O complexo de armazenagem e distribuição de grãos via modal férreo da empresa Cargill, em Champaign (Illinois), foi o segundo local visitado pela Missão Técnica de Grãos aos Estados Unidos (EUA).
Formada por 29 produtores rurais, empresários e técnicos, a missão organizada pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Goiás) levantou dados sobre custos de armazenagem e logística da produção de grãos norte-americana.
O grupo fez um tour pelas instalações da empresa que tem capacidade de armazenagem de 300 mil toneladas de grãos e planeja ampliá-la para 800 mil toneladas. No local podem ser carregados 800 caminhões por dia e a meta é chegar a mil caminhões diários.
No local há dois sistemas de linhas de recebimento de cargas. Um deles utiliza o modal férreo ao porto de New Orleans para exportação e o outro segue para o Oeste norte-americano para onde é destinada matéria-prima ao mercado interno para produção de ração.
O complexo tem capacidade de receber 250 toneladas de grãos por hora e, no momento, a empresa está aumentando a estrutura física para dobrar essa capacidade. O novo sistema que será instalado operará com a identificação de caminhões via cartão magnético.
O líder do grupo de serviços aos fazendeiros na Cargill, central de Illinois, Doug Childers, destacado pela empresa para receber a comitiva brasileira, explicou que havia na região uma expectativa de produtividade de 210 sacas de milho por hectare, mas se concretizará abaixo de 170 sacas por hectare. Para soja, a estimativa inicial era de 52 a 62 sacas de soja por hectare, mas a safra fechará em 47 sacas por hectare.
Na região de Champaign, 50% da produção de milho são exportadas. Dois terços dos outros 50% são destinados à ração animal e o um terço restante para a produção do etanol.
O uso de modal ferroviário foi escolhido devido à proximidade da instalação da empresa até a linha férrea, o que explicaria a não utilização do modal hidroviário pelo rio Mississippi, onde há carregamento de barcaça pela própria empresa. “É mais barato utilizarmos a estrada de ferro, pois o transporte hidroviário está a 150 milhas a Oeste daqui”, explicou Childers. A Cargill cobra US$ 0,04 por bushel por ponto de umidade acima de 15% e US$ 0,03 por cada bushel armazenado por mês.
Ao ser questionado pelo produtor rural de Mineiros, Rogério Vian, integrante da missão, sobre como é a forma de comercialização na filial e a relação com os produtores rurais, o representante da Cargill disse que na região há 10 cooperativas de grãos e outros produtos agropecuários em menos de 30 milhas de distância.
Em média, as propriedades possuem tamanhos de mil a dois mil acres (400 a 800 hectares). Cada cooperativa possui, aproximadamente, 200 associados. Uma proporção de 75% da comercialização é realizada via cooperativa e 25% realizada pela iniciativa privada, diretamente negociada entre os produtores das grandes trades, como Bunge e Cargill.
Osvaldo Guimarães, produtor rural de São Miguel do Araguaia, questionou Childers sobre como é feito o financiamento da produção e a quantidade de armazéns daquele porte na região. Segundo o funcionário, a iniciativa privada é a maior responsável pelo financiamento da produção na região.
Há em Champaign, entre 200 e 300 pontos de armazenagem de grãos num raio de 50 quilômetros. Ele ainda ressaltou que a empresa representa entre 5% e 10% de toda a produção norte-americana. O bushel de milho representa 25,4 quilogramas e o de soja 27,22 quilogramas.
Fotos: Cleiber Di Ribeiro