Sanidade e qualidade da carne foram os temas debatidos no terceiro painel do Congresso Internacional da Carne 2013, no final da tarde desta quarta-feira (26). O pecuarista e presidente do Fórum Nacional de Executores de Sanidade Animal (Fonesa), Antenor Nogueira, foi o moderador do painel iniciado pelo secretário-geral do International Meat Secretariat (IMS), Hsin Chung Huang, com a palestra Sustentabilidade, o que significa para o setor da pecuária?
O palestrante explicou a missão da entidade formada por 90 membros e representada por mais de 30 países. Comentou da oportunidade que o IMS oferece para a troca de experiências entre os países produtores. Falou da sustentabilidade e como esse conceito deve ser aplicado de forma diferente em cada país.
Ele ilustrou dizendo que sustentabilidade “é fazer hoje melhor do que se fez ontem e o que o produtor pode fazer no seu trabalho diário para ser mais eficiente”. Criticou a forma com que as notícias da atividade são publicadas sem a devida checagem.
Huang exemplificou o caso da produção de gases gerados pela criação de gado bovino e de que forma esses gases atacam a camada de ozônio. “É um pensamento preguiçoso. Chegou-se a divulgar que a produção desses gases era maior que a própria produção de gases das frotas de automóveis”, exemplificou o palestrante.
Outra crítica foi o fato da divulgação de que há relação entre consumo de carne e câncer de colo. Para ele, o assunto é uma correlação e não uma situação casuística. Huang comentou que notícias boas não são aproveitadas pelo setor e citou o exemplo da carne ser usada como alimento nutricional para dietas humanas indicadas ao emagrecimento. “A primeira indicação dos nutricionistas é cortar os doces e os carboidratos e aumentar a proteína da carne. A carne é um componente importantíssimo que não pode ser deixado de lado”, explicou.
Para o secretário-geral do IMS, é preciso destacar o sistema de pastagens extensivas da produção brasileira em que o pasto transforma o gado em proteína de alta qualidade por meio da grama e do sol. “Não se divulga que há sequestro de carbono neste processo. Na França, onde a produção se dá por meio de pastagens, o Instituto de Agricultura constatou que 33% desses gases que influem na cama de ozônio são sequestrados neste processo”, ressaltou.
Luis Alfredo Fratti Silveira do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC) foi o segundo palestrante do painel. Falou da qualidade da carne uruguaia e de todo o processo desta conquista por meio do esforço, longo prazo, sujeitos políticos e da história com mais de 400 anos passada de geração em geração nas famílias que produzem gado de corte. Hoje o país é o sétimo exportador mundial.
Ele ressaltou que muitos elementos são responsáveis para a qualidade da carne, além do grau de satisfação do cliente. Abordou como primeiro ponto, a confiança do consumidor. O País segue todas as recomendações de garantia para uma melhor saúde animal. Vacina todo o rebanho e não enfrenta problema de enfermidade há 12 anos. Seguem todos os trâmites para erradicação da febre aftosa, além de ter implantado a rastreabilidade do gado. “Em poucas horas identifico um curral ou frigorífico com problema”, explicou Fratti Silveira.
Outro ponto alto de destaque abordado pelo representante do INCA é o alto padrão de qualidade da indústria, transporte, distribuição e comercialização. Destacou que por uma política nacional e estratégica, o Uruguai é proibido o uso de hormônios de crescimento por lei e há 50 anos. “Nossa carne é natural e referência de qualidade no mundo”, reforça o palestrante.
O País possui 90% de seu rebanho em pecuária de corte dividido entre as raças Hereford e Angus, sendo a primeira a maior produção mundial com 100% dos animais registrados e rastreados. Ele ainda convidou a plateia para participar nos dias 8 e 9 de novembro de 2016 do Congresso Mundial da Carne naquele país devido a qualidades apresentadas por ele.
O diretor do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC), Sebastião Guedes, apresentou de forma didática uma leitura da cadeia da carne brasileira. O mercado movimenta o equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB) com valor de R$ 330 bilhões. A produção de 10,6 milhões toneladas é dividida em 78% para o Brasil e 21% para exportação.
O consumo anual de carne por habitante no País é de 43 kg. Para Guedes, o Brasil tem hoje a mais moderna indústria frigorífica no mundo e ainda segue preceitos religiosos seguindo recomendação dos clientes internacionais. Ainda comentou que sustentabilidade uma logística mais ágil são temas que precisam ser melhorados no País e que o desafio é a necessidade de se abrir novos mercado para a carne brasileira, como exemplo a Coréia do Sul, Japão e os Estados Unidos, onde se consegue vender com melhores preços.
O palestrante pediu uma maior vigilância sanitária para toda a cadeia e que apenas o uso de tecnologia pode baratear o custo de produção da carne. Ele disse que é preciso estimular o fast food em cidades do interior com potencial de desenvolvimento e ilustrou que a empresa MC Donalds serve aproximadamente 65 milhões de refeições por dia no mundo.
Sebastião Guedes pediu uma maior harmonia da cadeia da pecuária de corte e que é preciso uma análise detalhada dos impostos que incidem desde a produção até chegar ao consumidor final. Falou do marketing criativo para cortes das carnes e que precisamos produzir o que o mercado quer e não o que queremos vender. Sebastião Guedes reforçou que a certificação de qualidade é essencial para a cadeia e que a produção chegou em determinado ponto que não há mais entressafra, graças ao especialista confinamento.
Foto: Larissa Melo