Caso de amor com os doces
Qualificação e experiência ajudaram doceira a empreender na região de Santa Rosa de Goiás
Fernando Dantas, especial para a Revista Campo
A busca pelo conhecimento e a coragem para se arriscar em situações novas sempre fizeram parte da vida da doceira Célia Maria da Silva, de 52 anos. Hoje, ela é casada, tem três filhos e mora em uma chácara no município de Santa Rosa de Goiás, pouco mais de 70 quilômetros de Goiânia, mas já viveu até em Roma, na Itália. Os cursos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Goiás) ajudaram Célia a se qualificar e integram a vida dela há mais de uma década. Foi por meio dessa qualificação que ela passou a investir na produção de doces e a se tornar cada vez mais apaixonada pelo campo. O negócio na área de doces cristalizados está no começo, mas cresce a cada dia, com mais encomendas e vendas.
Porém, essa história de amor pelos doces e pelo o que o campo pode oferecer surgiu na infância. Célia conta que nasceu em uma propriedade rural nas redondezas de Santa Rosa de Goiás, ajudou os pais – que eram trabalhadores rurais – e com oito anos foi para a cidade para estudar. Sempre teve os pais como inspiração, porque via o esforço deles para manter a atividade rural. Também frequentou a escola e quando jovem, trabalhou como assistente de enfermeira. Foi nessa época que conheceu o marido e logo depois, quando ela tinha 22 anos, eles se casaram. Após o ‘casório’, os dois foram morar na fazenda dos pais dele. Por lá, trabalharam bastante, já que a área era grande e destinada, principalmente, à criação de gado. “A propriedade ainda não tinha sido dividida para os filhos do pai do meu marido. Por isso, ajudamos muito no trabalho. Anos depois que a fazenda passou por divisão”, informa.
Em 2005, já com os filhos nascidos, o casal avaliou que a situação não estava fácil no Brasil e resolveu se mudar para a Itália. O marido dela foi em março e Célia em novembro. Eles conheciam uma pessoa, em Roma, que os ajudou nos primeiros meses, especialmente a conseguir emprego e moradia. Foram 10 anos vivendo na capital da Itália. Ela trabalhou como doméstica e ele ajudando um Monsenhor. A dificuldade é que cada um morava em um local e só se viam aos finais de semana. Nessa década de moradia na Europa, conseguiram juntar dinheiro, mas a situação estava complicada. Célia, então, resolveu convencer o marido e os filhos a voltarem para o Brasil. Depois de muita conversa, eles resolveram retomar a vida em Santa Rosa de Goiás.
“Foi praticamente um recomeço. Tivemos de organizar tudo, porque a chácara que ficou para o meu marido estava nas mãos de outras pessoas. Teve ainda a dificuldade de se adaptar a uma cidade pequena, além de resolver a situação financeira da propriedade rural. Mas assumimos novamente e conseguimos retornar com as atividades”, lembra Célia. Atualmente, a chácara é voltada para a produção de leite. São 240 litros por dia, em média. Para agregar valor, eles produzem também queijo. Além disso, cultivam horta para abastecer a família e outros itens do campo para aproveitar o espaço da propriedade rural.
Capacitação
Antes de ir para a Itália, Célia já tinha feito cursos do Senar Goiás nas áreas de derivados do leite, doces cristalizados e outros. Ela conta que até hoje possui as apostilas desses cursos e treinamentos. Quando retornou ao Brasil e às atividades no campo, decidiu renovar o conhecimento que já tinha na área. Por isso, se matriculou em novas qualificações e pretende participar de outros nos próximos meses. Ela ‘fica de olho’ no calendário de cursos e treinamentos no site do Senar Goiás.
Célia aproveita a tecnologia para divulgar e vender os doces
Toda essa capacitação e experiência ajudaram Célia a empreender no ramo de doces. Ela avalia que ainda está começando nesse mercado, mas produz bastante doces por mês. Atende mais por encomenda. Para isso, criou um grupo no Whatsapp, chamado de ‘Merendinha da Célia’, onde divulga o trabalho e aceita os pedidos para a produção de doces. “Tenho clientes que compram com frequência. Já são fieis às cocadas, doce de mamão, banana e as outras opções. Também trabalho com uma cooperativa que vende produtos para cidades próximas daqui”, reforça.
Célia informa que os ingredientes para a produção dos doces são, em sua maioria, da chácara. O que não possui na propriedade, compra de comércios vizinhos. Ela enfatiza ainda que a venda dos doces ajuda na renda da família. “Por isso, quero continuar nessa atividade. É algo que me dá muito prazer. Também organizo meu tempo para conseguir produzir os doces e buscar qualificação. Porque não se pode parar quando se trata de informação. É preciso sempre estar informado”, revela. Os planos para o futuro, ela já tem. “Quero colocar o meu nome nos meus produtos, me qualificar mais e trabalhar com os doces”, informa.
Fotos: Fredox Carvalho
Comunicação Sistema Faeg Senar