O lançamento, pela Ambev, de seu novo produto na área de bebidas vegetais, o leite de coco Do Bem, provocou polêmica entre pecuaristas da área leiteira. A campanha publicitária, além de nomear o produto como “leite”, tem como mote dar férias para as vacas. Embora o leite de coco culinário exista há décadas e leites vegetais como opção para pessoas com intolerância estejam nas prateleiras das lojas de produtos naturais, a campanha gerou insatisfação entre os produtores de leite. A empresa Do Bem informa que segue as normais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Diretor executivo do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Edson Novaes destaca dois pontos: a importância do leite sob o aspecto alimentício e de saúde para os consumidores e também do ponto de vista social, como gerador de empregos - 220 mil, entre diretos e indiretos, só no Estado - e de renda. Em Goiás, pontua Novaes, são mais de 60 mil pecuaristas de leite, com produção de 3 bilhões de litros anuais. O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Estado no ano passado foi de aproximadamente R$ 4 bilhões.
“Tanto do ponto de vista biológico como legal, leite é o líquido produzido pelas glândulas mamárias”, argumenta Novaes, citando a Instrução Normativa 51 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que trata da produção de leite. “Entende-se por leite, sem outra especificação, o produto oriundo da ordenha completa e ininterrupta, em condições de higiene, de vacas sadias, bem alimentadas e descansadas”. A intenção dos produtores, acrescenta, é chamar a atenção para os benefícios do consumo de leite (animal) e seus derivados.
Complementar
Ao POPULAR, o fundador da Do Bem, Marcos Leta, disse que o produto segue a regulamentação da Anvisa para produção e comercialização de alimentos. “Somos um segmento dentro do ramo de leite de coco, com o produto pronto para consumo, mas em nenhum momento apresentamos o leite de coco como substituto ou equivalente, em nutrientes, ao leite tradicional”, pontua Leta. A Do Bem, que começou em 2007 no ramo de sucos, foi comprada pela Ambev em 2016.
Leta diz que a embalagem do leite de coco - que tem versões nos sabores original, baunilha, chocolate e café com leite - atende os requisitos legais e se apresenta como produto vegetal. “Viemos para somar, dentro do que o consumidor busca e em nenhum momento nos colocamos como substituto ou concorrente do leite tradicional”, pontua o fundador da Do Bem, lembrando que existe um nicho de consumidores que buscam produtos de origem vegetal, por opção ou por intolerância à lactose.
Segundo ele, o leite de coco para uso culinário é antigo conhecido de donas de casa e cozinheiros de todo o País, tanto na versão natural como industrializada.
Texto: Carla Borges, O Popular