Gilmara Roberto
A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) realizou nesta quinta-feira (13/11) reunião com representantes do setor produtivo para discutir uma instrução normativa (IN) que deve definir medidas fitossanitárias e culturais para o cultivo de girassol em Goiás. Cristiano Palavro, consultor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Goiás, participou da discussão do documento, que deve estabelecer alternativas para o desenvolvimento da cultura e o manejo de plantas voluntárias de soja, em consonância com o programa de manejo da ferrugem asiática no estado.
Em Goiás, o plantio de girassol é realizado predominantemente no período da safrinha, em sucessão às lavouras de soja. Como não há herbicida seletivo capaz de eliminar as sojas voluntárias sem prejudicar também o girassol, o manejo das plantas tigueras (aquelas que germinam a partir do material sobressalente da colheita) fica dificultado. Desse modo, a normativa deverá estabelecer medidas manejo que buscam formas alternativas de contenção das plantas voluntárias, principalmente no período do vazio sanitário da soja.
Entre as propostas da normativa destaca-se o estabelecimento de 31 de março de cada ano como data limite para o plantio de girassol. Definiu-se também uma data limite para a colheita de áreas que tenham a presença de tigueras de soja constatada, de até dia 30 de junho de cada ano. O documento prevê ainda a obrigatoriedade do cadastro das lavouras de girassol junto à Agrodefesa, a adoção de espaçamento entre linhas definido (de 45 a 60 centímetros) e a recomendação de aplicação de fungicidas para o combate da ferrugem asiática.
Esforço coletivo
Cristiano Palavro considerou que as medidas são fundamentais para atribuir responsabilidades para todos os envolvidos na cadeira produtiva e garantir o crescimento da produção de girassol em Goiás, estado que no passado já foi o maior produtor nacional do grão. “A normativa funcionará também como um termo de compromisso entre produtores, agência de fiscalização e indústrias processadoras, garantindo assim a correta implementação das áreas de girassol sem prejudicar o plano de manejo da ferrugem asiática da soja ao longo do ano”, afirmou.
Para o gerente de sanidade vegetal da Agrodefesa, João Carlos Kruel Sobrinho, a IN estabelece parcerias em favor da produção goiana. “Chegaremos a um acordo técnico e científico que deverá auxiliar na consolidação e na expansão da cultura do girassol em Goiás”, declarou.
Alternativa produtiva
Davi Eduardo Definé, coordenador da Caramuru Alimentos, principal processadora de girassol em Goiás, destacou que este grão representa uma alternativa para a rotação de culturas e uma ótima viabilidade econômica. “Em Goiás, a janela da safrinha é estreita para o cultivo do milho em muitos casos, mas é ideal para a cultura do girassol, que tem tecnologia específica e bons preços”, defendeu. Definé informou ainda que a Caramuru hoje processa cerca de 30 mil toneladas de girassol, enquanto possui uma capacidade total para processar 100 mil toneladas, evidenciando o interesse da indústria no produto.
Para a elaboração da IN, a Agrodefesa considerou ainda propostas apresentadas em um estudo desenvolvido pelo Centro Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A pesquisa indica parâmetros diferenciados para o cultivo do girassol em sucessão a cultura da soja, priorizando o uso de cultivares precoces, espaçamento entrelinhas reduzido, cuidados especiais na colheita da soja e dessecação pré-semeadura.
Conclusão do documento
As propostas da IN do girassol serão apresentadas aos produtores e membros da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), que irão avaliar as normas propostas. O estudo deverá ser devolvido à Agrodefesa, que deverá publicar o documento até o final do mês de dezembro.
Também participaram da reunião representantes da Atlântica Sementes e do Centro Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias (CTPA).