Juliana Barros
Com o intuito de discutir, planejar e estruturar o setor de Silvicultura no estado a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), em parceria com Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), recebeu na sexta-feira (14), o Dia de Mercado – Silvicultura, abordando as seguintes temáticas: a contextualização sobre o Projeto Campo Futuro; Diagnóstico Florestal; Análise de Custos e Produção; Importância deste setor para a diversificação rural; Prospecção do setor de florestas plantadas. O encontro contou a presença de especialistas da CNA, Embrapa, Sebrae e Faeg.
O presidente da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da CNA, Walter Rezende, explica que Goiás tem um grande potencial com grande extensão territorial. Prova disso, é que a CNA em parceria com a Embrapa, realizou uma pesquisa para mapear o setor. Para ele, o estudo foi importante para identificar os gargalos e elaborar políticas públicas.“É necessário concentrar esforços para o setor de produção de plantio de madeiras. Nosso mercado é bom, mas ainda não temos uma indústria de celulose ou uma termoelétrica”, pontuou Walter.
Para José Mário Schreiner, presidente da Faeg e vice-presidente da CNA, encontros como estes são substancialmente importantes para que os silvicultores se capacitem e estejam mais bem preparados para enfrentarem as adversidades dos seus negócios, reduzindo os riscos e melhorando o gerenciamento de sua empresa rural. “As discussões em alto nível auxiliam no desenvolvimento sustentável do setor por meio de inovações”, ressaltou.
Goiás em destaque
Durante o encontro, Walter explicou que é necessário andar lado a lado com o governo, cobrando cada vez mais investimentos para este setor. Na ocasião, ele relembrou que recentemente o presidente Temer assinou a ratificação do acordo de Paris, que prevê a redução na emissão dos gases do efeito estufa por parte dos países signatários. Temer disse que no Brasil, a preservação do meio ambiente é uma política de Estado e deve estar presente no programa de todos os governos.
Sobre esta recente argumentação do governo federal, Rezende acredita que a silvicultura seguirá novos rumos. “Tenho andado por todo Brasil e as terras estão valorizadas. A atividade vai bem, mas precisamos de uma política pública que valorize este mercado. Queremos fomentar esta cultura, atrair mais empresas, melhorar o custo de produção. A intenção é atrair para Goiás uma fábrica de celulose e biomassa”, argumentou.
Novos Investimentos
Camila Braga, assessora técnica da Comissão Nacional de Silvicultura e Agrossilvicultura da CNA, compartilha da mesma expectativa do presidente. Ela explica que para o fortalecimento da silvicultura, a CNA criou o Projeto “Campo Futuro”, que incluí várias cadeias produtivas, entre elas a silvicultura. Especificamente neste cultivo, Camila esclarece que o projeto tem sido desenvolvido em todo Brasil, tendo em vista que a diversificação da renda e produção destas culturas são abrangentes em todo país. Para ela, o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas (Sebrae) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é uma maneira eficaz de propagar a silvicultura em Goiás.
“A participação da CNA neste evento é uma forma de agradecimento à Faeg, que tem articulado com grandes instituições, Sebrae e Embrapa, encontros como estes. Estivemos pela primeira vez em Goiás, avaliando a cultura da seringueira e eucalipto e identificamos que elas estão em expansão. A ideia é avaliar os custos de produção, gerando indicadores para um melhor controle destas culturas”, sinalizou Camila.
Diagnóstico Florestal
Como prova deste avanço, Cristiane Fioravante Reis, pesquisadora da Embrapa Florestas (PR), explanou durante o encontro sobre o enorme potencial de expansão do setor de florestas plantadas, e a seringueira no estado de Goiás. Ela explica que o estado certamente terá destaque neste cenário, já que a produtividade dos plantios de seringueira em Goiás está acima da média nacional e pode chegar ao dobro da média mundial. “Enquanto a produtividade média no mundo é de aproximadamente uma tonelada de borracha seca por hectare, a brasileira é de 1,26 t/ha, e no Estado de Goiás a média é de 1,53 t/há”, explanou Cristiane.
Para Cristiane, apesar das condições ambientais favoráveis ao cultivo plantios florestais, essa atividade foi pouco desenvolvida durante anos por causa da distância das principais unidades industriais do setor de base florestal, situadas principalmente nas Regiões Sudeste e Sul. "No entanto, hoje, a Região Centro-Oeste se tornou um eixo estratégico para indústrias de muitos desses ramos e Goiás possui características potenciais para fazer parte desse circuito", finalizou a pesquisadora.