Rodolfo Cardoso
Falando sobre a importância de se investir em sistemas associativos e de cooperação, e sobre como essas organizações podem agregar valor à produção de frutas, a doutora em Ciências Ambientais pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Cleonice Borges, fechou o primeiro dia de palestras do 1º Encontro Goiano de Fruticultura, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). O evento, que acontece até essa quinta-feira (8), contou com a presença de produtores rurais de várias regiões do estado, além de profissionais da área de fruticultura, acadêmicos e técnicos das ciências agronômicas.
Cleonice iniciou a exposição falando sobre as principais características dos sistemas de cooperação e de associação que, segundo ela, em um momento de crise como o que se tem atualmente, são muito importantes que sejam valorizados. “É preciso que se dê atenção a esses tipos de atuações coletivas junto ao mercado, pois é uma forma de se agregar valor ao seu produto. Às vezes o pequeno produtor tem qualidade, mas pelo fato de ter pouca produção, não consegue ter uma renda satisfatória, ou às vezes entregar seus produtos para um grande consumidor”.
A doutora aproveitou ainda para falar sobre a necessidade de organizações, sejam de cooperativismo ou associativismo, mais hábeis. “Nós temos uma grande população mundial em franco desenvolvimento e com carência de recursos. Quem vai alimentar essas pessoas? É preciso que os produtores de frutas se unam em cooperativas e associações para terem mais forças e buscarem meios que maximizem suas atividades junto ao mercado, como incentivos e fomentos financeiros e tecnológicos. Em contrapartida, nossa organização tem que ser mais hábil para mudar esse quadro, melhorando a renda e a qualidade nos aspectos sociais do cooperado”, explicou a professora da UFG.
Para ela, um dos aspectos que mais impossibilitam o desenvolvimento de algumas cooperativas rurais é principalmente a falta de investimento, sobretudo em tecnologia, por parte de alguns cooperados. “Às vezes o produtor rural também não recebe uma boa assistência técnica rural para poder produzir com o mínimo de qualidade, dentro daquilo que o mercado necessita e para poder competir de igual com aquele grande produtor – considerado eficiente – e, que tem tecnologia de mercado. Temos que repensar todo o sistema de produção. Por exemplo: O que fazer com aquele pequeno produtor que não consegue atender a demanda qualitativa? Vamos excluí-lo? Acho que não”, ratificou Borges.
Presente no evento, o fruticultor da cidade de Nerópolis, Amir de Resende, que produz tangerina poncã e limão, diz ser um apaixonado pelo cooperativismo e pelo associativismo, por isso não perdeu a palestra da professora Cleunice. “Atualmente temos um grande problema no custo de produção. O preço de venda é muito incerto e temos que trabalhar com cotações. A saída é procurarmos meios de diminuir esses custos. O frete, por exemplo, com o cooperativismo, fica mais barato. É a saída para nós”.
Cursos do Senar Goiás
Atualmente o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás) disponibiliza vários cursos na área de fruticultura. De acordo com o engenheiro agrônomo e instrutor técnico da entidade, Ricardo Pereira, a fruticultura está sendo bem aceita não só por parte de produtores que já estão no mercado, mas, também por pessoas que se interessam e começam a trabalhar com a atividade rural. Segundo ele, alguns fazem até o estudo de mercado.
“Eu acabei de ministrar um curso em Anápolis, em que o aluno já comprou até as mudas. Têm aqueles com áreas pequenas e médias como de 2 a 12 hectares que fizeram o curso, plantaram e já pensam em vender. O pessoal tem salientado muito que a partir dos nossos cursos puderam atingir mercados que antes pareciam distantes, como os grandes compradores. Os produtores têm muita demanda por técnicos qualificados e quando acham uma contribuição nossa, conseguem melhorar a renda”, explicou o instrutor.
Para a estudante do 4º ano de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), Bruna Barbosa Marinho, o evento se torna um espaço muito importante para o aprendizado coletivo, não somente aos produtores, como também para os acadêmicos, que podem interagir e ouvir a opinião de quem está no ramo de fruticultura há muito tempo.