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Mercado de aluguel de máquinas agrícolas apresenta boas opções para pequenos e médios produtores

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Sindicatos rurais têm investido na prestação de serviços para oferecer benefícios econômicos aos agricultores goianos

Foi-se o tempo da enxada. Agora é a era da inteligência artificial e da mecanização agrícola contratada por meio de novos modelos de negócios. Segundo relatório da consultoria Mordor Intelligence, o mercado de aluguel de equipamentos agrícolas mundial está avaliado em US$ 46,72 bilhões e deverá registrar uma taxa de crescimento médio anual de investimento (CAGR) acima de 7%, durante o período de 2024-2029. O estudo aponta que a locação de máquinas agrícolas (com ou sem operador) e o arrendamento mercantil ou leasing financeiro (com opção de compra destes equipamentos) serão uma tendência nos próximos cinco anos.

A pesquisa indica que a região conhecida como Ásia-Pacífico (parte do mundo próxima ao Oceano Pacífico Ocidental) domina o mercado de aluguel de equipamentos agrícolas devido à crescente demanda por tratores e equipamentos agrícolas, como colheitadeiras, pulverizadores e equipamentos de debulha para fins de aluguel. Lá, os pequenos agricultores que plantam em países como a Índia (nação mais populosa do planeta) precisam de ajuda financeira para comprar tratores. Para solucionar o impasse (falta renda para aquisição de máquinas e necessidade de produzir alimentos em volume) um programa semelhante ao Uber está se expandindo gradativamente no País e vem possibilitando que agricultores tenham acesso temporário aos tratores demandados.

É o advento das FaaS - Farming as a Service, soluções digitais focadas na utilização de serviços agrícolas por meio de uma assinatura (semestral/anual), contrato ou do pagamento eventual por uso dos mesmos. A Mordor Intelligence aponta que novos players entraram no mercado de aluguel de máquinas pós-Covid-19, entre eles a startup “FarmKart” com a plataforma “rent4farm”. A Farmkart oferece equipamentos agrícolas e aluguel de tratores na Índia. Para os especialistas, a necessidade de baixar custos com a mecanização nas lavouras não se restringe apenas à Índia, eles destacam que há uma tendência entre agricultores de pequena e média escala em busca de novas alternativas.

Uber de máquinas

No Brasil, essa vertente começa a prosperar. Os agricultores estão investindo em novas ferramentas para reduzir custos com aquisição de máquinas e implementos para o trabalho no campo. Os empreendedores acreditam que, em breve, o exemplo de sucesso da maior transportadora de gado do país – a “Uboi” [ou uber do boi] deve alcançar a locação de máquinas. Nos últimos quatro anos, a “Uboi” ou @uboioficial cresceu exponencialmente. Hoje a empresa conta com 40 mil colaboradores, 17 centros de distribuição, 37 unidades de processamento bovino, seis confinamentos e sete unidades de preparados. Atualmente, a empresa oferece transporte de gado com segurança e qualidade, em mais de 15 estados brasileiros.

Presente na Agrishow 2024, durante a 29º Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, realizada em Ribeirão Preto, de 29 de abril a 3 de maio, o gerente de contas corporativas da LS Máquinas, Sérgio Rezende, concedeu uma entrevista ao portal Notícias Agrícolas, apontando porque a locação de máquinas deve se popularizar nos próximos anos. Dentre as vantagens destacadas pelo executivo está a viabilidade financeira.

Segundo Sérgio, 33% do custo pago na locação pode ser recuperado pelo produtor rural quando sua empresa está enquadrada em lucro real, ao passo que a compra do novo equipamento gera pagamento de imposto, porque o novo equipamento é declarado como bem.

“Na locação por contrato, todo o custo de manutenção do maquinário é absorvido na parcela mensal de locação”, diz. “Nessa nova modalidade de contrato o bem locado fica disponível pelo período, com todas as revisões. Trata-se de um contrato com prazo, tipo de operação, o volume total de horas e tudo é calculado com base no valor da máquina”, explica. Em entrevista ao Portal Notícias Agrícolas, ele destaca que a locação garante comodidade porque o setor tem sazonalidade e o uso da máquina oscila de 30% ao ano. “Hoje, o produtor loca só a máquina, a máquina com o operador para o serviço e/ ou a máquina com pneus”.

De acordo com ele, o mercado acena com a entrada significativa de fabricantes de equipamentos agrícolas na indústria de aluguel. No Brasil, temos também a Unidas, locadora de veículos, começando a atuar no mercado de terceirização com veículos pesados, visando atender especificamente a agricultura.

Locação de máquinas

Em Goiás, o Sistema Faeg/Senar está empreendendo novas janelas de oportunidade para facilitar a vida do produtor, através da prestação de serviços de aluguel de máquinas e implementos agrícolas pelos Sindicatos Rurais goianos.

O gerente de Relacionamento Institucional do Senar Goiás, Thiago Rodrigues, explica que essa prestação de serviços é uma estratégia eficiente para fortalecer tanto os produtores rurais quanto as próprias entidades sindicais, pois gera capilaridade da entidade e benefícios econômicos, sociais e ambientais para toda a região. Ele complementa que além de oferecer comodidade ao produtor rural, o aluguel representa uma janela de oportunidade para o Sindicato.

