Na EXPOPEC 2018, o público pode ter uma visão prática sobre o agronegócio e o desenvolvimento da pecuária. O Painel 2 “A base da competitividade do negócio pecuário” contou com a participação de palestrantes de renome nacional e com larga experiências a serem compartilhadas.
Maurício Palma, da Agroconsult, abriu o debate trazendo um breve histórico sobre os primeiros bovinos que chegaram ao Brasil (1532), relatando um pouco esse processo de evolução, até chegar à exportação (1913), porém, segundo ele, a pecuária teve maior expressividade e crescimento com o advindo do Plano Real, em 1994. Esse relato histórico é base para discussões sobre os padrões e fiscalização do SIF (Serviço de Inspeção Federal) que ainda segue regras de 1940. De acordo com Palma, o ganho anual de produtividade da produção de carne é igualmente proporcional a soja e milho, “perdemos feio para o milho safrinha”, afirma.
Sua palestra sobre: “Pecuária Brasileira, a trajetória que vai deixando os mitos para trás” atraiu a atenção do público. Estudos apresentados pelo palestrante mostram que existem perdas potenciais em até 30% no movimento da cadeia produtiva da carne. “Precisamos assumir o protagonismo das áreas de nosso interesse, porque tudo isso ainda vai doer no bolso porque não sabemos nos comunicar da forma correta. A gente não tem que ir com braveza, mas com calma.” Além disso, Palma enfatiza que há uma realidade nova na pecuária: produção com alta tecnologia e grande produtividade, reforça que “A ponta está definindo o preço. Quem não conseguir se adaptar a essa regra, vai ser excluído. A produtividade vem. Ou me adapto ou estou fora do mercado” conclui.
Logo em seguida, Paulo Prado, pecuarista da Fazenda Valle Rio do Ouro, propôs uma reflexão com a palestra: “Empurrar o caminhão morro acima ou morro abaixo”, compartilhando com o público um case de sucesso de sucessão familiar, para a qual foi necessário se reinventar positivamente para seguir competitivo no mercado goiano, e nacional. Hoje sua fazenda faz cria, recria e engorda de animais.
Frederico Stecca, proprietário da Pró Raça agribusiness, foi o terceiro palestrante da tarde e também apresentou seu case de sucesso em Recria, e Engorda a Pasto. Para conseguir êxito, o produtor criou metas e protocolos a ser seguidos para seus animais em Recria. E explicou o motivo do tema de sua palestra “ Sequestro, a cereja do bolo”: “Sequestro de bovinos é quando você tira o animal da zona de conforto, trazendo o mesmo para um sistema estabelecido, para o bem do animal. Uma técnica de manejo que tira o animal do pasto, e suplementa-os com uma dieta volumosa.” A técnica de “sequestro” apresentado pelo empresário e produtor Frederico necessita do apoio de um planejamento estratégico, visando atuar em todas as suas fases com profissionalismo. A grande sacada, segundo ele, é fazer o sequestro do animal no “início das águas”, em meados de outubro e novembro nesta região do norte de Goiás. Isso torna a pecuária mais rentável.
O professor Dr. Leandro Barbero, da UFU – Universidade Federal de Uberlândia, foi o quarto palestrante da tarde de sexta-feira (23) e compartilhou seus conhecimentos sobre “Estratégias de Manejo e Pastagens”, contando um pouco sobre a colheita eficiente de pasto.
Leandro Barbero é professor, filho de pecuarista e pecuarista por vocação e paixão e trouxe itens de uma abordagem conceitual sobre quais as formas corretas de manejo de pastagens, quais os melhores momentos para se colocar os animais no pasto, quais os tipos de pastos mais usados, entre outros. A ideia apresentada em sua palestra foi a de trazer ao pecuarista dados científicos de forma simples, para que o mesmo pudesse entender quais os caminhos que a Academia tem pesquisado e aplicado com sucesso no que tange ao Manejo de Pastagens no Brasil.
Encerrando o ciclo de palestras João Maurício Bueno Vendramini, pesquisador e professor na Universidade da Flórida (EUA), apresentou detalhes sobre as diferenças da pecuária de corte entre Brasil, Austrália e EUA. Sua palestra teve como tema “Os exemplos que devemos ou não seguir na produção de gado de corte dos EUA e Austrália”. Em sua palestra João Maurício identifica as principais semelhanças existentes na produção de gado, entre Brasil, EUA e Austrália: baixa rentabilidade em relação ao patrimônio investido; economia de escala que obriga muitos produtores a terem outras atividades profissionais; mesmo assim, o investimento em propriedades rurais são muito atraentes devido a segurança e certeza de rentabilidade a médio e longo prazo; possibilidade de diversificação de praticas de manejo na produção de gado de corte.
Segundo o professor, o produtor precisa prestar atenção ao fator CLIMA, que é a única coisa que não pode ser controlada mas que influência diretamente no valor dos animais, e consequentemente na rentabilidade da atividade pecuária. Como um caso a ser espelhado, João Maurício mostrou que os produtores australianos tem planejamento estratégico na veia, pois devido aos longos períodos de secas na Austrália, os produtores devem se planejar para conviver com condições adversas. “Eles estão todo dia esperando o desastre, e estão preparados para aquilo.” , explicou.
Por Adriane Pires
Fotos: Larissa Melo e Anne Vilela