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Conciliando interesses do agro com os da sociedade

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Michelle Rabelo
Presidentes de SRs, como Divaldo Aparecido Queiroz, vieram até Goiânia para discutir a melhor forma de gestão. Foto - Anne VilelaFazer parte do processo de conciliar os interesses da agropecuária com os da sociedade foi a principal tarefa repassada aos 13 presidentes de Sindicatos Rurais (SRs) que participaram de mais um Encontro de Dirigentes, desta vez, focado em quem está entrando agora no setor e assumindo as gestões dos SRs espalhados pelo estado. O evento, realizado nesta terça-feira (4), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Goiás (Sebrae Goiás), contou ainda com debates sobre a importância de uma política agrícola adequada e das organizações que representam o setor agropecuário. O evento segue nesta quarta-feira (5), no hotel Plaza Inn, em Goiânia.

Abrindo o Encontro, o superintendente do Sebrae, Igor Montenegro, fez questão de destacar a importância de fortalecer o produtor por meio do conhecimento. “A parceria que temos com a Faeg e com o Senar Goiás tem isso como sua principal preocupação e o pequeno como seu foco. Nós, pequenos, somos 95% dos negócios no Brasil. Pagamos 52% da massa salarial. Agora, mais do que nunca, precisamos aumentar nossa participação no PIB e, consequentemente, nossa relevância econômica”, disse.

Falando do pequeno e do grande produtor, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, destacou a necessidade de modificar a imagem que a maioria da população tem dos produtores rurais. “Para a maioria somos adeptos do trabalho escravo, contra a reforma agrária, abusadores do crédito rural e desmatadores. Não é assim”. Recém-empossado e à frente do SR de Bom Jardim de Goiás pela 1ª vez, Divaldo Aparecido Queiroz conta que como produtor, sente na pele a falta de união do setor na busca pela mudança dessa imagem ruim do homem do campo. “Precisamos mostrar para a sociedade do que somos capazes, mostrar nosso trabalho e como ele interfere na vida de cada um. Também é necessário divulgar nossas ações, provando que é sim o agro quem empurra o Brasil para frente”.

Carlos Tadeu Rocha Vieira destacou a necessidade de uma maior participação do produtor. Foto - Anne VilelaO presidente do SR de Santa Rita do Araguaia, Carlos Tadeu Rocha Vieira, concorda com Montenegro e destaca ainda a necessidade de unir mais os produtores na busca por esse aumento na participação econômica. “Somos um setor forte, porém calado. Acredito que na maioria dos municípios, os SRs também passam por esse momento de omissão. O que precisamos agora é propagar a força que o setor tem além de buscar capacitação e crescer culturalmente, politicamente e economicamente”.

O evento objetivou capacitar os novos presidentes, que assumiram as cadeiras no 1º semestre de 2015, para prestem melhores serviços e disponibilizem maior apoio aos homens do campo. O coordenador do evento e gerente Sindical da Faeg, Vitor Hugo Evangelista, explica que a ideia é ampliar a visão dos novos dirigentes sobre o trabalho realizado pela Faeg e pelo Senar Goiás. Além disso, o evento tratou sobre a atuação dos presidentes dos SRs como líderes do setor produtivo rural nos seus respectivos municípios.

Programa Empreendedor Sindical
No encontro acontece também o Seminário do Programa Empreendedor Sindical, composto por uma série de palestras que abordam temas como os indicadores do desenvolvimento sindical, a arrecadação da contribuição do Sindical Rural e suas obrigações legais. Fruto de uma parceria com o Sebrae Goiás, o Programa Empreendedor Sindical (PER) visa desenvolver as organizações e as atividades sindicais rurais no estado. O PER atua diretamente na parte de gestão e planejamento, que são a base de um Sindicato Rural forte. “O Sebrae contribui com sua experiência nessas áreas para formatar junto conosco, ações que levem um pouco mais de conhecimento aos dirigentes sindicais e produtores goianos. Assim, caminhamos para um setor produtivo mais forte e cada vez mais planejado”, pontua Vitor Hugo.

