Michelle Rabelo
Em visita a Goiás, o representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) - da sigla de Food and Agriculture Organization, Alan Bojanic, conheceu de perto o trabalho desenvolvido pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e aproveitou para falar de possíveis parcerias na terra do pequi. O destaque foi para um trabalho, que já vem sendo realizado pela ONU, de conscientização da população em relação a importância do solo para a humanidade. Segundo Alan, uma parceria com o Senar Goiás e com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) até o final de 2015 – declarado pela ONU como Ano Internacional dos Solos - está nos planos da entidade.
Ele explica que o solo não é visto apenas como um ser biológico e passou a ser entendido como um elemento que influencia e é influenciado pela biosfera e pelos seres humanos. “É aí que entra o papel do Senar Goiás e a Faeg, que trabalha diretamente com o produtor rural: o personagem que mais se relaciona com a terra. A intenção é, cada vez mais, ensiná-lo a produzir sem degradar, casando rentabilidade e sustentabilidade”, defendeu o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, que recebeu Alan ao lado do secretário executivo do Senar Central, Daniel Carrara e do superintendente do Senar Goiás, Eurípedes Bassamurfo.
Sobre a produção sustentável, Schreiner, que também preside o Conselho Administrativo do Senar Goiás, destaca que assim como a FAO se preocupa e encabeça ações para melhorar a produção de alimentos, a Federação, em conjunto com o Senar Goiás, trabalha com a realização de programas de melhoria da eficiência na produção, elaboração, comercialização e distribuição de alimentos e produtos agropecuários. “São diversos cursos e treinamentos que objetivam ensinar o homem do campo a utilizar a natureza a seu favor, sem deixar de lado a busca pela melhoria da produção alimentar, o que contribui para a erradicação da pobreza no campo”.
Parceria
Sobre a parceria com a FAO, José Mário foi enfático ao falar sobre sua vontade de que essa primeira aproximação gere frutos. “Que essa iniciativa possa continuar em Goiás, pelo Brasil e pelo mundo. Que essa nossa troca de experiências possa servir para mudar a vida das pessoas para melhor. Nosso objetivo é provocar mudanças de vida”, disse. “Nossa ideia é trabalhar no âmbito da cooperação, seja no âmbito nacional ou internacional. Temos coisas boas a mostrar. É uma via de mão dupla”, completou.
José Mário, que também é vice-presidente diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), aproveitou para defender a democratização da pesquisa e da inovação para os produtores, para que o país continue dando sua contribuição para erradicar a fome e a garantir segurança alimentar da população mundial. “Precisamos que a tecnologia chegue a esses produtores para produzir mais riqueza, gerar mais renda e emprego e para que eles possam dar uma vida mais digna a suas famílias”. Segundo ele, o papel do produtor rural brasileiro “se confunde com os objetivos da FAO de erradicar a fome e a pobreza no mundo”. “Estamos plenamente conectados com esse objetivo. Graças à tecnologia, temos condições de contribuir com esse desafio de erradicar a fome e a pobreza no mundo, pois 800 milhões de pessoas ainda passam fome”, afirma.
Prioridades
Segundo Alan, as prioridades da FAO no Brasil são divididas em quatro pilares: segurança alimentar, conservação da água, controle da obesidade e cooperação sul – que consiste em identificar experiências bem-sucedidas no Brasil e levá-las, em forma de ações, para outros países. “Tudo ligado a grande missão da FAO, que é erradicar a fome no mundo. No ano passado o Brasil saiu do mapa da fome, mas ainda convive com alguns problemas de segurança alimentar”.
Voltando ao ano dos solos, Alan também destacou o Programa Nacional Proteção de Nascentes, iniciativa que vem orientando ações do Senar Goiás em prol do meio ambiente. “É nas nascentes que temos que começar o trabalho de cuidar do meio ambiente – mesmo com os problemas de normativa pelo qual elas passam. Esse pode sim ser um ponto de partida para a parceria entre FAO e o Senar”, declarou.
A iniciativa faz parte das ações da CNA e da Administração Central do Senar, que em março deste ano fizeram o lançamento nacional do Programa com o objetivo de proteger e recuperar nascentes em todo o Brasil, envolvendo a participação de todos os estados. Em Goiás, já vestiram a camisa em prol do meio ambiente os municípios de Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Orizona, Itaberaí, Silvânia, Rubiataba, Alexânia, Trindade, Anápolis e Niquelândia.
José Mário explicou que a intenção é mostrar à sociedade a preocupação do setor agropecuário com a qualidade da água. “A proteção de nascentes pode garantir o abastecimento de água no campo e na cidade. Esse tipo de ação é fundamental não só para o cumprimento de uma legislação ambiental, mas principalmente para mostrar que os produtores rurais, juntamente com as instituições representativas, são protagonistas na proteção do meio ambiente, já que são os maiores interessados em proteger e preservar o meio ambiente, pois dele dependem para viver e para manter a sobrevivência do próprio negócio”, disse.