“O Sindicato Rural consegue atender a região e, diferente de uma startup que precisa ter escala para atender um Estado inteiro, uma região do país, o Sindicato não tem essa capacidade por conta dos custos com frete, então – ele reduz o ônus ao produtor, na logística, no frete, e o Sindicato Rural fortalece a sua capilaridade junto aos produtores rurais localmente”, argumenta Thiago.

O gerente reforça que a prestação de serviços com máquinas e implementos agrícolas pelos Sindicatos Rurais goianos possui uma importância crucial. “É uma virada de chave na atuação desses sindicatos, porque fortalece a representatividade oferecendo serviços relevantes. O Sindicato Rural fortalece sua posição como representante legítimo dos interesses dos produtores, aumentando sua capacidade de negociação, além da influência política”, acrescenta.

Ele explica as vantagens: “Você tem um aumento da produtividade regionalizada, uma redução dos custos de frete e o produtor reduz seus custos, aumentando o elo com o Sindicato Rural”. Esse impacto social e econômico contribui para aumento dessa produtividade de renda dos produtores rurais, portanto, o sindicato gera um impacto positivo na economia local e regional, fortalecendo o setor, promovendo o desenvolvimento sustentável e perpetuando a sua atuação.

Desde dezembro de 2023, o Sindicato Rural de Alexânia, está oferecendo aos seus associados o serviço de locação de um trator com grade de quatro linhas, uma plantadeira de três linhas e niveladora e ensiladeira com triturador, disponibilizados para locação com operador treinado e valor competitivo. De acordo com Tatiany Farias, colaboradora administrativa do Sindicato, o maquinário e os implementos ficam disponíveis para locação o ano todo. “Está dando super certo. O intuito é facilitar a vida do produtor. Então, nós organizamos toda a logística e contratamos o operador para o período e o serviço solicitado”, afirma Tatiany. Quanto ao valor, ela explica que, como o foco do Sindicato é aumentar o volume de associados, o valor ofertado ao produtor é bastante competitivo. “É bem mais barato do que o valor cobrado na praça.” Para ter acesso basta contatar o WhatsApp do Sindicato - 62 3336-3926. O Sindicato Rural de Alexânia disponibiliza o serviço na região próxima aos municípios de Alexânia e Corumbá. O gerente Sindical, Thiago Rodrigues, ressalta que o Sindicato Rural de Caiapônia também fornece essa comodidade aos seus associados.

Tendências

Conforme especialistas, nos próximos cinco anos, muitos produtores rurais vão migrar para o setor de locação e operação de maquinários, trabalhando com prestação de serviços do plantio à colheita de forma digital, tudo a um clique do locatário. Na opinião destes consultores, a locação de tratores de alta potência, especialmente aqueles acima de 40 cavalos (HP), ou seja, tratores utilitários e tratores para culturas em linha, de mercados maduros, não será uma realidade comum apenas na Europa e América do Norte. Eles frisam que, cada vez mais, os fabricantes e os produtores despertam para o potencial deste mercado.

O estudo da Mordor Intelligence cita que em março de 2022, Mahindra e Mahindra, empresa de automóveis vinda da Índia, adquiriu uma participação de 69% na Carnot Technologies, o desenvolvedor por trás do aplicativo Krish. A Carnot Technologies inclui mais de 25.000 tratores, colheitadeiras e pulverizadores trabalhando em mais de 3 milhões de alqueires de terra a cada temporada. Em maio de 2021, a Tractors and Farm Equipment (TAFE), um importante fabricante de tratores na Índia, ofereceu 16.500 tratores e 26.800 implementos em regime de aluguel gratuito para pequenos agricultores em Tamil Nadu, que é o estado mais urbanizado da Índia. Segundo o grupo, o mercado sinaliza que a locação de máquinas é uma alternativa competitiva para o produtor, para as empresas e para novos empreendedores que saibam utilizar a tecnologia a favor dos pequenos e médios produtores.

Startup conecta produtor ao proprietário da máquina e operador

Recentemente, um grupo de universitários participou da 8º edição do Desafio Agro Startup, promovido pelo Sistema Faeg/Senar e o Sebrae Goiás, quando apresentou o Projeto Agroer. Trata-se de um aplicativo que visa conectar o produtor rural aos prestadores de serviço, como proprietário de máquina e operador. Segundo os criadores da solução, no aplicativo da Agroer, o produtor vai colocar suas necessidades na plataforma e o sistema buscará a melhor máquina se baseando na melhor logística do prestador (proprietário da máquina e/ou operador) para atender a demanda. Marcus e Maycon, desenvolvedores da Agroer, informam que o serviço será totalmente automatizado e neste aplicativo o produtor também poderá contratar o operador especializado para o serviço contratado e o modelo da máquina que irá o operar. “Nosso sistema oferecerá um banco de dados com logística eficiente (maquinário) e agilidade em encontrar mão de obra qualificada”, destaca.

A solução projetada pelos universitários pode facilitar a vida de empreendedores como Hamilton Barros, que tem colheitadeiras e presta serviço na colheita de soja e milho na região de Caiapônia. Hamilton diz que não é um trabalho fácil, porque as peças para manter as máquinas em perfeitas condições de uso são caras. “Comprar máquina é muito caro. Então, hoje, o produtor está locando mais e paga por hectare colhido. Ele prefere já locar a máquina com operador, frete e pneu tudo incluso”, diz Hamilton. O locador diz que o volume da locação sobe a cada safra porque o produtor não quer deixar investimento parado e as máquinas são caras.

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