Produtores enfrentarão alta nos juros do Plano Safra 2025/2026

Para o gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag) e o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os recursos anunciados não refletem um avanço positivo

Apesar da promessa de impulsionar o campo com recursos bilionários, o novo Plano Safra 2025/2026 chega com um alerta: os juros mais altos podem limitar o acesso ao crédito, especialmente para os pequenos produtores.

O programa anunciado pelo Governo Federal prevê R$ 89 bilhões em apoio à agricultura familiar. A maior parte desse montante, R$ 78,2 bilhões, será distribuída por meio do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), principal linha de financiamento dos agricultores de menor porte. Os valores contemplam políticas de crédito rural, compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica e garantia de preços mínimos.

Para o gerente técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Leonardo Machado, os números não refletem necessariamente um avanço. “A gente se preocupa quando se fala principalmente do Pronaf, que é o principal programa de custeio da agricultura familiar. Ele teve um crescimento de apenas 3%. Houve uma queda de recursos, já que a inflação foi maior que isso. A taxa de juros para quem acessa o Pronaf Geral, que é a maioria dos produtores, subiu de 6% para 8% ao ano. Então vemos que, de fato, não há benefícios para esses produtores quando se faz as contas”, avaliou.

Segundo o governo, foram mantidas as taxas reduzidas para financiamento da produção de alimentos básicos, como arroz, feijão, mandioca, frutas, verduras, ovos e leite, com possibilidade de redução adicional quando o cultivo for agroecológico ou orgânico. Ainda assim, a elevação geral nos juros levanta preocupação quanto à eficácia do plano.

Para os médios e grandes produtores, o Plano Safra destinará R$ 516,2 bilhões em 2025/2026, sob coordenação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O pacote contempla custeio, comercialização e investimentos, mas também vem acompanhado de aumento nas taxas de financiamento.

De acordo com Leonardo Machado, o impacto é significativo: “Para o médio produtor, ele sai de 8% para 10% juros. E grande produtor, de 10% para 14%. Isso representa um grande impacto no custo de produção, sendo que o aumento para esse custeio foi de apenas 3%. Portanto, a nossa orientação é que esses produtores façam muitas contas e evitem grandes investimentos pautados nesses recursos”, aconselha

A expectativa é que os recursos anunciados sustentem a produção nacional, mas especialistas reforçam a necessidade de planejamento rigoroso diante das condições de crédito menos favoráveis.

De acordo com o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi. as condições oferecidas ainda estão longe do ideal.

“O volume de recursos disponibilizados não acompanhou o crescimento da inflação no período, que atingiu 5,3%. Na agricultura familiar, o aumento foi de 3%, e no setor empresarial, de 1,5%. As taxas de juros, de modo geral, apresentaram elevação de aproximadamente 2%. Mesmo em situações em que um produtor, com taxas iniciais de 10% em um cenário de taxa Selic de 15%, poderia considerar a condição vantajosa, a taxa efetiva frequentemente supera os 20% após a inclusão de custos como avaliação de projetos, taxas cartoriais e outros encargos, além da prática de venda casada, o que onera significativamente o produtor”, explica.

A maior preocupação reside na falta de informações sobre o seguro rural. “Apesar de um orçamento previsto de 1,06 bilhão de reais, houve um corte e congelamento de 435 milhões de reais duas semanas atrás. Diante da expectativa de um orçamento de 4 bilhões de reais, a ausência de informações sobre essa importante política de gestão de riscos gerou grande frustração. Consequentemente, os produtores rurais permanecerão mais vulneráveis às adversidades climáticas e às questões geopolíticas que influenciam o aumento dos preços de fertilizantes, fretes internacionais e combustíveis. Em suma, o Plano Safra, que deveria ser abrangente, não atende às necessidades dos produtores rurais”, conclui.

Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag

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