Caso se concretize, os principais setores que podem sentir os efeitos de forma mais imediata são o da carne bovina e açúcar de cana
A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros acendeu o alerta no setor agropecuário goiano. A Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) recebeu a notícia com preocupação, avaliando que a medida pode gerar impactos diretos sobre as exportações do agronegócio nacional e goiano, além de encarecer insumos importados fundamentais para a produção no campo. “Essa nova taxação traz reflexos diretos às exportações do agronegócio nacional e goiano. Consequentemente, trará aumentos nos custos de insumos importados e impactará na competitividade das nossas exportações”, afirmou o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
Segundo a Faeg, os principais setores que podem sentir os efeitos de forma mais imediata são o da carne bovina e açúcar de cana. Juntos, esses dois produtos representaram uma parte significativa das exportações goianas para os EUA em 2024.
"A carne bovina, por exemplo, respondeu por 61,8% de todas as exportações do estado para os Estados Unidos, enquanto o açúcar movimentou US$ 32,3 milhões, representando 9,6% do total. Outros segmentos também devem ser impactados, como o de frutas, milho, peixes, café e hortaliças, além do setor de importação de máquinas agrícolas e fertilizantes, produtos essenciais para a produção agropecuária em Goiás. Esses setores que são grandes exportadores começaram a sentir os impactos da redução na competitividade no curto prazo, especialmente carne bovina e açúcar. Por outro lado, os produtores que dependem da importação de máquinas e fertilizantes terão mais dificuldades para absorver os aumentos nos custos, já que a substituição desses insumos no mercado internacional é limitada”, explicou Edson Novaes, gerente técnico do Getec (Grupo de Estudos Técnicos da Faeg).
Apesar da gravidade da situação, a Faeg acredita que ainda é cedo para mensurar os prejuízos exatos. No entanto, reforça que o momento exige estratégia e diplomacia por parte do governo brasileiro, com atuação firme nas negociações com os EUA.
“Vimos que o governo brasileiro reagiu com críticas à imposição das tarifas, anunciando que irá ativar a Lei de Reciprocidade Econômica. Entendemos que este é um momento de cautela e diplomacia, em que o Brasil deve ter presença ativa na mesa de negociações com os EUA. É fundamental fazer tratativas para fortalecer a relação bilateral e não isolar ainda mais o país. A diplomacia e a negociação são o melhor remédio neste momento”, destacou Schreiner.
Guerra comercial
A Faeg ressalta que, apesar de a medida ter como alvo direto o Brasil, os Estados Unidos também têm a perder. Em 2025, o país norte-americano já acumula um superávit comercial de mais de US$ 3,3 bilhões no fluxo bilateral com o Brasil. Com a imposição da tarifa, setores estratégicos norte-americanos também poderão sofrer retaliações.
“Todos perdem com uma guerra comercial. Para o Brasil, o risco é maior, porque o fechamento de mercado pode refletir diretamente na geração de empregos e nos níveis de preços de setores estratégicos da nossa economia. O impacto poderá ser percebido tanto no campo quanto na cidade”, alertou Edson Novaes.
Em nível nacional, a medida norte-americana tende a afetar exportações brasileiras de açúcar, café, suco de laranja e carne – pilares da pauta do agronegócio brasileiro para os EUA. Já produtos como petróleo bruto, minério de ferro, aço, máquinas, aeronaves e eletrônicos, também exportados em grande volume, poderão entrar no centro do embate comercial. A Faeg, junto ao Sistema Faeg/Senar, segue acompanhando a situação de perto e reforça que dialogar, diversificar mercados e proteger a competitividade do produtor goiano devem ser prioridades em meio ao novo cenário.
Produtos goianos mais afetados pela tarifa dos EUA
* Carne bovina (61,8% das exportações para os EUA)
* Açúcar de cana (US$ 32,3 milhões)
* Frutas, milho, peixes, café e hortaliças
* Máquinas agrícolas (25,5% das importações goianas dos EUA)
* Fertilizantes e adubos (6% das importações)
Veja também o posicionamento da CNAh
ttps://www.cnabrasil.org.br/noticias/cna-divulga-nota-sobre-tarifa-anunciada-por-trump
Imagem: divulgação
Comunicação Sistema Faeg/Senar/Ifag