O papel do líder na mudança
José Mário Schreiner falou sobre a evolução e o papel do líder no sistema sindical rural. Foto - Anne VilelaPara José Mário Schreiner, participou do evento e falou sobre a evolução e o papel do líder no sistema sindical rural que “precisa trabalhar incansavelmente em prol de melhorias para o setor e da mudança de visão sobre a agropecuária, que não pode mais ser vista apenas como âncora econômica, mas como setor estratégico para o desenvolvimento do país”. Para o presidente do SR de Porangatu, Gustavo Dourado, o líder rural precisa, cada vez mais, se mostrar para a sociedade como indispensável para o crescimento da economia.

“Essa participação ativa na sociedade – no nosso caso, dentro dos nossos municípios – vai resultar em uma aproximação com as pessoas, com o poder público e com outros produtores. Hoje estamos tendo a oportunidade de saber o que faz um líder forte e representativo, além de trocar experiências com outros SRs. Isso é excelente”, completou o presidente.

Na opinião de José Mário, que também é presidente do Conselho Administrativo do Senar Goiás, a lista de temas que compõem uma política agrícola adequada inclui assistência técnica de qualidade, investimento de pesquisa agrícola, reformulação do atual modelo de seguro rural, apoio à comercialização, disponibilização de crédito rural, estudo da política comercial internacional e de mecanismos de proteção de renda e melhoria das condições de infraestrutura e logística. “Hoje, com o setor caminhando em um cenário de escassez de recursos precisamos caminhar juntos e as parcerias são indispensáveis. Muitas vezes, a diretoria do SR assume sem saber exatamente por onde começar. O que estamos oferecendo aqui é uma parceria, abrindo nossas portas aos novos líderes e nos colocando à disposição no que for necessário para zelar do produtor rural”.

Parceria de sucesso
Para o presidente do SR de Porangatu, Gustavo Dourado, o líder rural precisa se mostrar para a sociedade. Foto - Anne VilelaSegundo o gerente sindical da Faeg, Vitor Hugo Evangelista, entender essa parceria, tanto com a Faeg quanto com o Senar Goiás, é de fundamental importância para uma boa gestão. “Conseguimos identificar que muitos dos problemas que presenciamos hoje na base acontecem por falta de informação e excesso de inexperiência dos novos dirigentes. Os sindicatos precisam estar próximos das entidades representativas para que consigamos atendê-los com a maior eficiência possível”.

O encontro trouxe um resumo do cenário do agro em Goiás e no Brasil, apresentando as funções diretivas e de lideranças, passando por conceitos básicos de desenvolvimento sustentável, estruturas de poder, políticas públicas e parcerias estratégicas. Além disso, foi destacada a importância de cada personagem como membros de diretorias, instrutores, mobilizadores e equipe técnica.

Pedro Olímpio acha que nem mesmo os produtores sabem exatamente como funciona a ação sindical. Foto - Anne VilelaSegundo o presidente do SR de Anápolis, Pedro Olímpio, nem mesmo os produtores sabem exatamente como funciona a ação sindical. “Hoje temos deficiência no que diz respeito à participação efetiva desse produtor no dia adia do sindicato. Eles não nos procuram. Trata-se de uma classe muito desunida que não entende que a falta de representatividade político-partidária em Anápolis faz urgente esse alinhamento”.

Aspecto político
Um dos pontos discutidos durante o evento foi a falta de representatividade partidária no setor da agropecuária. José Mário exemplificou a importância dessa representatividade citando o Farm Bureau, que transformou questões agrícolas em questões políticas. “Quando levamos nossas demandas até o âmbito partidário alcançamos conquistas relevantes. Exemplos disso são o Código Florestal, a Política de Crédito e o Plano Agrícola”. O vice-presidente da Faeg, Bartolomeu Braz, também citou o trabalho feito pela Faeg como “o meio mais seguro para se chegar até as gestões municipal, estadual e federal. Com a entidade o produtor ganha credibilidade e embasamento”.

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