Laryssa Carvalho
Com o objetivo de esclarecer a importância de uma gestão eficiente e de um manejo correto, focado no bem-estar animal, o terceiro painel da 8ª Conferência Internacional de Confinadores (Interconf) 2015, apresentou, na última quarta-feira (16), as palestras: “Controle de dados e gestão de fazendas de cria e recria”, ministrada pelo consultor da Terra Desenvolvimento Agropecuário, Antônio Chaker e "Bem – Estar animal no confinamento", do palestrante Paulo Loreiro, líder do programa Creating Connections. Apoiando o evento, e destacando a importância de se discutir o agronegócio, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) participou em vários momentos da iniciativa.
Para o zootecnista de Campo Grande, Kassyo Alberto, que viajou exclusivamente para acompanhar o evento, a expectativa da palestra inicial não poderia ser outra: positiva e esclarecedora. “O Interconf é um grande evento e eu não poderia deixar de prestigiar principalmente nessa palestra os ensinamentos de como gerenciar de forma correta uma propriedade. Geralmente, o produtor rural não entende que a propriedade é uma empresa e esse olhar deve ser mudado”, enfatizou Kassyo.
Controle e gestão de dados
E foi assim, atendendo às expectativas do zootecnista, que o palestrante Antônio Chaker apresentou números e exemplificou que motivação sem estratégia é um “crime”. De acordo com Chaker, uma gestão eficiente, com controle de dados adequado e uma estratégia bem elaborada, interferem drasticamente no alcance dos lucros. “A grande mensagem que queremos passar hoje, é que o produtor deve estabelecer metas e fazer com que elas sejam cumpridas”, expôs.
Para Chaker, é necessário conscientizar o produtor sobre a importância de analisar os processos que envolvem sua cria e recria. “O produtor deve entender que avaliar sua produção, é o primeiro passo para a elaboração de metas”, pontuou.
Pensando nisso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) oferece o curso de Gestão de Pecuária de Corte, onde é repassado aos participantes, índices zootécnicos das fases de cria e recria, diagnóstico da propriedade e por fim, o mapeamento da fazenda, onde as metas são traçadas.
De acordo com o coordenador do curso, Marcelo Penha, para a eficácia do processo é necessário que haja um controle correto. “Essas ferramentas são fundamentais para que o produtor, inove e com isso aumente os ganhos com a sua produção. Entretanto para que ele continue aumentando seus lucros, é preciso controlar cotidianamente todo o processo, como: dados, metas e principalmente os índices zootécnicos”, informou Penha.
Bem-estar animal
Durante o 3º painel do Interconf, o palestrante Paulo Loureiro, surpreendeu o público iniciando sua fala entre as cadeiras, e não no palco principal como é de costume. Para justificar a atitude o palestrante destacou que o desconforto gerado ao assistir uma palestra girando o corpo é a mesma sensação que o gado tem ao ser manejado de forma incorreta.
“É importante entender que o manejo impacta diretamente no bem-estar do animal. O boi só vai reagir de forma grosseira caso não tem confiança no manejador. Esse ponto é crucial: estabelecer entre manejado e manejador um elo de confiança”, explicou Loureiro.
O líder do Creating Connections, programa que visa diminuir o estresse dos animais, além de melhorar a comunicação entre homem e gado, enfatizou as consequências positivas de um manejo correto. “Um animal que estiver confortável, que não estiver estressado vai responder melhor às vacinas, aos vermífugos, e se necessário for aos antibióticos”, destacou.
Também visando orientar cada vez mais o produtor, além de fornecer ferramentas adequadas no processo de manejo, o Senar Goiás, repassa durante o curso de Gestão de Pecuária de Corte que é possível manejar o animal sem sequer encostar no gado. “Ao longo do curso buscamos destacar que o boi é um animal selvagem. O produtor deve entender o animal, olhar sempre nos olhos dele e trabalhar a movimentação correta”, explicou o coordenador do Senar Goiás, Marcelo Penha.
Contrato
Além de contar com as palestras de interesse do público, o presidente da Associação de Produtores do Vale do Araguaia (Aprova), Marcelo Marcondes, fechou um contrato marcante com o grupo JBJ/Mata Boi. A parceria, que vai além da compreensão de frigoríficos e pecuaristas como aliados, enfatiza também que juntos tanto pecuaristas como agricultores são mais fortes.
Para Marcelo, a associação é prova de que a união faz a força. “Os associados participam ativamente da negociação, e isso é muito importante para nós da Aprova. O produtor associado é como se fosse automaticamente considerado um grande produtor, visto que o ganho dele será maior, independente de como sua propriedade é considerada, ou seja, ele só tem a ganhar com a associação”, disse.
Marcondes destaca a tranquilidade da negociação que só tende a agradar aos pecuaristas. “Eu acredito que o acordo agradou os dois lados e com certeza o produtor. Servirá também para tranquilizar os pecuaristas, ou seja, com contrato ele vai ter a garantia de que seus bois serão vendidos, visto que no contrato há uma flexibilidade vantajosa”, explicou Marcondes.