Em tempos de turbulência, com o mercado alternando-se entre altas e movimentos súbitos de baixa, a advertência do produtor e presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Maurício Velloso, torna-se mais oportuna ainda. Mesmo em ambientes nada amigáveis, a possibilidade de extrair ganhos da atividade não deve e nem pode ser deixada de lado, especialmente quando essa uma parcela considerável daquela possibilidade está nas mãos do pecuarista. A ideia central é fornecer ao frigorífico uma carne com a mesma qualidade que ele, como consumidor, gostaria de encontrar nos açougues.
“O segredo é nunca deixar o animal passar necessidade”, afirma. Os cuidados com o animal começam ainda na barriga da mãe, com nutrição e manejo adequados. Isso permitirá a gestação de um animal que terá potencial para ganhar peso rapidamente, reduzindo o tempo de abate, e oferecer melhor acabamento de carcaça. A mudança tem que começar dentro das propriedades, afirma ele, baseado em sua própria experiência.
Velloso explora a pecuária de corte e de leite em três fazendas em Porangatu e Santa Teresa, no norte goiano, somando perto de 1,2 mil hectares de pastos, com plantel aproximado de 2,0 mil animais de corte e 300 cabeças dedicadas à produção de leite, das quais em torno de 120 a 130 em lactação. Em média, ele abate ao redor de 600 a 800 animais por ano e, nos últimos cinco a seis anos, tem se dedicado mais à terminação a pasto de uma parte dos bovinos destinados a abate, com complementação de concentrado no cocho. “Não deixo uma quantidade grande de animais para terminar na seca. Na maioria, eles são terminados a pasto durante o período das águas. Neste ano, reservei 180 cabeças para o confinamento a pasto”, diz ele.
Nem só genética
Velloso compra bezerros e touros sempre de rebanhos provados, mas também produz bezerros para recria e engorda com uso de inseminação artificial a tempo fixo (IATF). Além da boa técnica e da escolha de animais de qualidade superior, o pecuarista está atento à alimentação e ao manejo de forma a permitir que aos animais "expressem essa boa genética". Para isso, a preocupação primordial é com a qualidade da pastagem."O principal fator da boa pecuária está em tratar de conseguir que o capim seja colhido no momento certo”, afirma o pecuarista, lembrando que a "pecuária é uma modalidade de agricultura onde a colheitadeira tem quatro patas e muge”.
Texto: Lauro Veiga Filho
Foto: Fredox Carvalho