diferença. Instituímos uma lei estadual para evitar que frutos, galhos e folhas que vem de outros estados sem documentos, cheguem em Goiás contaminadas e já com bactérias e insetos que possam afetar nossas plantações”.
O produtor rural de Hidrolândia, Aparecido Ronqui, passou por um período conturbado em sua plantação de quase 10 mil pés de laranjas. Em 2014 a plantação sofreu com a Escama Farinha – praga que causa perda de vigor e produtividade da planta rachaduras no tronco que favorecem infecções por fungos e outras doenças -, mas com acompanhamento de perto por um agrônomo, a praga foi controlada.
“Temos monitorado todo o processo de plantação até a colheita das frutas. Nossa perda foi pequena em comparação a outros produtores que foram afetados. Atualmente fazemos um subcontrole para não deixarmos que a praga cresça e consequentemente afete toda a cadeia”, destacou o produtor.
Alternativas para produtores
Buscando levar informações aos produtores rurais sobre a forma correta de manejo das pragas, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), implantou o curso Manejo Integrado de Pragas, que objetiva capacitar os produtores rurais e pragueiros que trabalham no campo, sobre a importância de saberem quando fazer a aplicação de inseticidas e defensivos. “O produtor rural está acostumando em fazer apenas controle de pragas, mas não o manejo. O controle é quando você vai a campo, identifica as pragas e faz a aplicação na área toda, o que causa prejuízos e impactos ambientais”, explica o técnico adjunto do Senar Goiás, Leonnardo Furquim.
O treinamento será lançado no final deste mês, com duração de 16 horas e modulação específica para cada cultura. “A intenção é que todos saiam informados sobre as formas corretas de manejo e aplicações de defensivos nas plantações”.