Encontro discute estratégias e políticas públicas para setor

Debater o desenvolvimento e os avanços da aquicultura e pesca em Goiás e no Brasil, além das estratégias e políticas públicas para tornar a cadeia mais produtiva. Estes foram os objetivos do encontro que ocorreu na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e reuniu os principais representantes do setor, inclusive produtores de vários municípios goianos e de outros estados brasileiros. Entre os assuntos abordados estão tendências de mercado, em termos de aumento do consumo em todo o mundo, liberação da produção de tilápia e peixes nativos, linhas de créditos para os produtores, produção de tanque em rede e licenciamento ambiental.

O ex-ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, foi o palestrante do encontro. Na ocasião ele destacou o potencial de águas de Goiás, o clima favorável e a localização geográfica estratégia do estado para produção de peixes e pescados. Gregolin ressaltou que embora tenha tido avanços nos últimos dez anos em relação à regulamentação de águas da união, o licenciamento ambiental de Goiás precisa avançar.

Ele explicou que outros estados que conseguiram progredir com a licença ambiental, ganharam espaço no mercado nacional. “Além dos esforços do governo federal, cada estado depende muitos da atuação do governo local. Temos casos como Rondônia, Paraná e Mato Grosso do Sul que superaram as dificuldades e hoje tem uma legislação mais adequada, com menos burocracia que torna o mercado mais ágil. Percebemos os resultados em termos de produção. Estes estados saem na frente. Em Goiás a questão do licenciamento tem sido um problema. Precisa avançar e dar mais segurança jurídica. Os investidores não investem quando se tem muita burocracia e dúvidas em relação ao licenciamento. Isso é um problema para o estado, que tem perdido investimentos”, pontuou.

O encontrou serviu ainda para fazer uma análise das tendências em termos de produção e consumo a nível nacional e mundial. Segundo Gregolin, Goiás pode deslanchar no mercado, com o apoio dos órgãos públicos e a organização de associações, entidades e produtores. Para ele é preciso que a cadeia se organize melhor para ter uma produção mais eficiente, com menos custos e acesso aos mercados consumidores. “Eu particularmente aposto muito na piscicultura de Goiás. Na época que estava como ministro, demarcamos as áreas de produção da Serra da Mesa, mas o licenciamento ainda não saiu. Então essa morosidade é que emperra a produção”, ressaltou.

Para o presidente da Comissão de Aquicultura da Faeg e da Associação Goiana de Piscicultura, Paulo Roberto Silveira, o intuito do encontro é mostrar as oportunidades que a atividade oferece. “Em Goiás, o carro chefe da piscicultura é a produção de tilápias, com o trabalho de melhoramento genético. Hoje, representa quase 40% do que o estado produz na piscicultura. Nossa intenção é promover discussão para que o produtor entenda mais sobre o mercado que atua”, enfatizou. Para Roberto Silveira, só a renovação da legislação que rege a aquicultura no estado pode alavancar a atividade. “Enquanto isso não acontece o produtor pode se adiantar se adequando às exigências para receber a licença ambiental. Só estando com tudo regulamentado e que ele terá acesso ao crédito quando solicitado”, explicou.

A analista técnica da Federação da Agricultura do Mato Groso do Sul (Famasul), Fernanda Lopes - que participou do curso de Aquicultura e Pesca, afirmou que o evento é uma oportunidade para troca de conhecimento entre as federações, principalmente para discutir sobre os mercados e alinhar informações sobre a cadeia. “O estado do Mato Grosso do Sul tem a propensão de aumentar a produção a médio prazo e ser o maior produtor de pescado do país. Recebemos o convite para participar da programação e conhecer a realidade de Goiás. Esse modelo de debate com palestra e paineis é bem interessante e nós vamos levar para nosso estado para o esclarecimento de nossos produtores, técnicos e até órgãos do governo do estado”, afirmou.

Texto: Francis Telles / Fredox Carvalho