Nayara Pereira
Em terra de tablets, smartphones e engarrafamentos, plantar a própria comida se tornou terapia e aprendizado. As plantações urbanas estão em parques, canteiros, varandas e cantinhos esquecidos de apartamentos das cidades. Inserir essa realidade na vida da população urbana é uma das intenções da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás). E a ideia é começar dentro de casa. Até a próxima sexta-feira (28) as entidades oferecem aos seus colaboradores um curso de hidroponia, técnica de produção de hortaliças que pode ser automatizada e produzida em sistemas verticais, ocupando um pequeno espaço apenas na sacada de um apartamento, por exemplo.
Durante os quatro dias de realização, o curso será dividido em módulos ou ações de formação continuada. Cada módulo, com duração de 24 horas, será ministrado as técnicas de Implantação e de Manejo cultural. Os funcionários são liberados durante o horário de expediente e, além de se aproximarem mais do colega que senta ao lado, vão levar para casa a possibilidade de aproveitar espaços e colorir ainda mais a mesa.
O objetivo, além de integrar os colaboradores, é apresentar a eles e aos seus familiares, fundamentos da hidroponia, estruturas envolvidas, sistemas de cultivos, hortaliças, soluções salinas e manejos culturais. “Queremos mostrar que a falta de espaço ou de tempo não será mais desculpa para não ser um "Agricultor Urbano", destaca o coordenador técnico do Senar Goiás, Leonnardo Cruvinel. Segundo ele, a ideia não é insurgir contra os produtos tradicionais, mas conscientizar os colaboradores sobre os benefícios de uma alimentação saudável, além de praticarem a plantação em áreas urbanas. “Com dedicação, cuidado e atenção, pequenos espaços transformam-se em uma boa plantação. O que se tornar uma terapia para os envolvidos”, salienta.
De forma simples, o curso ensina aos participantes como diferenciar os vegetais, produzir mudas e utilizar a água como principal ferramenta. “Nos espaços exíguos dos apartamentos, muitos tomam gosto pela prática e o resultado que proporciona, faz toda diferença”, destaca o instrutor do Senar Goiás, Ricardo Pereira. Os adeptos da prática atestam: come-se melhor e de forma mais variada. “Até mesmo saborear uma simples folha se alface vira uma experiência sensorial, se ela foi colhida em casa”, ressalta.
Novidade para dentro de casa
Se, principalmente nas grandes cidades e também em algumas comunidades, há quem pratique agricultura urbana com fim comercial, não se pode ignorar aqueles que entram na roda para retomar o contato com a natureza e saber exatamente o que está em seu prato. O casal, Romio Carlos Gonsalves e Mirlene da Silva faz parte dessa realidade. Eles vieram até a sede da Federação, para verificarem de perto as ações que envolvem a agricultura urbana. “Pegamos gosto pela plantação e hoje aprendemos uma técnica nova e simples”, destaca o casal.
Tudo começou com um interesse particular da dona de casa, Mirlene ao usar o espaço no fundo da casa para cultivar as hortaliças. Depois daí, o cuidado e o interesse em aprofundar e melhorar a plantação cresceram. “Vi hoje, uma nova técnica, o que irei aproveitar e aumentar minhas plantações em casa. Não sabia que poderia aproveitar cada espaço do meu quintal”, destaca.
Custo quase zero
De acordo com o instrutor e responsável por ministrar o curso, Ricardo Pereira, o custo é pequeno e o investimento também. Mas alerta, é preciso dedicação e empenho. “Envolver, por exemplo a hidroponia demanda atenção, mas o valor de investimento faz toda diferença no resultado final”.