Diante do aumento da incidência da Helicoverpa Armigera, que está causando enormes prejuízos nas lavouras brasileiras, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) decidiu abrir espaço para informar e ajudar os produtores rurais a defender a sua propriedade da praga. A espécie é altamente destrutiva e pode atacar mais de 180 tipos de plantas.
Com esse propósito, a entidade produziu um vídeo para que as pessoas possam conhecer melhor a nova praga, saber os danos que ela pode provocar nos cultivos e quais as ações mais eficientes para controlá-la. A divulgação ocorrerá em todos os cursos do SENAR – principalmente nos do Pronatec – promovidos pela entidade. O material também será disponibilizado para Sindicatos Rurais, cooperativas e veículos de comunicação e no portal do SENAR http://www.senar.org.br/noticias/videos.
“Esse vídeo tem total relevância e pertinência, pois a Helicoverpa vem provocando grandes danos nessa safra e será um problema nas próximas. É um instrumento didático, de fácil compreensão para instrutores e produtores. Esperamos que promova um efeito multiplicador dessas informações e que esse material ajude o produtor a identificar a praga e a tomar as medidas necessárias para se prevenir”, ressalta a chefe do Departamento de Educação Profissional e Promoção Social (DEPPS), Andréa Barbosa.
Apesar da grande resistência e do poder de destruição da lagarta, o vídeo ensina que existem três ações fundamentais para o controle da sua propagação: identificação correta para confirmar a presença da espécie na lavoura, monitoramento permanente da praga para entender a maneira mais eficiente de combatê-la e manejo integrado entre produtores rurais de todas as propriedades da região afetada.
Uma vez que há suspeita de ocorrência da Helicoverpa, o produtor rural deve encaminhar as amostras a um laboratório especializado para a identificação correta da espécie. Para o monitoramento de campo e a aplicação correta de defensivos agrícolas, recomenda-se treinamento e assistência de um engenheiro agrônomo.
O material também alerta para a necessidade dos produtores rurais compreenderem que a lagarta se reproduz com muita velocidade e propaga-se por toda a região, ou seja, cuidar unicamente da infestação da propriedade atingida não resolve o problema, já que a presença do inseto em fazendas próximas fará com que a praga retorne à área onde foi localizada.
A Helicoverpa Armigera
Até pouco tempo a espécie não existia no Brasil, mas devido ao seu potencial de causar prejuízos econômicos, já era classificada como uma praga quarentenária. Pesquisadores brasileiros sabiam da existência da Helicoverpa Armigera em outros continentes e dos enormes prejuízos provocados por ela em plantações de outros países, mas somente em 2012 foram confirmados ataques contra plantios em propriedades rurais brasileiras.
“Inicialmente essas populações foram associadas à espécie Heliotes virences e a Helicoverpa Zea. No entanto, a dificuldade de manejo despertou o interesse da Embrapa, que procedeu a identificação em laboratório chegando à conclusão que era a Helicoverpa Armigera, uma praga até então sem descrição de ocorrência no Brasil”, explica a entomologista da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Jaqueline Zanon.
Apesar de preferir os frutos e grãos – principalmente das culturas de algodão, milho, soja e tomate –, a lagarta também se alimenta de outras partes da planta, como hastes e folhas. O clima tropical em quase todo território nacional facilita a rápida reprodução da praga. A Helicoverpa Armigera, quando na fase adulta como mariposa, pode voar até mil quilômetros, o que amplia muito a área de infestação. Para piorar, a espécie apresenta grande capacidade de sobrevivência, mesmo sob condições adversas como frio, calor, seca ou chuva. Hoje existem registros de ocorrências nos seguintes estados: Bahia, Goiás, Distrito Federal, Piauí, Tocantins, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Maranhão, Ceará, Minas Gerais e Paraná.