Nayara Pereira
Pecuaristas, produtores e representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (Sgpa), se reuniram com representantes do Grupo JJZ, para discutir soluções e ouvir proposta do Plano de Recuperação Judicial, solicitado pelo grupo diante de uma dívida de mais de R$ 14 milhões destinadas aos credores pecuaristas goianos. As soluções de quitação apresentadas, gerou insatisfação entre os presentes e em maioria absoluta, recusaram o plano apresentado.
De acordo com o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Faeg, Maurício Velloso, a proposta está muito aquém da capacidade de pagamento do frigorífico, distante da realidade e da conveniência dos credores. “A Faeg acredita na possibilidade de sucesso dessa negociação, mas é imprescindível a absoluta coesão entre os credores para o sucesso da negociação. Ou seja, união de todos será fundamental para o desenrolar desse processo”, destacou.
Velloso também destacou a necessidade dos pecuaristas não abrirem mão da sua dívida, e alerta, para fornecerem animais sempre à vista. “A nossa principal orientação é que os pecuaristas se mantenham sempre informados sobre as negociações com os frigoríficos, consultando sobre a sua saúde financeira e histórico de conduta de pagamentos das empresas. Realizando sempre suas vendas à vista e parcelando os lotes comercializados condicionando a eventual próxima entrega ao pagamento da carga anterior ”, orientou.
Para o Grupo JJZ, a intenção é criar um canal de comunicação com os credores para discutirem as propostas apresentadas pela empresa e pelos pecuaristas. “Estamos dispostos a verificar essas propostas apresentadas, mas precisamos analisar e chegar em um caminho possível para que todos saem bem”, afirmou Andrei Cota, representante do grupo. Segundo ele, todo o balanço da empresa e seu sistema de operação, estão à disposição dos interessados e que tudo está sendo feito de forma transparente.
Presente na reunião, a pecuarista Nilma Couto Santos, que integra a lista de credores do JJZ, alerta para a importância da participação de todos. “Todas as decisões tomadas aqui e em novos encontros, determinarão o desenrolar desse processo. São decisões que, com toda certeza, mudarão o rumo das nossas vidas. Mas é preciso estarmos unidos”, completou.
Situação
O grupo, que é composto pelas empresas: JJZ Participações S/A, Alimentos S/A, Peixe Brasil Indústria, Comércio e Exportação de Pescados Ltda. e HC Empreendimentos Ltda., possui um montante em aberto, que ultrapassa os R$ 39 milhões e diz respeito a acertos trabalhistas, dívidas quirografárias (grupo que engloba os produtores rurais) e saldos que devem ser quitados junto às microempresas.
O pedido de recuperação judicial foi feito, junto à 1ª Vara Cível da Comarca de Goianira, no último dia 24 de junho e diz respeito às dívidas com bancos, fundos de investimentos e fornecedores. Ou seja, é um aviso oficial de que a empresa atravessa uma crise financeira e que não possui condições de arcar com as dívidas, sem uma negociação especial. No dia 25 a juíza, Ângela Cristina Leão, aceitou o pedido e concedeu ao grupo um prazo de 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, informando aos credores como as dívidas serão pagas, em qual prazo e como fará isso.