Nayara Pereira com informações do MAPA
Visando o melhoramento e a competitividade do setor lácteo em Goiás, além da ascensão social de 80 mil produtores no país, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, acompanhou nesta terça-feira (29), o lançamento do programa Leite Saudável, na sede da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Brasília. Anunciado pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu, a iniciativa investirá R$ 387 milhões, até 2019, para os cinco principais estados produtores de lácteo. Desse valor, R$ 57 milhões foram destinados para Goiás.
Schreiner comemorou o anúncio e destacou a importância desse programa para o estado, já que 37 municípios goianos, distribuídos em 13 mil propriedades, serão beneficiadas. “Para nós, esse programa representa um avanço na produção. Por meio dessa verba, poderemos superar nossa meta, que atualmente é de 3,8 litros vacas/dia para 11 litros vacas/dia até 2018”, destacou.
O conjunto de ações busca aumentar a renda dos produtores e melhorar a produtividade e a qualidade do leite, além de ampliar os mercados interno e externo. Farão parte do programa os cinco principais estados produtores de lácteos do país: Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Juntos, eles representam 72,6% da produção nacional.
O programa terá sete eixos principais de atuação: assistência técnica gerencial, melhoramento genético, política agrícola, sanidade animal, qualidade do leite, marco regulatório e ampliação de mercados. “Para que todos esses eixos possam andar juntos, é preciso investir. Em todo o país, a cadeia produtiva do setor envolve 1,3 milhão de produtores. Só em Goiás produzimos mais de 3,8 bilhões por ano. E por meio dessa verba, reforçaremos a qualidade do nosso produto, a assistência técnica, o melhoramento genético e principalmente a abertura de novas mercados”, salientou.
Assistência técnica gerencial
Serão oferecidos, por dois anos, cursos técnicos e de gestão com o objetivo de melhorar a produtividade e a qualidade do leite, ampliando a renda do produtor. Com maior competitividade, será possível elevar 80 mil produtores das classes D e E para a classe C. Transportadores e técnicos dos laticínios também estão no foco do programa.
Os produtores receberão visitas mensais de técnicos, que farão supervisão das propriedades e elaborarão um cronograma de capacitação voltado ao trabalhador da cadeia de leite. Haverá ainda atualização técnica para os transportadores e um ciclo de capacitação para os operadores dos laticínios.
Melhoramento genético
Com o objetivo de elevar os índices de produtividade do rebanho leiteiro, o Mapa e o Sebrae selecionarão agricultores com potencial de adotar práticas de melhoramento genético, ampliando em 30% a 40% o uso de inseminação artificial. O programa também fornecerá embriões geneticamente melhorados a 2.400 propriedades.
Política agrícola
O Plano Agrícola e Pecuário 2015/16 tem linhas de acesso a crédito facilitado e de juros subsidiados que potencializam a produção. Os recursos programados para esta safra são de R$ 5,29 bilhões para o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), R$ 1,4 bilhão para o Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica na Produção Agropecuária (Inovagro) e R$ 28,9 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familia (Pronaf) a taxas de juros anuais que variam de 2,5% a 7,5%.
Sanidade animal
A fim de ampliar a produtividade dos rebanhos, o Mapa intensificará o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal. Sem as doenças, o país também vai ampliar o acesso aos principais mercados importadores e reduzir os casos de transmissão a humanos.
Qualidade do leite
O programa prevê a criação, em parceria com a Embrapa, de um sistema de inteligência para gerenciamento de dados da qualidade do leite e a ampliação da unidade do Laboratório Nacional Agropecuário (Lanagro) de Pedro Leopoldo (MG). O Mapa também vai intensificar a implementação do Plano Nacional de Qualidade do Leite e aprimorar a base de dados dos serviços de inspeção do produto.
Marco regulatório
O ministério vai atualizar e adequar as legislações do setor lácteo, a fim de garantir a qualidade dos produtos e a saúde pública, diminuir os custos de produção e gerar renda aos produtores.
Alterações no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa), por exemplo, vão regulamentar procedimentos, instalações e equipamentos exigidos para as pequenas agroindústrias, que passarão a produzir produtos lácteos, como queijos artesanais, de fo rma legalizada e com segurança alimentar.
Ampliação de mercados
O programa Leite Saudável também visa a triplicar as exportações, com foco nos mercados da China – que compra 14% de toda a produção mundial de leite, o equivalente a US$ 6,4 bilhões – e da Rússia, que importa anualmente US$ 3,4 bilhões.
Parcerias
O Leite Saudável é resultado de uma ampla parceria com as entidades representativas do setor produtivo, que foram permanentemente consultadas durante a elaboração do programa. Além do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), apoiam o projeto a Embrapa, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Viva Lácteos – Associação Brasileira de Laticínios, a G100 – Associação Brasileira das Pequenas e Médias Cooperativas e Empresas de Laticínios, a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) e associações de raças leiteiras.