Michelle Rabelo
Depois de lançado nacionalmente, o Plano Agrícola e Pecuário 2015/16 foi divulgado em Goiânia na tarde desta quarta-feira (24), quando produtores, presidentes de Sindicatos Rurais (SRs) e representantes do agro se reuniram para saber mais sobre o investimento do governo federal no setor que tem impulsionado a economia do país. O local escolhido para a divulgação foi a sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), onde a ministra da Agricultura e Pecuária, Kátia Abreu foi recebida pelo presidente da entidade, José Mário Schreiner.
O lançamento oficial foi realizado em Brasília, no último dia 2 de junho, com a presença da presidente Dilma Rousseff e agora a ministra percorre alguns estados do país para um lançamento regional. Em Goiânia, a ministra fez questão de ratificar a ótima repercussão do lançamento do documento por parte dos produtores rurais. “Todos estavam esperando o pior. Tem gente que ainda associa ajuste fiscal a um corte total e acreditava em uma perda imensurável para o setor. O que presenciamos foi um aumento de 20% dos recursos. Apenas na área dos juros controlados nós aumentamos R$ 6,5 bilhões, além do limite do produtor que cresceu 8% para cobri-lo na questão da inflação e do aumento dos custos”, explica.
Para 2015/16, a cifra disponibilizada pelo Plano Safra cresceu 20,2% se comparada com o valor de 2014/15. As taxas de juros ficaram entre 7,75 e 8,75% e o volume de recursos foi de R$ 187,7 bilhões, sendo R$ 94,5 bilhões destinados ao financiamento de custeio a juros controlados. Na época da divulgação, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, afirmou que o Plano não havia trazido grandes novidades, mas que “o total do valor disponibilizado para custeio, investimento e comercialização da agricultura familiar ao longo da temporada, não poderia vir em melhor hora, visto que o país passa por uma ferrenha crise econômica”.
Na tarde desta quarta-feira (24), Schreiner voltou a avaliar a liberação dos recursos como necessária. “O governo federal está atento e segue olhando com uma atenção muito especial para o setor agropecuário. Outros setores tiveram uma redução de recursos. Estamos na contramão e isso é ótimo”. O presidente do SR de Britânia, Wagner Marchesi, compartilha da mesma opinião. “Recebemos esse anúncio com muito otimismo. Ao que tudo indica o Mapa está, finalmente, sendo reconhecido como merece. A verba é fundamental para o bem estar do homem do campo. Quando o produtor vai bem, o Brasil vai bem”.
A barreira chamada burocracia
Assim como José Mário destacou assim que o documento foi oficialmente divulgado, a ministra Kátia Abreu apontou a burocracia como grande barreira do Plano Safra. Schreiner alegou que uma das principais preocupações da Faeg é fazer com que a verba chegue às mãos do produtor em tempo hábil.
Financiamento de custeio
O presidente da Faeg voltou a destacar a quantidade dos recursos liberados, dentro de uma realidade na qual o crédito privado está cada vez mais escasso. Além disso, seu acesso cada vez mais burocrático. De acordo com o anúncio, para um montante de R$ 94,5 bilhões, destinado ao financiamento de custeio a juros controlados, a taxa ficou em R$ 8,75% ao ano. “A princípio, o percentual é alto, mas só poderemos analisar, de fato, diante do comportamento futuro do setor financeiro. Minha preocupação é uma nova retração econômica, já que, assim, a taxa pode se tornar penosa para o produtor”, pontuou Schreiner.
Seguro Rural
Sobre o Seguro Rural – também apontado como grande preocupação do setor – o Plano Agrícola definiu a criação do Sistema Integrado de Informações do Seguro Rural (SIS-Rural) e a formação de grupos de produtores para negociação com as seguradoras. Goiás e Paraná serão os primeiros estados a testarem o modelo. Os produtores irão se organizar em grupos e assim serão atendidos pelas segurados, negociando diretamente o nível de cobertura e o valor de Prêmio. Nesta quarta-feira (24) a ministra destacou a intenção do Mapa no que se refere à mudança no modelo do Seguro Rural.
Para Schreiner, Goiás se destaca no que se refere à necessidade de um novo modelo de Seguro Rural, devido a duas secas consecutivas, acompanhadas pela frustração das respectivas safras e da não liberação do pré-custeio, que tirou o sono dos produtores. Ele faz questão de destacar a importância do anúncio diante da retração de crédito e da elevação de juros. “Hoje tivemos, mais uma vez, a confirmação de que a agropecuária é uma mola propulsora na economia brasileira”.
Plano Safra 2014/15
Nacionalmente, o último Plano Agrícola e Pecuário 2014/15 teve um volume programado de R$ 156 bilhões com R$ 119 bilhões de custeio e comercialização além de investimento na casa dos R$ 44 bilhões. Deste valor programado, o valor aplicado entre julho de 2014 e maio de 2015 foi de R$ 137 bilhões (87% do programado) com R$ 91,9 bilhões de reais (77% do total do programado) para custeio/comercialização e R$ 45 bilhões (103% do total programado) para investimentos.
Em Goiás, de janeiro a dezembro de 2014 o volume total de recursos contratados somou R$ 13,9 bilhões (8,3% do total Brasil) com R$ 7,6 bilhões (8,6% do total Brasil) para custeio; R$ 4,2 bilhões (7,8% do total Brasil) para investimento e R$ 2,1 bilhões (8,5% do total Brasil) de comercialização.
No período de vigência do Plano Safra 14/15, Goiás teve um total de recursos contratados na casa dos R$ 11,09 bilhões com R$ 5,6 bilhões (custeio), R$ 3,64 bilhões (investimento) e R$ 1,76 bilhões (comercialização). Os dados são do Banco Central e o último fechamento foi em maio deste ano.