Luiz Fernando Rodrigues e Michelle Rabelo
Visando discutir os principais problemas decorrentes da falta de chuva, que vem tirando o sono dos produtores goianos desde o início do ano, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, esteve com o vice-governador e secretário José Eliton. O encontro aconteceu na tarde desta segunda-feira (2) e foi acompanhado também pelo vice-presidente da entidade, Bartolomeu Braz Pereira, que responde ainda pela Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) Goiás. Na ocasião, Schreiner apresentou dados que assustam quem vive da terra: estimativas apontam que as perdas na safra de grãos em Goiás devem chegar a 20%, ou mais, o que representa cerca de 2.38 milhões de toneladas e R$2,1 bilhões.
O presidente da Faeg explicou que a estimativa de colheita era de 9,9 milhões de toneladas, número que já caiu para 7,5 milhões e que esse cenário não suporta mais o atual modelo de seguro rural. “Apenas 14% das áreas agrícolas de Goiás são seguradas. Nos Estados Unidos esse porcentual chega a 80%”, pontuou, já argumentando que em Goiás, o valor gasto com seguros rurais gira em torno de R$100 milhões – deste valor, R$60 vieram do governo federal, sobrando para os produtores R$40 milhões. Na opinião de Bartolomeu Braz, Goiás poderia adotar modelos de outros estados como Paraná e São
Paulo, onde uma parte da subvenção – utilizada para pagar o Prêmio do seguro rural - vem do governo federal, outra parte do estadual e uma terceira do produtor rural. “Dessa forma, o estado garante a sustentabilidade da produção e apoia a principal atividade e economia do país”.
Na reunião também foi pedido que o estado decrete situação de emergência devido a falta de chuva, o que daria amparo a possíveis negociações junto aos órgãos oficiais e instituições financeiras.
José Eliton, que responde pela Secretaria de Desenvolvimento, Econômico, Ciência e Agricultura, disse que vai elaborar meios e alternativas para mitigar os problemas decorrentes do veranico. “Resolvemos marcar essa reunião para discutir em conjunto com vocês (entidades presentes) alguns caminhos para solucionar essas adversidades do início deste ano”, explicou o secretário.
Na ocasião, José Mário Schreiner aproveitou para detalhar os problemas que a estiagem tem provocado em todo estado e reiterou que a situação é preocupante. “Em nossa reunião, vimos que os prejuízos decorrentes da seca pode chegar a R$ 1,2 bilhão. Mas sabemos que isso poderá se estender para outras áreas da nossa economia”, ressaltou. José Mário também comentou sobre a importância da subvenção do seguro rural como meio de dar mais garantias aos produtores rurais.
O superintendente executivo da Secretaria de Agricultura e Pecuária de Goiás (Seagro), Antônio Flávio Camilo de Lima, lembrou a situação vivenciada pelos produtores no início do ano passado, quando a estiagem também afetou consideravelmente a produção goiana. “Hoje (2), por exemplo, era para estar chovendo, mas não está acontecendo isso. Se a situação continuar desta maneira, vamos ter sérios problemas”, ressaltou Antônio Flávio. Bartolomeu Braz também aproveitou a situação para explicitar a situação do produtor diante das dificuldades do início do ano. “O produtor está sem saber o que fazer. Devemos procurar alternativas que possam auxiliar na condução do problema”, sugeriu.
No final da reunião, José Eliton ressaltou que ainda deve ser analisado as questões referentes ao seguro rural e à irrigação no Estado para que não haja problemas semelhantes nos próximos anos. “Devemos analisar a possibilidade do Estado de emergência e o seguro rural antes do nosso encontro com a ministra da Agricultura - Kátia Abreu. Algumas medidas já estão sendo levadas em consideração, uma vez que essa situação pode afetar diretamente o PIB – Produto Interno Bruto – e as balanças do Estado”, lembrou o vice-governador.