Michelle Rabelo
Já com o discurso alinhando à nova missão do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Goiás de educar ao invés de formar, o superintendente da entidade, Eurípedes Bassamurfo da Costa deu as boas vindas a cerca de 50 técnicos que assistem fazendas leiteiras nos quatro cantos do estado. Ele falou sobre um trabalho mais completo que não envolve apenas “pasto, gado e produtividade, mas um trabalho que fortaleça os vínculos entre produtor e técnicos e resulte na restauração do sonho de se viver do leite”.
Os técnicos chegaram à Goiânia nesta segunda-feira (17) para participarem do Encontro Goiás Mais Leite Metodologia Balde Cheio 2014. Até a próxima quinta-feira (20) o grupo vai participar de palestras nas quais vão receber orientações sobre a metodologia e ainda vão atualizar o conhecimento que já possuem.
Bassamurfo fez questão de explicar o fato de o programa Goiás Mais Leite ser genuinamente goiano e utilizar a metodologia Balde Cheio, da Embrapa. A partir daí os consultores do Senar Goiá capacitam os técnicos que disseminam o conhecimento por meio das visitam as propriedades. Além disso, fez questão de destacar a importância dos técnicos que acabam sendo o rosto do Senar Goiás e que devem aproveitar o contato com a imprensa para divulgar, de maneira responsável, o trabalho que é feito pela entidade.
Para ratificar a importância desse contato com a imprensa, os técnicos participaram de um treinamento media training, ministrado pela gerente de Comunicação da casa, Denise Oliveira. Ela aproveitou para apresentar sua equipe e disponibilizar informações para que os técnicos entendessem melhor o papel da comunicação. Além disso, abriu espaço para que eles tirassem dúvidas sobre como se comportar durante entrevistas. Ela também organizou uma dinâmica durante a qual simulou entrevistas coletivas, apontando os erros dos entrevistados.
Para o médico veterinário e técnico Fábio Augusto de Alencar, o nervosismo contribui muito para que se usem palavras mal contextualizadas ou se porte de maneira inadequada. “O treinamento foi muito bom, além de divertido. Precisamos mesmo saber como lidar com a imprensa, pois é através dela que divulgamos nosso trabalho”.
Assistência técnica
Durante a manhã, Eurípedes falou ainda sobre o Senar e o trabalho feito em conjunto com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). Ele também apresentou o programa Goiás Mais Leite e explicou que, por meio de um diagnóstico da cadeia produtiva do leite em Goiás, as duas casas resolveram criar um programa específico para área.
De acordo com o diagnóstico, observou-se um estado com alto volume de terras adquiridos, mas com baixo aproveitamento das mesmas. Além disso, foi constatado nas propriedades, um baixo índice de animais em lactação, um percentual muito pequeno de controle zootécnico (apenas 30% dos produtores), a falta de assistência técnica (de um total de 60 mil propriedades, 49.800 não recebem visita de técnicos) e um baixo índice de sucessão familiar – cerca de 42%.
O superintendente aproveitou para anunciar aos técnicos que, a partir do primeiro semestre de 2015, o Senar Goiás vai prestar assistência técnica para cerca de 4 mil produtores. “Os técnicos já estão sendo capacitados e as expectativas são as melhores”.
Um “Balde Cheio” de possibilidades
Integrando a família Senar Goiás desde 1993, a metodologia Balde Cheio deve melhorar ainda mais. Segundo o superintendente Eurípedes Bassamurfo, o foco para 2015 é trabalhar com mais eficiência e qualidade nos serviços prestados. “Um dos grandes e importantes passos será a criação o Centro de Excelência do leite em Bela Vista de Goiás”, pontuou.
Ele fez questão de ligar a melhora na qualidade dos serviços com o capital humano. “Os técnicos precisam, cada vez mais, estarem atualizados e qualificados”, disse se referindo à assistência gerencial da propriedade, também chamado de “fechamento da conta”, que também deve ser dada ao produtor. “Um técnico comprometido é sinônimo de um produtor confiante e motivado”, concluiu.
Chefe do departamento técnico do Senar, Flávio Henrique Silva destacou que o Programa Balde Cheio, que hoje atende cerca de 800 produtores já está pronto para crescer ainda mais. “Nosso trabalho é baseado na adoção de técnicas que tem por objetivos melhor a renda e a qualidade de vida do produtor rural. Começamos com o Balde Cheio em 2010 de forma muito responsável e hoje já estamos com maturidade para pensar além e oferecer mais para o produtor especialmente no que se refere à assistência técnica”, projetou.
Para o médico veterinário e técnico Fábio Augusto de Alencar, treinamentos como esse são fundamentais, já que, segundo ele, “a universidade ensina somente a teoria, deixando de lado a prática”. Ele assiste 10 propriedades em Corumbá de Goiás, sendo uma Unidade Demonstrativa, e conta que veio para Goiânia cheio de expectativas. “Hoje vim até aqui para ampliar meu conhecimento e aprender como lidar com os produtores que acham que nada vai dar certo e que muitas vezes se recusam a fazer as anotações”, pontua fazendo referência ao vínculo de confiança e amizade que se cria com o tempo entre produtor e técnico.
O técnico Athos Bonifácio, que assiste 17 propriedades na região de Palmeiras de Goiás, concorda com o colega tanto no quesito objetivo quanto no quesito dificuldade. “Vim atrás de aperfeiçoamento para replicar para os produtores que eu assisto”, explicou, já apontando o preenchimento das planilhas como a maior dificuldade do dia-a-dia.