O agronegócio brasileiro “cresceu a passos largos nos últimos 50 anos”, se destacando como o segundo maior exportador do mundo, porém, a infraestrutura logística não acompanhou essa expansão, afirmou o consultor para logística e infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet, durante o Fórum Estadão - Logística e Infraestrutura no Agronegócio para debater os desafios das novas fronteiras agrícolas e o escoamento da produção agropecuária. “Crescemos e exportamos muito, mas ainda gastamos demais com logística”, disse. Segundo ele, a logística está sufocando a produção rural, não apenas para o agricultor, mas para toda a cadeia produtiva.
Fayet estava entre especialistas, empresários e autoridades que participaram do fórum Logística e Infraestrutura no Agronegócio, realizado ontem, em São Paulo - uma parceria do Estado com a CNA.
Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), César Borges, essa defasagem se dá porque o Brasil investiu pouco em infraestrutura nos últimos anos. “Se comparamos o investimento de 2013 até hoje, a redução é de mais de 50%, o que agrava um problema crônico do País”, disse Borges.
“Nossa infraestrutura logística foi construída antes da explosão do agronegócio”, explica o presidente da CNA, João Martins da Silva. Ele afirmou que o agronegócio brasileiro dentro da porteira é capaz de produzir mais e melhor, mas para fora é “um pesadelo”. O executivo citou que são milhares de quilômetros de caminhão em rodovias precárias e portos congestionados. “Essas condições elevam em 25% o valor do frete e no Norte chega a 35%”, afirmou.
“Pelo menos 60% da carga é transportada por estradas.” João Martins comentou ainda que os modais mais recomendados, como o ferroviário e o hidroviário, são pouco usados. “Esses modais têm capacidade mais elevada, são menos poluentes e têm custos muito menores”, destacou. Todos concordaram que grande parte da produtividade do agronegócio brasileiro, resultado de pesquisas e investimentos do produtor, se perde no trajeto da fazenda até o porto - são mais de 1.500 km em trechos terrestres.
Segundo Fayet, da CNA, um terço da produtividade do campo é gasto com logística. “A logística sufoca o desenvolvimento do agronegócio”. Concessões. Os desafios do agronegócio, em especial no momento em que a economia começa a se recuperar de uma recessão, exigem soluções duradouras e, nesse cenário, as concessões surgem como prioridade.
“Há muito tempo não se dá ao setor a importância que ele merece”, disse Borges, presidente executivo ABCR. "A concessão nasceu da falta de recursos dos governos”, argumentou. “Sabemos da situação em que o governo se encontra, então, sabemos que no curto prazo investimento estatal não vai acontecer”.
Acho que é fundamental a iniciativa privada para o desenvolvimento da logística e infraestrutura no Brasil", afirmou o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Jorge Luiz Macedo Bastos.
Para o diretor do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, o desafio do setor produtivo em logística é constante. O presidente executivo da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), Luiz Baldez, explicou que seria mais eficiente se o dinheiro investido em políticas de subsídios à safra agrícola fosse revertido para reduzir o custo de infraestrutura.
“Essa conta precisa ser feita pelo Estado.” Fábio Trigueirinho, secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), concorda: É mais importante investir em infraestrutura do que subsidiar sua ineficiência”.
Texto: Estadão Conteúdo
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