Nunca esteve tão oportuno, retomar com a campanha de venda gado só à vista, desenvolvida pelo Sistema Sindical, principalmente pelas Federações do Centro-Oeste. Isso porque a ordem de vender à vista, pulverizar as vendas e abater lotes menores, continua tão atual quanto as surpresas vindas do setor industrial. Segundo a consultora técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Christiane Rossi, produtores têm experimentado também negócios com os frigoríficos de médio porte, porém, com capacidades de abates menores. “O produtor se vale da máxima de segurar enquanto pode ou até que seja vantajoso em relação ao seu custo”, explica Christiane.
Para o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres, de Bebedouro (SP), a partir do momento em que frigoríficos, principalmente os da JBS, voltarem a comprar gado à vista dos pecuaristas, a crise instaurada no mercado físico do boi gordo deve ser resolvida. Já que desde a divulgação das gravações feitas por Joesley Batista, da JBS, no dia 17 de maio, envolvendo o presidente Michel Temer, a arroba do boi gordo caiu mais de 5% em São Paulo e o segmento foi tomado por um forte sentimento de insegurança. Assim, pecuaristas resistem em vender animais no pagamento a prazo, como estipulado pela JBS pouco antes da divulgação das gravações.
Torres acredita que a JBS, que concentra cerca de 40% dos abates do País, deve encolher após a crise desencadeada pelas delações, o que não ameaçará, porém, sua liderança no setor. Ele afirmou ainda que não vê risco em relação aos boicotes das marcas produzidas pela JBS. Para ele, para o consumidor, o preço mais atrativo dos produtos deve sustentar as vendas.
Por Estadão Conteúdo, com informações da Faeg
Foto: Fredox Carvalho