Gilmara Roberto
A trafegabilidade de embarcações na hidrovia Tietê-Paraná foi tema de audiência realizada nesta quarta-feira (21/05) entre o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, e o governador Marconi Perillo, entre outras autoridades. Representantes de entidades solicitaram apoio do Governo de Goiás para a intervenção junto aos órgãos competentes por medidas que devolvam à hidrovia suas plenas capacidades de transporte.
Anualmente, a hidrovia transporta cerca de 6 milhões de toneladas de produtos. Este ano, porém, o transporte de materiais já foi reduzido em 40% em relação aos primeiros meses de 2013. Isso porque, como baixos níveis de águas, as embarcações precisam trafegar mais leves, com menos carga. O problema se agrava com a retenção de água nas usinas Três Irmãos e Ilha Solteira, em São Paulo, para a produção de energia. “O transporte de cargas pela Hidrovia Tietê-Paraná está quase parando. Se os produtos não descem pelo rio, têm de ser transportados por caminhões e o custo da produção vai às alturas. O que aumenta ainda mais os custos que já são bastante elevados”, lamentou o presidente José Mário.
O consultor da Caramuru Alimentos, Joaquim Carlos Riva, explicou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou nota no último dia 16 de maio determinando que o calado mínimo – distância mínima entre o ponto mais profundo do navio e o nível da água na embarcação – passou de 2,2 metros para 1,7 metros. Considerando que o ideal seria 2,7 metros, a nova medida inviabiliza o tráfego das embarcações, que já estava operando em 60% de sua capacidade. “Ou começamos a operar já, ou vamos perder o ano”, alertou Riva.
Entre as medidas solicitadas estão o aumento da medida do calado mínimo e a liberação 4,8% das águas retidas nos reservatórios integrados da Ilha Solteira e Três Irmãos. “Daremos prioridade a essa demanda”, declarou Marconi Perillo. O governador se comprometeu a intervir junto à ONS e à Agência Nacional de Águas (ANA) em busca de alternativas para o problema.
Também participaram da reunião os presidentes da Caramuru Alimentos, Alberto Borges de Sousa, da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira, e da Associação Pró-desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), César Helou, entre outras autoridades.
Transporte
A hidrovia Tietê-Paraná atravessa cinco estados brasileiros e possui cerca de 2,4 mil quilômetros de extensão. Com vias navegáveis em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Parará – ligadas ainda ao sul do Paraguai – a hidrovia é a maior do Mercosul. Dessas localidades, as embarcações transportam principalmente soja e derivados, milho, celulose, madeira e açúcar para o porto de Santos (SP).